31/01/07

Foto: Carlos Manuel Pereira

Aos poucos vou chegando ao fim da viagem que me aventurei a fazer, pontuada de recordações, e vou entrando nos labirintos da vida real, onde por vezes o vento do dia a dia parece cortar.
Olhando em frente, atrevo-me por becos e vielas com que vou deparando, durante a minha caminhada, a cada dobrar de esquina do destino. Do meu!!
Sempre consciente da distância que se vai encurtando, das saudades que sinto se vão esfumando a cada passo que dou, e do amor que, afinal, nunca perdi...
Foto: Carlos M. Pereira

Há cicatrizes que nos ficam na alma, de "batalhas" perdidas ao longo da vida...
Mas o que importa é não desistir, aprender com os erros cometidos e jamais deixar de acreditar e lutar pelos nossos sonhos!!!

30/01/07

Foto: Thomas Kemp
O poeta deve deixar traços da sua passagem, não provas.
Só os traços fazem sonhar...
- René Char -
Os Grandes Portugueses

Muito se tem falado, escrito e comentado sobre o programa da RTP - "Os Grandes Portugueses" - que considero um desafio à nossa memória. Tenho que admitir que apareceram por lá nomes por mim esquecidos, no caso de eu própria ter que fazer uma lista.
Sempre que me é possível sigo os programas da RTP, ou leio sobre o assunto, como tal vou acompanhando de perto o desenrolar da "famosa lista"!
Ontem, ao final da tarde, uma colega entrou aqui no gabinete, com um ar muito indignado, e comentou que na última edição do "Sol", constava que, neste momento, António Salazar era o nome mais votado, e se achavamos isso normal!! Não sei se é verdade ou não porque não li.
Respondi que sim, que achava normal. Se o nome constava na lista dos dez mais votados, era tão normal estar em primeiro lugar ele como qualquer um dos outros. Esse facto deixava-a tão indignada a ela, como me deixava a mim indignada o nome de Álvaro Cunhal aparecer nos dez mais.
Recordo-me que num dos programas da RTP, apresentado por Maria Elisa, também a apresentadora disfarçou mal a sua indignação por Salazar aparecer na lista dos 100 mais votados. Nem imagino qual terá sido a sua reacção quando ele apareceu nos dez finalistas... Adiante!
A mim não me surpreendeu em absoluto que Salazar constasse da lista. Surpreendeu-me sim, que na lista dos 100 mais votados surgissem nomes como: Otelo Saraiva de Carvalho - que pertenceu a uma organização terrorista as FP25, e andaram por aí a matar gente, recordam-se? - Pinto da Costa, que já todos conhecemos de sobra do intocável mundo do futebol, e digo intocável porque isto do "apito dourado" não vai dar em nada - outros nomes como, José Mourinho, Herman José, José Socrates, Hélio Pestana - para quem não sabe de quem se trata, como eu, é um personagem da série Morangos com Açúcar, Cristiano Ronaldo, e Alberto João Jardim, são alguns dos nomes que fizeram parte da lista dos 100 mais votados... É mesmo verdade, embora seja lamentável.
Perante isto, era no minímo ridículo que o nome de António Salazar não constasse da lista. E só depois de se terem acumulado comentários irados no forum do site e em diversos blogues, a acusarem a RTP de censura - um serviço público - pela ausência do nome de Salazar, é que lá apareceu seu nome. E surpresa das surpresa - ou não...? - um dos mais votados.
Quer se queira e goste, ou não, o nome de António Salazar faz parte da História do nosso País. Como qualquer outro dirigente, teve coisas boas e más. O certo é que era um homem honesto, livrou Portugal da segunda guerra mundial - o que para alguns foi bom e mau para outros - o ensino foi o melhor de sempre, a TAP e as companhias de navegação sempre deram lucro, havia segurança nas ruas, as empresas do estado davam lucro, a inflação era baixa, etc.!!
Certamente que cometeu muitos erros durante os quarenta anos de gorverno, e uma das acusações que lhe fazem é que não se podia falar contra o regime abertamente, senão mandava prender o pessoal. Na união soviética também era assim, e afinal votaram no nome de Álvaro Cunhal, que muito fez e se esforçou para que pertencessemos à URSS de então. Quer-me parecer que iria ser um pouquinho(?) pior do que na época de Salazar, acreditem!!
Um dos nomes que consta na lista dos dez finalistas e que na verdade me deixa indignada é o de Álvaro Cunhal. Vou aqui deixar umas palavras do Prof. Pedro Dias, ex-director da Torre do Tombo, que ao saber que o nome de Álvaro Cunhal fazia parte da lista final, não concordando diz o seguinte: "Não devia constar na lista dos "Grandes Portugueses", ainda se fosse na dos grandes soviéticos... - refere acrescentando - que Cunhal era um agente estrangeiro ao serviço de uma potência estrangeira para transformar Portugal numa colónia soviética". Em poucas palavras o Prof. Pedro Dias, diz tudo!!!
Será que alguém tem medo que Salazar ganhe o concurso???
Será que o resultado final não vai ser forjado?
Vamos então aguardar pelo final de toda esta polémica.
Quem irá ganhar e ser o número um dos "Grandes Portugueses"?
Para terminar, fica a seguinte frase, cujo autor desconheço:
"No início do socialismo existem as dificuldades do crescimento,
depois, vem o crescimento das dificuldades...!"
Foto: Amanda Com

Não estar por nada nem ninguém
Incógnita,
para ti
somente.

