30/04/04

Em resposta ao email de alguém, quero dizer-te que eu sei que de ti teria "tanto de tudo", mas quero principalmente a tua amizade, porque essa eu posso retribuir em pleno. Só isso! Sei que me compreendes, porque sempre houve muita sinceridade entre nós!
Os Silêncios
Não entendo os silêncios
que fazes
nem aquilo que espreitas
só comigo.

Se escondes a imagem
e a palavra
e adivinhas aquilo que não
digo.

Se te calas
eu oiço e eu invento
se tu foges
eu sei não te persigo.

Estendo-te as mãos
dou-te a minha alma
e continuo a querer
ficar contigo.

(Maria Teresa Horta)

Hoje,
faltam-me as palavras, a imaginação,
e principalmente...o sentir.
Preciso sentir, para escrever!
"Vejo que aqueles que tocaram a minha alma não conseguiram despertar o meu corpo, e aqueles que tocaram o meu corpo não conseguiram atingir a minha alma."

(Paulo Coelho)

29/04/04

De ti
Quero sempre tanto,
De tão pouco...
Do nada que tenho!!!

28/04/04

Hoje...apetece-me sonhar!!!
Hoje ao almoço tive a companhia de uma amiga de infância e adolescência, como tal, amiga de longa data. Vive no Porto e veio a Lisboa em serviço, e assim que ficou livre correu para cá. Passamos um bom bocado, a pôr a conversa em dia, pois já não nos viamos há um ano. Até me ajudou a "subir o astral" que estava um pouco em baixo.
Sem dúvida que é muito bom ter amigos.
Destes, de verdade!
Nunca deixes de abrir uma nova porta
por ela podem entrar
amigos inesperados,
amores verdadeiros,
aventuras inesquecíveis...
E não te esqueças principalmente,
de manter a janela aberta.
Ela trará, ao final do dia,
Um lindo pôr-do-sol.
Nada na vida acontece por acaso!!!

(autor desconhecido)

27/04/04

"A nudez é um cerco
a partir daqui o corpo
não tem fuga possivél."

(aqui-não-há poeta)

26/04/04

Não faltava acontecer mais nada.
O Presidente da República vai hoje condecorar Isabel do Carmo, que foi a fundadora das Brigadas Revolucionárias e do Partido Revolucionário do Proletariado, e esteve envolvida em organizações terroristas e bombistas. Como tal é merecedora da "Ordem da Liberdade".
Isto não é um País, é um local mal frequentado!! E muito!

23/04/04

"UM DIA"
Um dia,
Quando a ternura for a única regra da manhã,
Acordarei entre os teus braços.
A tua pele será talvez demasiado bela.

E a luz compreenderá
A impossível compreensão do amor.
Um dia, quando a chuva secar na memória,
Quando o inverno for tão distante,
Quando o frio responder devagar
Como a voz arrastada de um velho,
Estarei contigo e cantarão pássaros
No parapeito da nossa janela.
Sim, cantarão pássaros, haverá flores,
Mas nada disso será culpa minha,
Porque eu acordarei nos teus braços
E não direi nem uma palavra
Nem o principio de uma palavra,
Para não estragar,

A perfeição da felicidade!

(José Luís Peixoto)
Recebi um email que diz assim:

30 Anos Depois...
Fui criada com princípios morais comuns a toda a gente. Sonhei com a Liberdade e a Justiça Social. Pela mão dos meus pais, professores e avós, percebi que a Justiça estava ao serviço da vítimas e da comunidade. Tinhamos medo apenas do escuro, do "papão", de filmes de terror e da polícia política.
Hoje temo a Justiça, os pedófilos, os terroristas, os compadrios políticos, os fiscais das Finanças...
Justiça para gáudios processuais de advogados de luxo?
Liberdade ou Libertinagem?
Garantias de defesa, ou evitar que se faça Justiça? Julgamento da Casa Pia em Tribunal, ou decidido nos telejornais e por mensagens de telemóvel a 20 cêntimos? Negociar com terroristas em nome da Paz ou dizer BASTA! Aos cobardes e anafados da Politica? Diálogo e tolerância para criminosos e deveres ilimitados para cidadãos pacíficos e honestos? Amnistiar os que devem ao fisco e suspeitar permanentemente de quem paga os seus impostos, será esse o nosso futuro?
O que aconteceu a Portugal? Que valores temos nós hoje? Que eleições temos nós?
De que serve um aumento de 3 euros na minha pensão?
Porque é que as disparidades sociais nunca foram tão gritantes como hoje são?
Que 25 de Abril é este que vamos comemorar?
Quando foi que esqueci o nome do meu visinho?
Quando foi que olhei nos olhos de quem me pede roupa, comida, sem sentir medo? Quando foi que me fechei?
Quero de volta a minha dignidade, a minha paz, a minha Liberdade.
Quero de volta a lei e a ordem.
Quero Liberdade com segurança!
Quero tirar as grades da minha janela. Quero políticos honestos em quem acreditar, não quero hipócritas!
Quero sentar-me na calçada e ter a porta aberta nas noites de verão.
Quero a rectidão de carácter, e os olhos-nos-olhos.
Quero a honestidade como motivo de orgulho. Quero a esperança a alegria.
Abaixo o "TER", viva o "SER"!
Quero discordar do absurdo e da mentira em que vivemos.
Utopia? Não...
Se todos fizermos a nossa parte, se respeitarmos cada um...quem sabe??


