13/07/07


FUI...!!!

(estarei de volta em meados de agosto)
António Barreto faz o retrato de Sócrates

Magistralmente explicado por António Barreto, o perfil ditatorial do actual Primeiro Ministro.

A saída de António Costa para a Câmara de Lisboa pode ser interpretada de muitas maneiras. Mas, se as intenções podem ser interessantes, os resultados é que contam.
Entre estes, está o facto de o candidato à Autarquia se ter afastado do Governo e do Partido, o que deixa Sócrates praticamente sozinho à frente de um e de outro. Único senhor a bordo tem um mestre e uma inspiração. Com Guterres, o primeiro ministro aprendeu a ambição pessoal, mas, contra ele, percebeu que a indecisão pode ser fatal.
A ponto de, com zelo, se exceder: prefere decidir mal, mas rapidamente, do que adiar para estudar. Em Cavaco, colheu o desdém pelo seu partido. Com os dois e com a sua própria intuição autoritária, compreendeu que se pode governar sem políticos.
Onde estão os políticos socialistas? Aqueles que conhecemos, cujas ideias pesaram alguma coisa e que são responsáveis pelo seu passado? Uns saneados, outros afastados. Uns reformaram-se da política, outros foram encostados. Uns foram promovidos ao céu, outros mudaram de profissão. Uns foram viajar, outros ganhar dinheiro. Uns desapareceram sem deixar vestígios, outros estão empregados nas empresas que dependem do Governo. Manuel Alegre resiste, mas já não conta.
Medeiros Ferreira ensina e escreve. Jaime Gama preside sem poderes. João Cravinho emigrou. Jorge Coelho está a milhas de distância e vai dizendo, sem convicção, que o socialismo ainda existe. António Vitorino, eterno desejado, exerce a sua profissão.
Almeida Santos justifica tudo. Freitas do Amaral reformou-se. Alberto Martins apagou-se. Mário Soares ocupa-se da globalização. Carlos César limitou-se definitivamente aos Açores. João Soares espera. Helena Roseta foi à sua vida independente.
Os grandes autarcas do partido estão reduzidos à insignificância. O Grupo Parlamentar parece um jardim-escola sedado. Os sindicalistas quase não existem. O actual pensamento dos socialistas resume-se a uma lengalenga pragmática, justificativa e repetitiva sobre a inevitabilidade do governo e da luta contra o défice. O ideário contemporâneo dos socialistas portugueses é mais silencioso do que a meditação budista. Ainda por cima, Sócrates percebeu depressa que nunca o sentimento público esteve, como hoje, tão adverso e tão farto da política e dos políticos. Sem hesitar, apanhou a onda.
Desengane-se quem pensa que as gafes dos ministros incomodam Sócrates. Não mais do que picadas de mosquito. As gafes entretêm a opinião, mobilizam a imprensa, distraem a oposição e ocupam o Parlamento. Mas nada de essencial está em causa. Os disparates de Manuel Pinho fazem rir toda a gente. As tontarias e a prestidigitação estatística de Mário Lino são pura diversão. E não se pense que a irrelevância da maior parte dos ministros, que nada têm a dizer para além dos seus assuntos técnicos, perturba o primeiro-ministro. É assim que ele os quer, como se fossem directores-gerais.
Só o problema da Universidade Independente e dos seus diplomas o incomodou realmente. Mas tratava-se, politicamente, de questão menos. Percebeu que as suas fragilidades podiam ser expostas e que nem tudo estava sob controlo. Mas nada de semelhante se repetirá.
O estilo de Sócrates consolida-se. Autoritário. Crispado. Despótico. Irritado. Enervado.
Detesta ser contrariado. Não admite perguntas que não estavam previstas. Pretende saber, sobre as pessoas, o que há para saber. Deseja ter tudo quanto vive sob controlo.
Tem os seus sermões preparados todos os dias. Só ele faz política, ajudado por uma máquina poderosa de recolha de informações, de manipulação da imprensa, de propaganda e de encenação.
O verdadeiro Sócrates está presente nos novos bilhetes de identidade, nas tentativas de Augusto Santos Silva de tutelar a imprensa livre, na teimosia descabelada de Mário Lino, na concentração das polícias sob seu mando e no processo que o Ministério da Educação abriu contra um funcionário que se exprimiu em privado.
O estilo de Sócrates está vivo, por inteiro, no ambiente que se vive, feito já de medo e apreensão. A austeridade administrativa e orçamental ameaça a tranquilidade de cidadãos que sentem que a sua liberdade de expressão pode ser onerosa. A imprensa sabe o que tem de pagar para aceder à informação. As empresas conhecem as iras do Governo e fazem as contas ao que têm de fazer para ter acesso aos fundos e às autorizações.
Sem partido que o incomode, sem ministros politicamente competentes e sem oposição à altura, Sócrates trata de si. Rodeado de adjuntos dispostos a tudo e com a benevolência de alguns interesses económicos, Sócrates governa. Com uma maioria dócil, uma oposição desorientada e um rol de secretários de Estado zelosos, ocupa eficientemente, como nunca nas últimas décadas, a Administração Pública e os cargos dirigentes do Estado. Nomeia e saneia a bel-prazer.
Há quem diga que o vamos ter durante mais uns anos. É possível. Mas não é boa notícia. É sinal da impotência da oposição. De incompetência da sociedade. De fraqueza das organizações. E da falta de carinho dos portugueses pela liberdade.