- Paul Celan -

29/01/07

Foto: autor desconhecido

Sem te tocar

emergir do sono em que estou
pairar sobre a fisionomia do fogo
e dar-te um nome de água

mergulhar em ti
e apanhar-te o fundo,
o beijo em apneia...

escavar os dias de chuva
ao encontro da sua nascente,
todas as forças são poucas
para te dar de beber...

(diluído na fantasia construo a obra de vidro,
é o derreter da areia sobre os meu passos
quando quero propor-te o orvalho da noite
onde o acromo passado morrerá após o sono.)

nomear-te para os sonhos de papel
fertilizando o ciclamor
e em cada vermelhar cordiforme, abalar
o medo dos nocturnos corredores
onde as aranhas se recolhem no silêncio.

sem te tocar
vives-me nas mãos.

- Nelson D'Aires -











Praia Xai Xai
Moçambique
Segunda feira...???
Bom dia!!!

26/01/07

Foto: José Gama

Há momentos e prazeres recentes, tão recentes, que sentimos como se fossem labirintos onde nos queremos perder. Porque sim!!

E há sempre um instante, aquele último instante - feito de breves minutos - em que tudo, absolutamente tudo, pode acontecer...
Tudo o que nunca tinha acontecido antes!
Como nunca tinha acontecido antes...
Foto: José Gama

Sinto que se aproxima de mim um destino que não escolhi.
O amor corrói-me a pele, mistura-se ao desejo e não me deixa sossegar, nem mesmo quando durmo - mas o amor não é eterno.

Deve ser avassaladora e medonha a última noite de amor...

- Al Berto -
Foto: Pedro Gomes

Amei-te como se ama os pássaros,
delicados no pisar das flores...

- Possidónio Cachapa -

25/01/07

Foto. Amanda Com

reparar no vento
e no calor havido
no momento
na expressão das pessoas e coisas
pensamento

e de repente

maravilha

estavas cá dentro
lembrada
não esquecida

- Mário Garcia -
Há já algum tempo que estou para falar aqui do "assunto" do momento e, na minha opinião, muito delicado! Sobre a despenalização do aborto no nosso País. Tenho lido tudo o que me é possível sobre este assunto e na verdade, a esta altura, ainda não sei se no dia 11 de Fevereiro irei votar no "sim" ou no "não"! Não sei mesmo! Falei há algum tempo com uns amigos sobre o tema, e não chegamos a conclusão nenhuma.
Vou aqui deixar dois artigos, dos muitos que li, um de Pedro Rolo Duarte e outro de Vasco Pulido Valente, e depois de os ler o meu impasse mantem-se.

Oito anos depois...
Se eu acreditasse que o Estado algum dia iria assumir o seu papel social de apoio às mulheres e famílias sem recursos; se eu acreditasse que as associações de "defesa da vida" (que aparecem quando se anunciam debates e desaparecem no dia a seguir aos referendos) iam cumprir o que prometem sobre solidariedade e promoção de uma "cultura de responsabilidade e de respeito pelo valor da vida"; se eu acreditasse que, fora do período de propaganda eleitoral, alguém neste país trabalhasse "na criação de condições para que todas as mulheres que engravidam possam ter verdadeiras alternativas de vida e não façam escolhas de morte", como leio num desses manifestos; se eu acreditasse que as 25 a 30 mil interrupções de gravidez ilegais que se fazem anualmente em Portugal deixassem de existir por via da educação sexual, do presumível apoio do estado, e da conversa moralista das tais associações criadas por encomenda; se eu acreditasse, enfim, na bondade intrínseca das instituições, e no cumprimento dos deveres mínimos do Estado; se eu...
Ora... Eu assisti ao debate para o anterior referendo, e apesar do resultado, ou talvez por causa dele, acreditei vagamente que todos os que nele intervieram iriam depois assumir as suas responsabilidades e trabalhar no terreno para uma enorme mudança de mentalidades, de atitudes, e a uma efectiva promoção da tal "cultura de responsabilidade" que produzisse efeitos e resultados numa efectiva diminuição do número de abortos clandestinos...
... Nesse caso, ponderava o meu voto no dia 11 de Fevereiro. Como infelizmente o tempo - nomeadamente o que mediou entre o ultimo referendo e o dia de hoje - me provou que no dia a seguir à consulta popular toda a gente recolhe a bandeira e tudo volta ao mesmo (ou seja, os que podem, garantem o aborto clandestino nas melhores condições, dentro ou fora do país - e os outros engrossam a lista de clientes das parteiras de vão-de-escada e ainda se sujeitam à humilhação de uma passagem pelo tribunal), e como passados oito anos nada mudou, nem sequer os argumentos, essa é para mim a melhor prova de que o voto no "não" deixa tudo na mesma - porque deixou tudo como estava. Ou seja, mal. É o que o tempo se encarrega de nos demonstrar desde que, em 1998, se discutiu, debateu, e no fim votou. Assim sendo, não adianta debater mais o assunto. Os factos falam por si. Estamos no reino da hipocrisia. Só nos resta votar. No meu caso, "sim".