Este texto tem como titulo original "Reflexões" e é da autoria de Sara Maria Binatti dos Anjos. Alguém fez umas pequenas transformações para adaptar aos 30 anos do 25 de Abril. Aqui fica a informação!


Julgo que o 25 de Abril trouxe muitos beneficios para os portugueses, sem qualquer tipo de dúvida, mas penso que ainda há muito para fazer e aprender. É urgente que os politicos que comandam este país, todos eles sem excepção, nos dêem confiança e credibilidade, é preciso aprender a respeitar, enfim, é preciso parar e pensar no que cada um de nós pode fazer por todos, para que o futuro dos nossos filhos seja mais risonho
É urgente mudar!!!

22/04/04

Ontem vi, na SIC Noticias uma entrevista a Mário Soares, sobre os 30 anos do 25 de Abril, naturalmente. É só do que falam as televisões neste momento.
E quando se fala no 25 de Abril, é obrigatório também falar sobre a descolonização em Angola e Moçambique. É certo que todos sabemos que os politicos dizem qualquer coisa, e nunca reconhecem o que fizeram de mau. Isso não importa, desde que não sejam eles a sofrer as consequências. A certa altura da dita entrevista Mário Soares disse que sobre a descolonização, tudo foi muito bem pensado e bem feito. Na verdade não me surpreende que ele diga essas barbaridades, pois estava cá a assistir "de camarote" e sem sofrer na pele, ao drama de milhares de pessoas que lá viviam, lá nasceram, que lá tinham a sua vida organizada e de onde nunca pensaram sair, muito menos naquelas condições. Abandonando tudo o que tinham, uma vida de trabalho, e muitos deles já sem idade para recomeçar de novo, onde quer que fosse. Muitos não conseguiram ultrapassar essa situação. Só quem realmente viveu aqueles momentos, poderá compreender o quanto foi dificil e doloroso, tudo o que aconteceu, a forma como aconteceu, e que o Sr. Mário Soares diz ter sido "muito bem feito e pensado"
Como recompensa, do belo "negócio" que fez, mais tarde mandou o filho a Angola encher um avião de marfim e alguns diamantes, coisa pouca, mas o avião caiu...terá sido o peso da recompensa?
Não interessam os meios, interessa sim atingir os fins.
Espero, de verdade, que um dia ele pague pelo mal que fez a tanta gente.

21/04/04

Para descontrair....
Diz um miúdo para outro:
- Vamor brincar?
- Vamos, mas a quê?
- A Funcionários Públicos!
- Mas como é que é?
- Então, o primeiro que se mexer, perde!!!!

(Pelo menos da fama não se livram!!)
ANIMAÇÃO - RASCUNHOS DE BORDO...
A beleza das coisas encontra-se na profunda simplicidade de uma origem. Na ausência de perguntas que saciem a curiosidade de uma essência. Resulta no conhecimento da sua beleza, sem no entanto se saber a origem de tal natureza e ocorrência. São belas porque algo em si realça a divina existência que possuem. O espelho do seu corpo e da sua matéria, originam miragens e viagens poderosas, em quem as contemplam e se deixam minar pela sua profundeza e limpidez transcendental. A divindade de um sorriso rasga o oceano de lágrimas salgadas, quando nesse sorriso reconhecemos uma magia e um profume únicos, dos quais não possuímos nem conhecemos a constituição ou os ingredientes. Uma planta cresce no seu meio, desflora a passagem e mina de brilho quem por ela se deixa absorver. Mas uma vez resgatada do seu meio, ou meramente copiada, ela perde a sua sedução afrodisíaca, parecendo um oásis aprisionado no passado não muito distante. Deveremos ter consciência, como animadores, de que as pessoas com que convivemos, com que trabalhamos e para quem trabalhamos, têm o seu meio e as suas características individuais e grupais. E mais importante que tudo, todas elas escondem em si capacidades e faculdades, uma beleza que as faz diferentes, na sua igualdade, perante os outros.