Sócrates o ditador
por António Barreto
Foto: Chris Henry

... Hoje
Eu penso-te!

(e ainda ouço a tua voz a dizer para parar,
num tom revelador do desejo que continuasse...)
...
Pois não te tendo,
Pensar-te
...

É sentir tudo!

Mesmo não tendo nada!

- Brain -
Foto: Torsten Brandt

SONHO

Adormeço
E encontro teus olhos
Naquele mesmo lugar dos sonhos
Que minha memória inventou.

Estendo minha mão
E toco tua sombra
Com as pontas dos dedos.

Dançamos a música inaudível
Como nas fotografias
Amanheço
E afago teu corpo ausente.

- Eliana Teixeira -
Se....

eu fosse um continente, eu seria.... África!

12/07/07

Uma pergunta

Desde quando é que se discute a estratégia de uma empresa em público e não dentro da própria empresa com os seus funcionário???

Pois, é demasiado mau para ser verdade...!
Nunca ouvi tanto disparate junto em tão pouco tempo. De tal maneira que estamos a pensar seriamente em nos juntarmos e termos uma conversa com quem de direito!!!
Vamos ver o que daqui vai sair...
Os últimos dois meses não foram fáceis, nem tranquilos, no que diz respeito ao trabalho - por aqui atravessámos uma fase má, de despedimentos, e é sempre difícil ver partir colegas e amigos de tantos anos - e a minha vida pessoal também levou um "abanão" forte e complicado de ultrapassar.
De há uns dias para cá estou a viver uma tranquilidade deliciosa.
Sinto-me bem comigo e com o mundo, estou confiante, e na verdade ainda não consegui compreender o que aconteceu para, de um momento para o outro, me sentir assim.
Mas também não é importante descobrir o motivo, o porquê, o responsável. Não quero saber!
Importa sim saborear e aproveitar esta fase tão serena que estou a atravessar, até porque não sei o tempo que ela irá durar.
Bom dia.
... Mas lembro

e sinto ainda

qualquer memória

fixa e corpórea

onde pousaste

a mão.....


- Fernando Pessoa -
Se....

eu fosse um lugar, eu seria.... a Serra da Arrábida!

11/07/07

Foto: Paulo Marx

Mulheres vestidas de branco me fazem chorar,
Vestidas de mel me adoçam o olhar
E vestidas com vinho me fazem corar.
Extraído das uvas, femininas formas naturais, natural bebida é o vinho!
Bebida que encanta como as mulheres,
que embriaga como as mulheres,
e nos põe a sonhar ... como as mulheres!!!

- Agilson Gavioli -
Foto: UliB.

..... estive tão longe de ti

mas deixa que agora...

... traga para dentro de mim
o aroma que era o teu corpo nas manhãs a dois...
- Vasco Rato -
Se....

eu fosse um animal, eu seria.... um gato!

10/07/07

Foto: Nanã Sousa Dias

... Deixa-me dos teus poderes

sómente um rumor ou um aroma,

... perenes e secretos...

e depois derrota-me na arena

dos teus braços...


- José Jorge Letria -
Foto: Tommy L. Edwards

I
"Agora já é tarde. Quero silêncio. Queria silêncio. A distância. As saudades. Já esqueceste?"