- Pedro Rolo Duarte in DN -

O referendo
Não gosto do referendo e sempre o achei perigoso e nocivo. Primeiro, porque diminui e desvalorioza a representação política. Segundo, porque inevitavelmente tende a deturpar o debate e a vontade do eleitorado. Nenhum problema complicado tem uma resposta de "sim" ou "não". E, como não tem, os dois lados de qualquer campanha, como, no caso, a campanha sobre o aborto, acabam por cair na "simplificação terrível" da demagogia. Basta abrir os jornais. José Pinto Ribeiro, por exemplo, disse isto: "Um ovo não tem os mesmos direitos de um frango." Fora o mau gosto, quem falou em frangos? Mas Pinto Ribeiro não foi o único. César das Neves, no seu estilo hiperbólico, avisou que "a vitória do sim" torna o aborto tão "normal" como comprar um "telemóvel". Uma ideia que não se distingue pela sua especial humanidade. Gentil Martins quer punir as mulheres que reincidirem em abortar. E até houve um bispo que resolveu comparar o aborto com o enforcamento de Saddam Hussein. Deus lhe perdoe.
Significativamente, os grandes militantes do "sim" e do "não" vêm quase todos da classe média. Sucede que, para a classe média, o aborto não é um problema. Conhecendo bem os meios de contracepção e a "pílula do dia seguinte", quase nenhuma mulher (ou casal) da classe média é apanhada (ou apanhado) na necessidade de escolher entre um filho e um aborto. E, se as coisas por negligência ou acidente chegarem ao pior, não recorrem com certeza ao "vão de escada". Não admira, por isso, que vejam no aborto primariamente uma questão moral, de justiça social ou dos direitos da mulher e não hesitem em entrar numa polémica de "intelectuais", abstracta e violenta e, ainda por cima, incompreensível para quem, de facto, aborta.
Mas, pior do que o resto, é que, a pretexto de permitir uma decisão directa do "povo", o referendo criou pouco a pouco um confronto azedo entre a Igreja e a esquerda. Ou, se quiserem, entre a esquerda (com o PS à frente) e os católicos. Não se percebe como, apesar da prudência do patriarca, a Igreja se deixou envolver numa causa puramente política, que não contribui para a reafirmação da sua doutrina (e pode, pelo contrário, mostrar o desinteresse do país por ela) e que, ganhe o "sim" ou ganhe o "não", nada, ou quase nada, mudará na prática. Como não se percebe que o PS, excepto por exorcismo, se meta numa querela que só serve para promover o Bloco. A Igreja julga que pode fechar a porta ao aborto e os políticos que se livraram de um grande sarilho.
Erro deles. Com o "sim" ou o "não", o referendo é o princípio de uma longa guerra, não é o fim.

- Vasco Pulido Valente, in Público -
Foto: Espirito da Luz

Como se fossem as primeiras lágrimas do outono, chovia na cidade. Como se fossem as lágrimas por mim evitadas. Aconchegada no cadeirão, o olhar perdido na janela onde a chuva bate e só ela interrompe o silêncio daquela sala.
As palavras perderam - há quanto tempo? - o hábito de conversar comigo! Já nada têm para dizer. Apenas o silêncio, que me consome o conforto, como se respirasse o mesmo ar que eu, como se causasse uma lenta asfixia em que sobrevivo.
Já tudo foi dito. Já tudo foi escrito. Já não há mais palavras. Já nem há um último dia, onde ainda algo poderia ser dito.
Apenas o silêncio, interrompido pela chuva que bate na janela e esta ausência anónima a que por hábito, chamo de vida.
Talvez um dia chame por um nome - um dia qualquer - se ainda me lembrar dele...
São as únicas palavras que ainda me restam!!!