(Ray_Manzarek)
"Amar é uma aventura no abismo do tudo ou nada; é ver a luz e correr ao seu encontro, embora com risco de vida!"

(F.Albertoni, in "A Árvore da Vida")

20/04/04

Há dias assim...
absolutamente vazios!

19/04/04

Como diz o poeta "em todas as ruas te encontro, em todas as ruas te perco."
Neste momento encontrei-te. Aqui.
Sinto até a tua presença. Sei quando estás para chegar. Estás tão próximo que sinto o cheiro da tua pele, trocamos olhares, abraço-te, as mãos entrelaçam-se e deixo-me envolver pela tua teia de prazeres.
Já é noite, mas não há escuridão capaz de esconder o desejo, a vontade de ti.
Consigo sentir o teu beijo, suave, molhado, que desperta algo adormecido, que ficou guardado para quando voltasses. Se tu voltasses...
Sinto-me sempre tão longe e tão perto de ti. Longe, no que é real, perto nas recordações e memórias que de ti semeei por todo o lado. Com as quais esbarro a qualquer hora do meu dia.
Mas acabas sempre por partir, por todos esses caminhos que me afastam de ti e todos eles seguem na mesma direcção: o começo do afastamento!
Como se em mim houvesse a capacidade de te guardar, de te prender, retenho a tua imagem...
Hoje vou dormir enroscada em ti, como se de facto te tivesse...aqui!
O que dói
É não poder apagar a tua ausência
E repetir dia após dia os mesmos gestos.

O que dói
É o teu nome que ficou como mendigo
Descoberto em cada esquina dos meus versos.

O que dói
É tudo e mais aquilo que desteço
Ao tecer para ti novos regressos.

(Daniel Faria)
"Amar é admirar com o coração.
Admirar é amar com o pensamento"


(Theophile Gautier)
Fim-de-semana com tempo péssimo, na Nazaré. Bastante frio, para aquelas bandas e com alguma chuva no Domingo de manhã. Mas foi bom, rever os amigos. Conversar, rir, esquecer um pouco o stress do dia-a-dia.
Quando regressei a Lisboa, já tarde por sinal, e na companhia do "oceano pacifico" da RFM, entregue aos meus pensamentos, perguntava a mim mesma, como é possível gostar de alguém para quem nada representamos. Seria mais que natural rejeitar de imediato esse sentimento. Mas cheguei a uma conclusão que me deixou perplexa. É que, na verdade, é sempre muito bom amar, é um sentimento tão agradável, que isso me basta.
Sem dúvida que a idade nos faz ver a vida de outra forma, pois na adolescência quando gostamos de quem não gosta de nós, sofremos, parece que o mundo vai acabar, somos a pessoa mais infeliz... até nos apaixonarmos de novo.
Hoje, encontro-me numa situação dessas, em que só eu gosto, e isso dá-me um prazer enorme. Gostar, só por gostar!
Isso basta-me.
Será que isto é normal?