II
"O silêncio que deixaste instalado no canto do sofá, sufoca-me!"

III
"Esta pequena janela, por ti feita ternura, está agora inerte, silenciosa, embaciada..."

IV
"Ai!Este silêncio onde agora me deito. Mortalha antecipada."

V
"De dentes cerrados passo as horas doridas de tanto silêncio."

VI
"Quando o silêncio se instala de casa cheia, ou dormimos ou estamos mortos."

VII
"Ao meu lado, ouço apenas o eco do meu próprio silêncio."

VIII
"Esse maldito silêncio descansa aos meus pés como um cachorro velho."

IX
"Silencio-me no turbilhão das minhas ideias."

X
"Hoje acordei sem silêncio no peito. Deixei queimar a pele no duche para me certificar que existia."

XI
"Há o silêncio bom e o mau. O que vem após um suspiro de prazer ou um grito de raiva."

XII
"E que tal uns tampões de cera nos ouvidos. É um barulho ensurdecedor!"

XIII
"Onde estás?... Não deixes que o silêncio se instale nos nós dos dedos, ao canto da boca, no fundo dos olhos, nos cabelos, no peito, no colo..."

XIV
"O silêncio não existe. Ou melhor, existe antes e depois de nós!"



- Olga Roriz in "Um Minuto de Silêncio" -
Se....

eu fosse uma hora do dia, eu seria.... o nascer do sol, de domingo passado...!

09/07/07

É já para a semana que vou de férias. Estou a precisar urgentemente de sair daqui, pois estes últimos dois meses não foram nada fáceis. Foram mesmo muito complicados e com um grande desgaste emocional.
Estarei por cá uns dias e depois vou até à Turquia!! Com quem...?? Claro que sim!!!
Isso mesmo, Turquia, água quente e praias óptimas.
Mas para ter isso, a esta hora ainda estou por aqui, pois o trabalho tem que ficar em dia.
Há pouco ligou-me o meu pequenino e diz-me ele:
- Bi, sabes que fui tratar da minha matricula e quando cheguei à escola estava afixado o "Quadro de Honra" com os nomes dos melhores alunos, e o meu nome está lá!
Fiquei ali uns segundos sem conseguir dizer absolutamente nada... Depois lá falei com ele e dei-lhe os parabéns.
O meu pequenino merece uma prenda! Ou melhor, os meus filhos, merecem uma prenda, sem dúvida!
A noite é uma pagina escrita onde há uma vírgula depois de cada letra, um ponto depois de cada palavra, uma exclamação no fim de cada frase.

Ao fim de cada período está o teu corpo, aberto num parêntese longo, que explica a súbita eclosão de auroras nocturnas...

- Albano Martins -
Se....

eu fosse um planeta, eu seria.... a lua!

07/07/07

Taj Mahal - India
Petra - Jordania

Machu Picchu - Perú
Grande Muralha da China

Coliseu de Roma - Itália

Chichén Itzá - México

Cristo Redentor - Rio de Janeiro

07 / 07 /07

AS NOVAS 7 MARAVILHAS DO MUNDO
Foto: Kellerman


Em nome


em nome da tua ausência

construí com loucura uma grande casa branca

e ao longo das paredes te chorei...


- Sophia de Mello Breyner Andresen -
Se....
eu fosse um dia da semana, eu seria.... sábado!

06/07/07

E hoje, por aqui, houve mais um adeus! Mais lágrimas de despedida.
Aos poucos e poucos, cada vez somos menos...

Mas o trabalho continua. Quem cá fica, vai deitando a mão ao que os outros começaram mas não chegaram a acabar...
C'est la vie...!
Foto: Anna Simonja



Com os teus restos, com a tua música

faço amor...

... Mas nada me conforta

tu não existes e eu não sobrevivo.

- Teresa Balté -


LÁGRIMA

Lágrima por lágrima hei-de te cobrar
Todos os meus sonhos que tu carregaste, hás-de me pagar
A flor dos meus anos, meus olhos insanos de te esperar
Os meus sacrifícios, meus medos, meus vícios, hei-de te cobrar

Cada ruga que trouxer no rosto, cada verso triste que a dor me ensinar
Cada vez que no meu coração, morrer uma ilusão, hás-de me pagar
Toda festa que adiei, tesouros que entreguei, a imensidão do mar
As noites que encarei sem Deus, na cruz do teu adeus, hei-de te cobrar

A flor dos meus anos, meus olhos insanos, de te esperar
Os meus sacrifícios, meus medos, meus vícios, hei-de te cobrar
Cada ruga que eu trouxer no rosto, cada verso triste que a dor me ensinar
Cada vez que no meu coração morrer uma ilusão , hás-de me pagar
Toda festa que adiei, tesouros que entreguei, a imensidão do mar
As noites que encarei sem Deus, na cruz do teu adeus, hei-de te cobrar...