24/01/07

Já repararam em como os dias são maiores?
Há cerca de um mês a esta hora já era noite. Agora às seis da tarde ainda há uma réstia de luz natural.
Estou ansiosa que cheguem os dias com sol até tarde, para ir até uma esplanada, conversar, tomar um copo, e desfiar conversa...
Digam lá que não é bom??
Já falta pouco!
Ontem, final de tarde e inicio de noite no Bar do Ritz, que por sinal estava cheio. Certamente alguma excursão ou muitos negócios.
Servem umas vodka com limão que são uma delicia, o ambiente é simpático e quentinho. A companhia era óptima e a conversa foi diversa, de quem se está a conhecer e no inicio de uma amizade!
Quando regressei a casa, dei comigo a pensar, que alguém me está a proporcionar momentos tão simples e muito agradáveis, como um final de tarde de boa conversa, um copo, tudo aquilo que eu gostaria de ter vivido com outra pessoa e que nunca foi possível. Comigo, nunca foi possível. E nem quero dar "um nome" ao motivo porque nunca foi possível concretizar um prazer tão simples como este. Porque me magoa pensar que era esse o motivo...
Já passou...!!
Bom dia, já repararam no sol lindo que está lá fora? Que importa o frio?
Foto: Kazuo Okubo
Eu gostaria tanto de amar-te. Quando te tomo nos meus pensamentos, vai a noite escura ao largo da gente e das árvores, e eu penso que a minha alma te pertence. Pudera eu, meu amor, ou lá o que és, que pudesse pertencer a alguém.
- Miguel Esteves Cardoso -

23/01/07

Foto: X Maya

Acendo um cigarro e falo com o meu coração:

Esta noite tive um sonho, conheci um homem que tinha o mar no lugar do coração e quando sentia o seu corpo contra o meu, ouvia lá fora a fúria do mar.

Devagar tudo o que nos rodeou foi-se tornando negro, e despeço-me de um rosto pelo qual arrisquei a vida e, por vezes, a razão.

Amo-te ainda.

- Al Berto -
Foto: Gonçalo Trafaria
......
Só os outros nos podem sossegar. Só no meio da vida, em plena acção, se pode, vale a pena, estar sossegado. O "eu" interior é uma algazarra de desasossego. Para mais, árida e desinteressante. O budismo de trazer por casa que invadiu a nossa cultura, uma espécie de narcisismo espiritual, traduz uma noção repugnante de superioridade. Os outros podem ser o inferno, mas cada indivíduo ainda é mais.
Não saem da cabeça os instantes, poucos, em que me senti sossegar - e foi sempre graças a outra pessoa, vista ou lida, conhecida ou desconhecida, viva ou morta, menina ou crescida, sábia ou maluca, próxima ou longínqua, mas sempre presente, mais presente que eu próprio. Eu próprio, por defeito talvez, não consigo lá chegar. Nunca encontrei o sossego nos outros - foram sempre os outros que me sossegaram. E quase nunca deliberadamente.
Lembro-me, em particular, de um momento que consistiu apenas em olhar para alguém e sentir que tudo nela me era querido e conhecido e familiar.
Não há no mundo paisagem como o rosto da pessoa amada, sobretudo quando está agitado, a rir-se ou a zangar-se, desprevenido, apanhado nos olhos como se estivesse dentro deles já. Sentir essa mistura de perdição e de proximidade é verdadeiramente sossegar.
Não são as mentiras, por muito boas, que sossegam. Só a verdade.
Às vezes sossega ouvir "odeio-te!" em vez de "amo-te!", se "odeio-te!" for dito com amor e com verdade, e "amo-te!" com preguiça, por hábito, ou expressamente para nos sossegar.

No outro dia, quando perguntei a alguém que amo, se queria vir jantar, em vez de dizer "não posso", por isto ou por aquilo, disse apenas "não". E sossegou-me. Quando se está sossegado aguenta-se tudo. A tristeza torna-se pequena. O mundo reduz-se à dimensão que tem.
O que mais queria na vida era sossegar. Não há diferença entre correr atrás das estrelas e ficar na cama a apascentar. O desasossego em que vivemos deve-se, pelo menos em parte, à nossa incompreensão do que é, na pura verdade, sossegar e à cobardia e ausência de vontade de tentar alcançá-la, entregando-nos nas mãos de quem nos pode ajudar.
Que ao menos seja esta a causa do nosso desasossego, porque tudo o mais que queremos ou pensamos querer (a felicidade, a realização, o prazer, a tranquilidade) ao pé do puro sossego não é possível - e, se calhar, nem sequer é verdade.