16/04/04

Chega ao fim mais um dia de trabalho.
Mais um como tantos outros, afinal. Apenas um pouco mais longo. Mas o fim-de-semana está aí.
O tempo parece não ajudar muito, espero que amanhã tenha a grata surpresa de acordar com um lindo dia de sol, pois vou até à Nazaré, passar estes dois dias com uns amigos. É sempre bom mudar de ares, uma vez por outra.
Gosto da Nazaré, é uma cidadezinha muito simpática, onde vou todos os anos passar uns dias e matar saudades dos bons amigos que lá tenho.
Aqui ficam os votos de um bom fim-de-semana, com muito sol, principalmente para quem gosta de praticar desporto ao ar livre.
Sempre que posso dou uma vista de olhos em vários blogs. Há dois ou três que consulto diáriamente, embora alguns desapareçam por longas temporadas, mas depois voltam. E isso é que importa. Uma vez por outra aventuro-me por novos blogs e tenho encontrado, na maior parte deles, bonitas declarações de amor, textos, poemas e muito mais. Para alguém. Um homem, uma mulher, que não conhecemos, mas que às vezes chego a invejar, pelas palavras que lhes são dedicadas. As mais bonitas, normalmente, são frases curtas, poucas palavras que transmitem um mundo de sentimentos. Sinceros. Sentidos. Puros.
Dou comigo, a tentar imaginar qual será a sensação de abrirmos uma página, e depararmos com aquelas frases lindas, que sabemos serem para nós.
Concordo que é muito bom ouvir da boca de alguém palavras bonitas, ditas pela voz daquela pessoa, mas deve ser muito bom ler, de surpresa, o que alguém sente. Por nós!
Privilégio de algumas....
Ontem recebi uma SMS que dizia assim:
"Não estou zangado. Estou lorpa."
Fiquei, e estou, deveras intrigada, pois este "lorpa" não condiz em absoluto com a pessoa em questão!
Pensando que não conhecia todos os significados da tal palavra, resolvi consultar o dicionário, que diz assim: Lorpa - imbecil, parvo, grosseiro.
Nada disto se aplica a ti, na verdade. Queres ou podes explicar-me o que pretendias dizer?
Já agora, quero acrescentar que, mesmo sem ter falado contigo, te achei um tanto triste ontem. Será impressão minha? Espero que sim.
Na tua boca encontrei uma palavra vertida,
O meu corpo dobra-se como recipiente.


(aqui-não-há-poeta)
O meu amor é só meu - e teu quando o quiseres descobrir.
É um fogo quente que consome
E a brisa que o alimenta,
É um amor que foge depressa
E se ri do seu vagar.

O dia em que perguntarem quem tu és meu amor
Vou sorrir e dizer tranquilo: "não sei"
Porque isso nem importante foi
Porque só quis amar - só isso, amar.

(Vitor)
...
Pergunta-me
Se te voltei a encontrar
De todas as vezes que me detive
Junto das pontes enevoadas
E se eras tu
Quem eu via
Na infinita dispersão do meu ser
Se eras tu
Que reunias pedaços do meu poema
Reconstruindo
A folha rasgada
Na minha mão descrente.

Qualquer coisa
Pergunta-me qualquer coisa
Uma tolice
Um mistério indecifrável
Simplesmente
Para que eu saiba
Que queres saber
Para que mesmo sem te responder
Saibas o que te quero dizer.

(Mia Couto - in "Raiz de Orvalho")

15/04/04

Mais um dia de trabalho que chega ao fim. Foi longo.
Antes de me ir embora, quero dar-te um beijo e um abraço.
Na memória...
Bons sonhos meu doce segredo!
AS MÃOS
Côncavas de ter
Longas de desejo
Frescas de abandono
Consumidas de espanto
Inquietas de tocar e não prender.

(Sophia de Mello Breyner Andersen)

Tocar um corpo que se deseja muito, é das melhores sensações que conheço.
O toque desse corpo é o inicio dos momentos de prazer que se seguem...
Sem palavras, não são necessárias.
Basta tocar, ser tocado e sentir!!
Sinto-te nas ténues linhas
da tua longa ausência...
GOSTAR
Sabes que gosto de ti? Claro que sim, julgo eu.
Talvez não saibas é que gosto de diversas formas. Como homem, de uma forma nua e crua, gosto do sexo contigo, como dizemos entre mulheres, és um "animal" de cama, e nesses momentos nós nunca fazemos amor, só sexo, talvez por isso é tão bom e especial.
Gosto de ti, com muita amizade, com um imenso carinho, gosto de saber das tuas vitórias, dos teus sucessos, de saber que estás bem.
Existe depois outra forma de gostar de ti, mas essa é a que menos importa.

14/04/04

Nesta última tarde em que respiro
A justa luz que nasce das palavras
E no largo horizonte se dissipa
Quantos segredos únicos, precisos,
E que altiva promessa fica ardendo
Na ausência interminável do teu rosto.
Pois não posso dizer sequer que te amei nunca
Senão em cada gesto e pensamento
E dentro destes vagos vãos poemas;
E já todos me ensinaram em linguagem simples
Que somos mera fábula, obscuramente
Inventada na rima de um qualquer
Cantor sem voz batendo no teclado;
Desta falta de tempo, sorte, e jeito,
Se faz noutro futuro o nosso encontro.