Lágrima por lágrima.


- Maria Bethânea -


Ontem fui ver Maria Bethânea - o que já não acontecia há alguns anos - ao Coliseu!
O momento da noite foi quando ela cantou "Lágrima" apenas acompanhada ao som do piano.
Só me ocorre dizer, que no final do espectáculo sentia-me de "alma lavada" e uma tranquilidade que há já algum tempo não sentia. Um amigo pediu-me para lhe ligar no final do espectáculo para irmos tomar um copo, e liguei apenas para lhe dizer que ia para casa, pois apetecia-me estar sozinha a "curtir" aquela sensação tão boa.
Se.....

eu fosse uma cor, eu seria.... vermelho!

05/07/07

As minhas crianças estão de férias e por isso tenho estado sozinha. Quem consegue que eles fiquem uns dias em casa? Nem pensar!!
Por esse motivo tenho ficado até mais tarde aqui no serviço, porque as férias aproximam-se - já falta pouco - e há coisas que quero deixar tratadas antes de ir gozar o meu merecido mês de férias.
Ontem quando sai daqui, fui petiscar alguma coisa antes de ir para casa, e quando me dirigia para o carro, recebi um telefonema. É sempre bom falar com os amigos.
Hoje, durante o trajecto para o serviço, vinha a pensar nesse telefonema - por motivos que agora não interessam absolutamente nada e nem sequer são importantes - e dei comigo a lembrar uma frase de Óscar Wilde, que diz assim: "O mistério do amor, é maior que o mistério da morte..."
Foto: Alex Krivtsovt



"Amo-te tanto que te não sei amar, amo tanto o teu corpo e o que em ti não é o teu corpo que não compreendo porque nos perdemos se a cada passo te encontro, se sempre ao beijar-te beijei mais do que a carne de que és feita, se o nosso casamento definhou de mocidade como outros de velhice, se depois de ti a minha solidão incha do teu cheiro, do entusiasmo dos teus projectos e do redondo das tuas nádegas, se sufoco da ternura de que não consigo falar, aqui neste momento, amor, me despeço e te chamo sabendo que não virás e desejando que venhas do mesmo modo que, como diz Molero, um cego espera os olhos que encomendou pelo correio."



- António Lobo Antunes, in Memória de Elefante -
Uma paixão no coração de uma pessoa é como a teia de uma aranha.

Ao princípio, ela é um visitante estranho; depois, torna-se um hóspede regular; e, mais tarde, torna-se dona da casa.



- Talmude -
Se.....

eu fosse uma pausa, eu seria.... um livro!

04/07/07

Foto: Thomas Doering


Por onde passaste tu

que me ficaste cá dentro?...


- José Carlos Ary dos Santos -
Exerce sobre mim todos os teus poderes,

os mais avassaladores e brutais,

os que deixem na carne a marca...

... em cada gesto

e dá-me a perceber que

sempre que te toco é, afinal, o fogo

que estou a tocar...



- José Jorge Letria -










Se.....


eu fosse um mês, eu seria.... Junho!

03/07/07

Foto: Yuri B.
.... Retenho-te nos olhos

e tudo acende
....

Ardo sózinha

a mão convulcionada

a desenhar-te em mim!


- Maria Aurora C. Homem -
Se....

eu fosse um elemento, eu seria.... fogo!

02/07/07

... O silêncio é doloroso. Mas é no silêncio que as coisas tomam forma; e, em alguns períodos da nossa existência, nada mais podemos fazer senão esperar. Dentro de cada um, nas profundezas do nosso ser, há uma força que vê e escuta o que, no entanto, não podemos entender.

Tudo aquilo que somos hoje nasce do silêncio de ontem.


- Kahlil Gibran in Cartas de Amor do Profeta -
Se.....

eu fosse um desporto, eu seria.... vela!