- Miguel Esteves Cardoso -

22/01/07

Todos nós, tivemos ao longo da vida, amores mais um menos importantes. Uns deixaram saudades e momentos bonitos de recordar, outros nem por isso, ficaram para trás sem qualquer importância.
Com o passar dos anos, vamos sentido que a forma de amar muda e torna-se diferente. Talvez mais madura, mais serena, mas mais intensa sem dúvida.
Já aqui disse diversas vezes que nunca tive vergonha de mostrar os meus sentimentos. De dizer "gosto de ti" através de palavras e gestos. Através da ternura, do carinho.
A última vez que me apaixonei por alguém, foi de uma forma diferente de qualquer outra. Tranquila, consciente, sem sobressaltos e acima de tudo muito especial. É isso! Muito especial!
Tão especial que estava disposta a tudo, nada me importava, apenas queria transmitir à outra pessoa tudo o que sentia. Nunca consegui atingir esse objectivo. Nem através de gestos, ou de um olhar, nem através de palavras escritas ou faladas.
Por vezes, apetecia-me - como isso fosse possível - transformar em matéria aqueles sentimentos e coloca-los nas mãos daquela pessoa, e dizer-lhe:
- Está aqui o que sinto por ti! Repara no quanto é especial...
Hoje, e passado todo este tempo, lamento tê-lo sentido pela pessoa errada! E quando digo "errada" não quero dizer que essa pessoa não seja merecedor desse sentimento tão especial - nada disso - digo errada pelo facto de tê-lo sentido por alguém que nunca retribuiu esse sentimento. Ninguém tem culpa disso. Não gostamos de quem queremos!
Tenho a certeza - por experiencia de vida? - que nunca mais voltarei a sentir por ninguém o que senti por aquela pessoa. Porque há coisas que só acontecem na nossa vida uma única vez! Não se repetem, talvez por terem sido tão especiais.
Ponto final!!!
Resta-me fazer aquilo que afinal tenho feito ultimamente, viver um dia de cada vez, e aproveitar ao máximo tudo o que a vida tem reservado para mim.
Garantidamente, sem sentimentos à mistura!!!
Foto: Klaus Wegele

PRESSA
Quero o teu corpo nu.
Vestido de pressa
Despido de roupa.
Sem outro anseio ou outra vontade
Que não...
A do meu corpo nu.
Vestido de pressa e de desejo,
A pele fome
As mãos avidez,
O peito batendo
O frio espreitando,
O corpo aguardando
A boca pedindo...
Pressa!
Ao teu corpo nu.
Depressa!
Veste o meu.

- encandescente -
Foto: Gabriele Rigon

"De todos os sentimentos o amor é aquele que mais precisa de ócio."

- Stendhal -

19/01/07


VIDA!!!
Já perdoei erros quase imperdoáveis,
Tentei substituir pessoas insubstituíveis,
e, esquecer pessoas inesquecíveis.
Já fiz coisas por impulso,
Já me decepcionei com pessoas
Quando nunca pensei me decepcionar,
Mas também decepcionei alguém.
Já abracei para proteger,
Já ri quando não podia,
Já fiz amigos eternos,
Já amei e fui amado,
Mas também já fui rejeitado,
Já fui amado e não soube amar.
Já gritei e pulei de tanta felicidade,
Já vivi de amor
e fiz juras eternas,
Mas "quebrei a cara" muitas vezes!
Já chorei ouvindo música e vendo fotos,
Já liguei só para escutar uma voz,
Já me apaixonei por um sorriso,
Já pensei que fosse morrer de tanta saudade
e tive medo de perder alguém especial
(e acabei perdendo)!
Mas sobrevivi!
E ainda vivo!
Não passo pela vida...
E tu também não deverias passar.
VIVE!!!
Bom mesmo é ir à luta com determinação,
Abraçar a vida e viver com paixão,
Perder com classe e vencer com ousadia,
Porque o mundo pertence a quem se atreve
E a vida é muito...
Para ser insignificante!!!