(António Franco Alexandre)
Quem nos inventou o tempo, pensou em tudo.
Só nos dá a percepção do que perdemos
quando já não há mesmo maneira de o
recuperar.
Entendêssemos nós isto mais cedo
e seria um pandemónio...
podiamos desatar para aí a viver felizes...

(Rodrigo Guedes de Carvalho
in "Os pés no arame")
Não posso escrever um post um pouco mais ousado, que de imediato recebo uma chuva de mensagens no meu hotmail.
Pois bem, têm que concordar comigo que é sempre muito bom sentir ou recordar momentos como os que descrevi.
Mas - há sempre um mas - neste caso é só mesmo imaginação da minha parte.
Não foi escrito para ninguém, e muito menos para o tal homem que descrevi num dos meus posts, como alguém perguntou.
Acreditam mesmo que existe algum homem que mereça estas palavras ou recordações? Claro que não!
No entanto, mantenho a esperança de que um dia apareça alguém que me faça escrever coisas destas ou ainda mais...digamos, fortes!!! Será um prazer, de verdade!

13/04/04

Tudo começou com uma troca de olhares. Duas mãos que se tocam ao segurar uma porta. E por fim o pedido de um beijo, um beijo "especial", dizias tu. Aconteceu esse beijo, foi especial porque foi teu.
Hoje penso que a primeira noite que saimos juntos foi imaginação minha.
Um jantar rápido e dei comigo num quarto de hotel, encostada a esse corpo. Como desejei aquele momento. Como desejava tocar esse corpo, senti-lo colado ao meu, sentir as tuas mãos perdidas em mim. As roupas foram atiradas para um canto qualquer daquele quarto.
A tua voz rouca dizia-me que não era um sonho, mas sim uma doce realidade. Tu estavas ali. Comigo. Toda eu te queria. Fechei os olhos para que não visses todo o desejo que crescia em mim e me fazia morder o lábio para calar os gemidos de prazer que me fazias sentir.
Seguiram-se outras noites. Sempre o mesmo bailar de dois corpos que se vão conhecendo e reconhecendo. O meu mundo, naqueles momentos, resumia-se áquela cama contra a qual o teu corpo me esmagava, apertava. O teu cheiro, a tua voz, as caricias que as tuas mãos inventaram, os meus gritos de prazer a pedir sempre mais, enquanto que com um movimento de ancas te dava todo o meu prazer, num gemido, num espasmo, num orgasmo que não queria terminasse nunca...
Não te inventei. Não és fruto da minha imaginação.
Tudo isto existiu sim, porque eu tive nas mãos o cheiro do nosso prazer...
Eu, ainda te quero, ainda te desejo, como sempre.
Como quando andavas por este corredor!

12/04/04

Porque procuramos a nossa alma gémea se os opostos é que se atraem?
Pois....
Têm estado uns dias fantásticos. Como eu gosto. Sol, muito sol!
Talvez porque nasci num País quente, não me dou muito bem com o frio. Não gosto de dias cinzentos. De chuva, vento. Sempre preferi o calor, dias quentes, noites mornas, roupas leves e claras.
O sol ajuda-nos a ver a vida de uma forma mais alegre. A brisa das noites mornas, seca-nos as lágrimas e faz-nos sorrir de novo. Mesmo que seja um sorriso triste. Evitamos lembrar as mágoas, as preocupações parecem menos pesadas, nasce de novo a esperança, mesmo que seja ténue. A vontade de recordar o que foi bom é mais forte e menos sofrida.
Nessas noite inventadas, por mim, chegas com um beijo suave, partes com um sorriso terno e fica sempre a promessa de voltares um dia. E eu acredito...
Bastava-me isso!

08/04/04

Passei por aqui para escrever alguma coisa. Nem eu sei o quê, na verdade. Apetecia-me, só isso.
É que de repente, deu-me um ataque de saudades. Tuas.
Escrevi, sim, muito - o que sentia principalmente - mas resolvi apagar o post, com alguma pena pois era tudo muito sincero.
Sempre fui uma pessoa reservada acerca do que sinto. Penso que há coisas que são só minhas, não devo, nem quero partilhá-las com ninguém...
Nem contigo!!!
Boa noite.