- Charles Chaplin -

Pois então, vivam intensamente este fim de semana cheio de promessas de sol.
Eu vou fazer a minha parte!!!
Bom fim de semana.
Já aconteceu apetecer-vos, ser algum objecto, em determinado momento?
Pois a mim já! Aqui há uns tempos - talvez demasiado tempo - apeteceu-me ser um quadro! Exactamente, um quadro!
Para poder sentir em mim, o olhar intenso, feliz - de quem estava satisfeito com o que apreciava - de alguém! Quando reparei na intensidade, no brilho que aqueles olhos depositaram naquela obra de arte, desejei muito ser aquele quadro! Que na verdade era lindissimo, tenho que admitir! As obras de arte podem retorcar-se aqui e ali, emendar um pequeno erro, colocar mais um pouco de cor. E ficam prontos para serem apreciados nos seus mais pequenos pormenores, desejados, irresistiveis ao ponto de os desejarmos possuir. Com as pessoas não é assim. Somos o que somos, não há retoques, nem emendas!
Certa vez li - sobre obras de arte - algo como: Muitas vezes procuramos o essêncial da arte e encontramos a resposta no sentimento do expectador, de quem a vê e aprecia. Fazer arte, antes de tudo, é coleccionar críticas. Saber usá-las é usufruir do seu dom!!!
E o ser humano tem tantos dons!
Mas nem todos sabem fazer arte, pintar quadros, fazer esculturas!
Há quem tenha outros "dons", que também são verdadeiros e valiosos e a que, por vezes, não damos a devida atenção e valor!
Ou quando damos, já é tarde, demasiado tarde...
Mas isso agora não interessa nada! O que não falta por aí, são "obras de arte"!!!
Há dias, conheci alguém que me convidou ontem para tomarmos um copo. Pensei duas vezes e acabei por aceitar.
Por enquanto, trata-se apenas de um conhecido, que poderá - ou não - tornar-se num amigo. As amizades conquistam-se. Veremos!
Lá fomos sair e dei "de caras" com alguém muito bem disposto, sentado na minha frente de uma forma descontraida, com óptima conversa, sorriso franco, e completamente à vontade, o que não era o meu caso, em absoluto!
Fui descontraindo ao longo da noite, com a conversa banal e algumas gargalhadas pelo meio, e consegui - quase - esquecer que praticamente tinha acabado de conhecer aquele homem.
Não sei o que existe por destrás daquele olhar que me fixava atentamente enquanto me escutava. Houve mesmo alturas em que me senti "incomodada" com a intensidade daquele olhar em mim. Mas acho que consegui disfarçar...
Quando nos despedimos, já passava das quatro da manhã, ficou a promessa de repetirmos, em breve, aquela noite tão agradável - segundo disse - em que teve oportunidade de descobrir um pouco mais daquela mulher que ele imaginava tão diferente!
- Afinal, quando te conheci mal falaste, quase não trocamos meia duzia de palavras. Estava realmente curioso em te conhecer um pouquinho mais. E gostei do que estou a descobrir.
Hoje de manhã, quando liguei o telefone, lá estava uma sms...!!
Há dias, depois do jantar, recostada no cadeirão, com a minha filha ao lado, e em conversa banal, a certa altura diz-me ela:
- Bi, sabes qual é o contrário de amor?
- Será certamente ódio filha. Pelo menos é o que se diz!
- Nada disso! O contrário de amor é indiferença. Porque o facto de sentirmos ódio por alguém, significa que ainda temos algum sentimento por essa pessoa. A indiferença é não sentir nada. O vazio de qualquer sentimento.
- Pois és capaz de ter razão. Faz sentido!!!
Imagens Google

Nunca soube o teu nome. Entraste numa tarde, por engano, a perguntar se eu era outra pessoa - um sol que de repente acrescentava cal aos muros, um incêndio capaz de devorar o coração do mundo. Não te menti; levantei-me e fui levar-te à porta certa como um veleiro arrasta os sonhos para o mar. Mas, antes de te deixar, disse-te ainda que nessa tarde bem gostaria de chamar-me outra coisa - ou ser gato, para poder ter mais do que uma vida.

- Maria do Rosário Pedreira in Nenhum Nome Depois -
Os meus pais fazem hoje 50 anos de casados. As suas Bodas de Ouro!
Ontem, enquanto jantava com eles e fálavamos na data, a brincar disse-lhes dirigindo-me à minha mãe:
- Nem sei se te devo dar os parabéns! Acho mesmo que ninguém merece fazer 50 anos de casada.
Ao que ela me respondeu, com o olhar atento do meu pai fixo no seu rosto:
- Olha filha, se o tempo voltasse para trás certamente casaria de novo com o teu pai.
Quero aqui deixar um brinde a esse amor que dura há 50 anos.
Porque já não há sentimentos assim.
Acho mesmo que já não existe o amor verdadeiro e duradouro!
Pertence ao passado dos nossos pais.
Um beijo para vocês, mãe e pai.

18/01/07


As palavras são desnecessárias!
Basta um olhar...
E por vezes, na falta de quem gostamos, cruzamos-nos com um olhar, e deixamo-nos ir embalados por esse olhar vazio de promessas, de sentimentos, de tudo...mas que é um olhar!
O resto, por vezes, já não interessa...!!
Boa noite!
Tantas vezes o cantaro vai à fonte...
Boa tarde!!!
Foto: Victor Melo
Meu querido
Deitei-me silenciosamente na cama quando já dormias, queria de ti o teu cheiro e partir.
Não queria levar-te nas mãos ou nos olhos. Cega ficaria a todos os outros que pudesse encontrar se te levasse nos olhos, e nenhum outro poderia tocar se te guardasse nas mãos.
Queria só o teu cheiro.
E serias tu em cada homem que eu amasse, e serias tu em cada homem que eu tocasse. Esquecidos que estariam o teu rosto e o teu corpo. Apagados que estariam dos meus sentidos os teus.
Queria só o teu cheiro, mas acordaste ... E olhaste-me, tocaste-me, tomaste-me na boca, aspiraste os meus odores, e guardaste-os em ti. Para ti.