07/04/04

Este fim-de-semana vai ser maior que o habitual.
Quatro dias, porque a partir de amanhã já não se trabalha por aqui.
Não, não vou para o Algarve, pois segundo ouvi dizer vai meio milhão de portugueses para aquelas bandas. E, na verdade, não gosto de confusões. Vou ficar mesmo por aqui, com a familia.
Mas hoje vou aproveitar e sair, tenho um jantar com o meu amigo do FCP que está por cá.
Aproveito para desejar a todos uma boa Páscoa, muito doce e para quem vai andar na estrada...todo o cuidado é pouco.
Já dizia a minha avó "quem tem pressa, vai devagar".
Ora nem mais...

"Metade dos nossos erros na vida nascem do facto de sentirmos quando devíamos pensar, e pensarmos quando devíamos sentir."
(J. Collins)

06/04/04

UM ANO EM DOZE SEGUNDOS
Janeiro - A partir da noite de 31, Raquel Rocheta deixa de ter de usar bibe dentro de casa.
Fevereiro - Explode a nave Colombia. Agora percebo, porque é que já ninguém chama "vai-e-vem" ao Space Shuttle.
Março - Começa a Guerra do Iraque e passo os dias a assistir a tudo, em directo, pela televisão. Até pode haver quem diga mal desta guerra, mas há que reconhecer que o horário é bem melhor que o do Mundial de 2002.
Abril - Novas do Caso Casa Pia - A equipa de investigação da Polícia Judiciária está convencida que este drama podia ser sido evitado, se todos os alunos fossem fisicamente parecidos com Adelino Granja.
Maio - A Direcção do Real Madrid pede a Luís figo que corte relações com Paulo China, devida à pneumonia atípica.
Junho - O Papa deixou de falar português durante as audiências gerais de quarta-feira. Mas em compensação passou a fazer bolhinhas com a boca.
Julho - Taxistas contra Manuela Ferreira Leite. Estão centenas de taxis impecavelmente alinhados à porta da Assembleia da República. E ainda dizem que em Portugal não há crime organizado.
Agosto - Olhando para a arquitectura de algumas das casas que arderam, será que neste caso também se pode aplicar a expressão "fogo amigo"?
Setembro - Novas do caso Casa Pia - O advogado de Bibi foi despedido. Não conheço as qualidades profissionais deste senhor, mas permitam-me duvidar da capacidade de argumentação do causídio, quando diz que: "...a amiga de Bibi mente com todos os dentes que tem na boca."
Outubro - Quando vi o Paulo Pedroso na Assembleia da República, nunca me passou pela cabeça que o tinham posto em liberdade. Pensei que tinha sido transferido.
Novembro - Sorteio do Euro 2004 - Quando questionado sobre o que achava da visita dos ingleses a Coimbra, durante o Euro 2004, um estudante do segundo ano de engenharia da universidade coimbrã terá respondido: "Estive com eles nas trincheiras da batalha de Ypres, e são boa gente."
Dezembro - O casamento de Teresa Guilherme é interrompido por activistas do Green Peace.

(JQ - posted by Armada - 07 Janeiro 2004)

Encontrei por acaso este Blog "A Armada Invisível" e já me ri um bocado com alguns posts que há por lá. Vale a pena, de verdade!
SURGES
Surges nos momentos
mais inesperados.

Sombra de ternura
a cavalgar desejo.

(Silvia Chueire)
"Aos 40 anos a mulher está longe de ser fria e insensível; mas ela sabe, quando necessário, cobrir o fogo com as cinzas."
(Mary Wortle Montagu)


"A infância termina aos 12 anos; a juventude aos 20; a fé aos 30; a esperança aos 40 e o desejo aos 50."

(Proverbio alemão)

Se realmente isto é verdade....por mim estou tranquila, ainda me faltam uns aninhos para lá chegar!!!!

05/04/04

SOBRE ESTAR SOZINHO
Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o inicio deste milénio. As relações afectivas também estão a passar por profundas transformações e a revolucionar o conceito de amor.
O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempo modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria, e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.
A idéia de que uma pessoa possa ser o remédio para a nossa felicidade, que nasceu para o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico parte da premissa de que somos uma fracção e precisamos encontrar a nossa outra metade para nos sentirmos completos.
Muistas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona as suas características, para se amalgamar ao projecto masculino.
A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raíz: o outro tem que saber fazer o que eu não sei. Se sou calmo, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma ideia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal.
A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos a trocar o amor de necessidade, pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.
Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão a perder o pavor de ficar sózinhas, e a aprender a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão a começar a perceber que se sentem fracção, mas são inteiras.
O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fracção. Não é o príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem.
O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem que ir reciclando-se, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria; ele alimenta-se da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral.
A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. Visa a aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar a sua individualidade.
Quanto mais o indivíduo for competente para viver sózinho, mais preparado está para uma boa relação afectiva. A solidão é boa, ficar sózinho não é vergonha. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afectivas são óptimas, são muito parecidas com o ficar sózinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem.
Relações de dominio e de concessões exageradas são coisas do século passado.
Cada cérebro é único. O nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém. Muitas vezes, pensamos que o outro é a nossa alma gemea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.
Todas as pessoas deveriam ficar sózinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir a sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro de si mesmo, e não a partir do outro. Ao perceber isso, ele torna-se menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.
O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável.
Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado.