Parti, quando saciado adormeceste.
Parti sem sentidos, porque de mim os tomaste.

Hoje longe de ti caminho.
Sabendo sempre onde estás.
Sabendo sempre onde estou.

- encandescente -








Praia e lagoa do Bilene
Moçambique

17/01/07


De pai para filho!
Querido filho, estás a cometer no Iraque o mesmo erro que eu cometi com a tua mãe:
não retirei a tempo...
Um colega chama-me para tomar café e diz:
- Tenho estado a reparar em ti toda a manhã e hoje não consegues disfarçar esse sorriso triste. O que se passa? Está tudo bem contigo?
- Saudades! Só um montão de saudades!
-Então não te posso ajudar.
- Não, amigo não podes! Isto passa... dá forte mas passa depressa!!
Foto: autor desconhecido

Com maior ou menor frequência, acontece-nos a todos tropeçar em alguma coisa ou alguém que nos obriga a parar para pensar. Os acontecimentos à nossa volta, as circunstâncias específicas de cada um, a vida vivida (e quase nunca sonhada) e aquilo que não entendemos levam-nos a fazer perguntas a nós próprios. A tentar perceber, a encontrar um sentido, a avaliar e medir.
Ir ao fundo de si mesmo nunca é um caminho fácil nem linear e, por isso, instintivamente evitamos algumas direcções e preferimos certos atalhos. Parecem-nos mais seguros e, no imediato, até abreviam o percurso, mas intimamente sabemos que a longo curso muitos desses atalhos só multiplicam os trabalhos.

Temos tantas coisas mal arrumadas dentro de nós que a tentação de evitar caminhos é banal e universal. Ou seja, todos sabemos do que se trata.
Acontece que nem sempre podemos "ir à volta", assobiar para o ar ou fingir que não vemos o que estamos a ver e não ouvimos o que estamos a ouvir. Falo, em especial, da voz interior que nos habita e jamais poderemos calar. Falo de sentimentos, portanto.

Alguém disse um dia que "deixar-se amar é aquilo a que todos resistimos mais ao longo da nossa vida" e, de facto, deixarmo-nos amar é de certa forma incómodo. Senão vejamos.
Aceitar amar e ser amado envolve riscos à partida: podemos sofrer com esse amor; podemos achar que não estamos à altura de responder aos seus desafios; podemos sentir posse e ciúmes e podemos ter a angústia de o vir a perder. Para quem, como nós, tem tantos medos e aflições e, insisto, tantas coisas por arrumar cá dentro, estes e outros riscos são um preço demasiado elevado para pagar pelo amor. Ou não. Tudo depende do preço que cada um está disposto a pagar por aquilo que é verdadeiramente essencial para si.
Acima de tudo, ninguém quer sofrer, mas na realidade também tem que haver lugar para a tristeza e, neste sentido, cabe perguntar se por haver sofrimento as coisas deixam de ser importantes.
Voltando à questão do amor poder ser incómodo, vale a pena pensar que, sob a aparência de bem, o tempo e a vida muitas vezes se vão encarregando de nos tirar a capacidade de amar e de sermos amados, na medida em que nos vão enchendo de coisas, interesses, medos, equívocos, situações menos claras, critérios, prioridades e preguiças que se vão instalando na nossa cabeça e no nosso coração e nos impedem de sentir com verdade. Este tempo vertiginoso e esta vida acelarada confundem-nos e alteram profundamente a nossa maneira de ser e estar. Muitas vezes não sabemos o que é importante e não sabemos onde pomos o coração. O pior é que frequentemente as nossas prioridades do coração não acompanham as da cabeça e é este descompasso de racionalmente sabermos o que vem em primeiro lugar, mas emocionalmente não sermos capazes de lhe dar a prioridade absoluta, que, tantas vezes, nos deita a perder.
É justamente nesta lógica, neste sentido exigente e perturbador, que o amor exerce alguma violência sobre nós. Ou pelo menos alguma pressão, na medida em que nos obriga a perceber que se não há espaço para amar é porque esse espaço está ocupado com outras coisas.
Por tudo isto, só é possível ir mais longe se arriscarmos quebrar paredes e derrubar muros que permitam criar o espaço que nos falta. Ou fazer como fazem os entendidos, que podam as videiras e cortam os ramos para que os frutos cresçam mais e a seiva circule melhor.

- Laurinda Alves -

Penso que agora entendi que o amor existe sim... mas que afinal incomoda!
Não há tempo nem espaço para amar e ser amado!!!