Desconheço o autor deste texto que achei fantástico e muito actual na verdade, e que me foi enviado por uma colega e amiga.
Estou convicta de que hoje em dia as pessoas, e principalmente as mulheres, estão a perder o medo de viver sozinhas e da tal solidão, que sem dúvida por vezes existe. Mas a solidão também é uma opção. Sabe bem! Precisamos dela e do nosso espaço. Para aprendermos a respeitar o espaço dos outros. Ninguém é propriedade de ninguém.
E de vez em quando sabe tão bem um aconchego, uma palavra, um abraço apertado...pode ser mesmo só isto!
Já é tanto!!!

02/04/04

Tenho uma certa facilidade em memorizar números.
De telefone, datas de aniversários, matriculas de automóveis, enfim, tudo o que tenha números!
Há momentos, tive que me ausentar do meu local de trabalho, para ir a outro edificio, também de trabalho, que agora não interessa nada. Quando regressei, e porque tenho a tal facilidade em memorizar números, passei por um carro estacionado aqui mesmo à porta, e até pensei que estava a ver mal a matricula da dita viatura. Que eu conheço muito bem por sinal.
Alguém veio almoçar para estas bandas e neste momento até sei com quem!
Resta-me desejar um bom almoço...
Hoje tive que vir trabalhar às 08H00 da manhã.
Não foi fácil sair de casa à hora a que normalmente me levanto.
Mas foi por uma boa causa...o trabalho, de que por sinal gosto muito. O meu!
Ontem andei a dar uma volta pelo meu baú de recordações. Encontrei tantas! Mais do que poderia imaginar quando o abri. Entre papeis amarelecidos, fotos de que já não me lembrava, entre sorrisos e algumas lágrimas nos olhos encontrei estas palavras, sobre Moçambique, retiradas do livro de Jorge Jardim - Moçambique Terra Queimada - que li há já uns anos.

"A queimada africana é imparável e assustadora.
Começa no capim seco que arde em altas labaredas. Corre veloz quando o vento sopra em seu favor. Domina os tandos e assalta as florestas, galgando a encosta das montanhas.
A queimada, esse festival africano do fogo, prolonga-se durante dias e chega a durar semanas. Vista de longe, pela noite, engana fácilmente os olhos pouco feitos em reconhece-la. Toma contornos aparentes de grande cidade e parece pontuar sobre a terra a presença civilizadora do homem. Na verdade, porém, é quase sempre consequência de descuido ou fruto de hábitos ancestrais mantidos em tradição milenária.
É bela a sua corrida infatigável. É terrivel na força que desencadeia. As árvores torcem-se, os animais fogem quanto podem e o fumo eleva-se em barreira espessa que tolda a vista e sufoca a garganta.
Mas por muito que alastre e por mais que se erga, acaba sempre por extinguir-se. Os homens é que raro sabem como dominá-la. Só os velhos, donos da ciência aprendida no mato, a encaram sem temor. Esses sabem que a queimada tem força que não dura. Brilha e queima, mas apaga-se. Depois surgem mais fecundas as machambas naquela terra que oculta tesouros. O capim tenro nasce viçoso quando as cinzas se dispersam e regressa nova vida no ciclo infindável que prossegue. Até as árvores rejuvenescem libertas dos ramos secos e inúteis que o fogo carbonizou. É assim! Foi sempre assim! E continuará a ser sempre assim a grande queimada africana.
Só há perigo e se joga o drama, quando homens que vêm de longe - e por isso se consideram mais civilizados - ateiam o fogo para desvendarem a selva que desconhecem ou para se protegerem dos medos que os assaltam. No refletir nocturno dos olhos da gazela julgam adivinhar a proximidade agressiva do leão. Fazem crepitar o lume, que não dominam, e depois assustam-se quando a África lhes responde com a força mágica que desencadearam.
Então, até a terra arde.
Julgando tudo saberem, só por nada terem aprendido, esses homens sem cor assistem impotentes à destruição que provocaram. Não acertam em saber de que lado está o vento e tudo tentam explicar, desculpando-se confusamente, para fugirem apressados do braseiro. Atrás deles deixam a terra queimada, e abandonam as vitimas inocentes que a surpresa apanhou desprevenidas.
Essa grande queimada, feita fora do tempo, nada tem de africana, mesmo quando em África a ateiam. Dessa, até os sábios velhos do mato têm medo. Essa queima as raízes, faz arder a terra e não permite que o capim espontâneo volte a nascer.
Quem ali viveu intensamente longos anos, e ali deixou a alma presa ao feitiço que inegávelmente existe, não pode esquecer a imagem dessa grande queimada da descolonização, que não foi mais do que fogo posto por mãos ignorantes e criminosas. Mãos de gente que não pertencia à África. Mas as dores tiveram que ser sofridas, sem culpa, pelos africanos de todas as raças, atingidas pela mais monstruosa traição que naquelas terras se conheceu. Essa queimada, desencadeada por incendiários, também acabará por apagar-se. Na história que os velhos irão repetir, em torno da fogueira que em cada noite se renova, ficará apenas a lembrança dessa horrivél tragédia. Lição para todos à custa do sofrimento de tantos. Lição para os jovens aprenderem e que os filhos que haverão de nascer, recordarem - para que isso não possa voltar a acontecer - que os homens que atiçaram essa queimada, não tinham cor que os distinguisse. Mas sempre repetirão que não eram homens de África.
Dispersas as cinzas, reparadas as destruições e revolvida a terra queimada, nela voltará a reverdecer a vida que nem os séculos puderam abafar. Os homens serão capazes de encontrar a felicidade que ambicionavam. Em muitos horizontes, em novas formulas de convivio e sempre no autêntico estilo africano. Mesmo sobre as ruinas. Mesmo sobre a terra queimada.
O chão fecundo, as florestas centenárias, os rios sem margens e o oceano de mil cores, esperarão as gentes que se foram, para que de novo venham unir-se ás gentes que ficaram. E todos juntos reconstruirão a África nova.
Creio que assim haverá de ser, sem que ninguém atente na cor da pele para melhor se ver a cor da alma.
Em África tudo tem cor mas nada tem uma só cor. Nem os rios, nem as montanhas, nem o mar, nem os animais da selva, nem as terras, e nem os homens.
Só o céu conserva sempre o mesmo azul ainda quando nuvens passageiras o ocultem.
Para esse insondável infinito se erguem olhos esperançados, buscando nele alivio para o drama deixado por homens que de África nada sabiam.
Homens que fizeram de Moçambique a Terra Queimada, que tardará anos em voltar a ser fecunda.
Homens que a África terá de esquecer para, depois, lhes poder perdoar."

- Jorge Jardim -

Nasci em Lourenço Marques e vivi uma parte da minha adolescência em Moçambique. Para que se saiba, eu amo e respeito esta terra onde vivo e que me acolheu. Mas o meu coração pertence à terra que meu viu nascer e que não consigo esquecer um único dia da minha vida, apesar da distância e dos anos que vão passando. Já são tantos!
África é assim. Prende, apodera-se de nós, para sempre.

01/04/04

NO ESCURO
Desenhou-o no escuro. Deu-lhe forma, materializou-o como se o tocasse.
As mãos ondulavam, dançavam, subindo no corpo que esculpia.
As pernas. A forma das ancas.
As mãos demoraram-se nas coxas os gestos mais lentos ali, despertando o desejo dele, despertanto assim o corpo adormecido.
Sentia até o cheiro que emanava daquele corpo que decorara, guardara e sabia de cor.
A boca entreabria-se para absorver o sabor da pele, um sabor de amor e suor.
O peito que ele tanto gostava de sentir acariciado, os braços que ela gostava de beijar por dentro, enroscada no corpo dele.
E o rosto, a boca...
Os dedos tocaram aquela boca, como tocava sempre com a língua, para depois morder o lábio inferior devagarinho até a boca dele capturar a sua.
Amou-o assim, enquanto ele dormia, tocou-o assim e desejou-o enquanto ele dormia.
O corpo dele tão presente que ao acariciar-se depois, as mãos que a percorreram não eram as suas...

(...encandescente...)