16/01/07

Por hoje já chega!

Amanhã acorda outro dia!

Boa noite.
Foto: auto desconhecido

De que vale explicar uma dor a quem nunca a sentiu...!!
Foto: Otto Reinhard

Conselho

Não tentes sempre
arduamente
mudar as coisas

às vezes basta
simplesmente
aceitá-las.

- Luís Ene -
Ontem quando me aproximo, com um sorriso sincero, diz-me:
- Não sei se hoje serás uma boa companhia, pelo que me disseste ao telefone - eu acho que és sempre - mas não tenho dúvidas nenhumas que és uma bela companhia. Estás boa? Agora toma lá a chave do carro e leva-me a jantar onde te apetecer. Estou nas tuas mãos até às nove da manhã.
- Bem, não precisamos de tantas horas para jantar.
- Pois não! Até abdico do jantar se quiseres...(risos)
- És mesmo tonto!
- Só quando estou contigo. E gosto de ser assim!! Tudo parece simples e alegre. Sinto-me bem, percebes agora porque te digo que és sempre uma óptima companhia e porque gosto de vir a Lisboa jantar contigo?
- Pois sim, mas é um jantar que te fica caro, não te parece?
Durante o jantar a conversa foi variada, e a certa altura dizem-me:
- Esse tal de amor existe sim, embora pareça estar fora de moda demonstrá-lo, principalmente para o homem. Têm vergonha de o demonstrar e sentir, têm medo de se entregar, de o dar. Evitam esse sentimento porque significa fragilidade. Há mesmo quem diga que isso é "coisa de mulheres".
Vocês ainda acreditam, e apostam mais nesse sentimento. Não o evitam, nem têm vergonha de o demonstrar e sentir.
Deixa-me dizer-te que não faço parte dos que acham que está fora de moda e de apostar nele quando é verdadeiro. E como eu há, certamente, outros homens que pensam assim. Porque há coisas na vida que nunca passam de moda. E tu sabes do que estou a falar! Não deixes de acreditar na sua existência. Um dia me darás razão!
- Ok, vou fazer um esforço!!!
Mercedes CLS

Pois ontem conduzi um «bichinho» igual a este!
Fiquei sem dúvidas nenhumas de que há carros e há meios de transporte...este, é mesmo um carro! E à séria!
Nunca conduzi um Porsche - já tive essa oportunidade mas achei melhor não experimentar - mas a este não resisti! Até porque é mais o meu «tipo» de carro.
Só fui até Setúbal e voltei mas é realmente uma maravilha estar ao volante duma máquina como esta!
Pronto, agora é só ir jogar no euro milhões, e esperar pela sorte.
Dinheiro há muito... está é mal distribuido!!!
Bom dia.

15/01/07

Foto: Bruno Souto

Termino o dia de hoje com um desafio:
Alguém me sabe dizer o que é o amor? Isso existe? Ou será que tudo não passa de desejo por alguém, paixão, algo que pensamos existir e afinal é apenas uma miragem, que jamais se consegue alcançar?
Pois não sei...! Na verdade acho que a esta altura da vida, já não acredito que essa palavra, de que tanto se fála, se escreve, declama e canta, tenha algum sentido ou significado. Deixou de ter importância esse sentimento. Está desacreditado simplesmente.
Agora vou-me embora, pois tenho um jantar.
Só não sei se hoje serei uma boa companhia! Vou então fazer um esforço, até porque a pessoa com quem vou sair merece.
Boa noite!!
Foto: Hugo Fernandes

Nunca deixes o que amas pelo que desejas, pois o que desejas deixar-te-à pelo que ama...

- autor desconhecido -
Ao fundo os Montes Namúli
Plantação de chá e acácias vermelhas
Plantação de chá
Hortenses na Casa de Serra
Aqui tomei umas belas banhocas
Fachada principal do Colégio Sagrado Coração de Maria
Clube
Nas traseiras havia as piscinas e o campo de futubol
conheita de chá
Gurué (Vila Junqueiro) - Moçambique
O Gurué ou Vila Junqueiro situa-se na Provincia da Zambézia. É uma simpática vila que fica a certa de 400 kms de Quelimane a capital da Provincia. Foi aqui que vivi a minha infância e parte da adolescência. Era a capital do chá. Por todo o lado se via um imenso tapete verde - as várias plantações de chá - serpenteado pelas estradas que eram ladeadas por acácias vermelhas e jancarandás de um lilás lindissimo. Ficava no meio de várias serras, entre elas o conhecido monte Namúli, que é o segundo monte mais alto do País, com 2.419 metros de altura.
Foi aqui que vi os mais belos pôr de sol da minha vida.
Foi aqui que acreditei que todos os sonhos eram possíveis!
Talvez porque vivia numa terra de sonho...