30/06/07

Foto: Minush Kraniqi



..... o que tu sentes

e o que em ti subsiste,

são o rubor da minha ternura

e a chama do meu amor

que em ti

nunca foram ausentes!...

- Judith Teixeira -
Foto: Claus Recondodk
Se.....

eu fosse uma fruta, eu seria.... um morango!

29/06/07

Foto: A Brito.


... é claro que sei esperar por ti
sabendo desde sempre que não vens e mesmo assim
escolho sem sobressalto a música perfeita
de te acolher no sono com o enevoado rumor
de todos os encontros improváveis
.....
- mas quando entre os ruídos da noite
a tua ausência é a única divisão da casa
que razoavelmente partilhamos
tudo isso serve / desculpa / de muito pouco.


- Alice Vieira -
Foto: Dan Stevens
Se.....
eu fosse uma pedra preciosa, eu seria.... uma safira!

28/06/07

Não resisti.... e voltei à minha escrita!
Não aqui, mas ali... ao lado!
E sinto-me, bem mais leve!
Solta-me as mãos
E deixa livre o meu coração!
Deixa que os meus dedos percorram
Os caminhos do teu corpo.
A paixão - sangue, fogo, beijos -
Incendeia-me em labaredas trémulas.
Ai, tu não sabes o que é isto!
É a tempestade dos meus sentidos
Dobrando a selva sensível dos meus nervos.
É a carne que grita, com suas línguas ardentes!
É o incêndio!
E está aqui, mulher, como um tronco intacto.
Agora que a minha vida feita de cinzas voa
Até ao teu corpo cheio, como a noite, de astros!
Deixa-me livre as mãos
E deixa livre o meu coração!
Só te desejo a ti, a ti só desejo!
Não é amor, é um desejo que se esgota e que se extingue,
É a precipitação de fúrias, aproximação do impossível.
Mas tu estás aí.
Estás para me dares tudo,
E para me dares o que tens, à terra vieste -
Como eu, para te ter
E te desejar,
E te receber!

- Pablo Neruda -
Foto: Dirk Baechle
Uma imagem viva

na memória,

uma mão inquieta sobre o corpo....

- David Teles Ferreira -
Se....

eu fosse um presente, eu seria.... um bom vinho!

27/06/07

Foto: Ricardo Duarte

Sou uma mulher comum, como tantas outras que comigo se cruzam todos os dias. Coloquei a máscara da realidade e abandonei a que trazia comigo: a da fantasia! Uma razão gélida invadiu-me a alma e apagou qualquer réstia de calor que comigo trazia e me alimentava o quotidiano. Afinal, não há como fugir da realidade. Da nossa. Até pudemos fingi-la, pintá-la com outras cores, mas o tempo encarrega-se de colocar as cores originais da nossa vida.
Parece-me que o tempo apagou as palavras bonitas, escritas, sentidas, vividas! Tudo me parece tão distante, como se um vento tivesse dissipado essas palavras, os sentidos e, até, as emoções.
É como se fosse um livro que deixei de folhear. É como se os sentidos se tivessem escondido por entre muitos outros sentidos que sempre mais me tocaram, e que fizeram parte da minha vida.
A delicadeza com que escrevi cada palavra, a suavidade com que recordava cada imagem, o silêncio que me rodeava naqueles momentos, os sonhos com que me cruzei, o percorrer de cada instante, o fechar dos olhos e inspirar o aroma que tão bem conhecia, o esquecer da noite e o não importar que amanhã seria outro dia... tudo ficou distante! Deixou de fazer sentido, sentir!
E eu acreditava que jamais haveria algum tempo que me fizesse esquecer o que era presente - o que era momento - ou algum vendaval que trespassasse a intensidade daquele sentimento real, forte, intenso, único, verdadeiro! Mas dei conta que - afinal - era pequeno, porque não era importante.
E as palavras - as minhas saudosas palavras - estão apenas aqui ainda despertas, vivas, escondidas atrás de um tempo, como lenha seca à espera que o fogo do tempo as transforme em cinzas. E já não há mais tempo que detenha o curso do tempo.... É imparável!
E, então, apagam-se as luzes, apenas arde o fogo que consome as palavras escritas, vividas, sentidas e quase nunca faladas, sussurradas!
Resta a escuridão, e o silêncio! Os dias irão adormecer à sombra de uma noite que foi para lembrar! Não sei se é tarde, se é cedo, para voltar a acreditar... sei, apenas que é um momento!
Um momento de saudade de escrever! O vício de escrever!
As palavras morreram! Despem-se os sentimentos! O coração já não bate...!
Quero nascer do nada. De novo.
Boa noite.
QUEM É VOCÊ


Quem será que me chega
Na toca da noite
Vem nos braços de um sonho
Que eu não desvendei
Eu conheço o teu beijo,
Mas não vejo o teu rosto.
Quem será que eu amo
E ainda não encontrei
Que sorriso aberto
Ou olhar tão profundo.
Que disfarce será que usa
Para o resto do mundo.
Onde será que você mora
Em que língua me chama
Em que cena da vida
Haverá de comigo cruzar
Que saudade é essa
Do amor que eu não tive
Porque é que te sinto se nunca te vi
Será que são lembranças
De um tempo esquecido
Ou serão previsões
De te ver por aqui... então vem!
Me desvenda esse amor
Que me faz renascer.
Faz do sonho algo lindo
Que me faça viver.
Diz se fiz com os céus algum trato
Esclarece esse facto
E me faz compreender.
Esse beijo, esse abraço na imaginação
E descobre o que guardo pra ti
No meu coração
Mas deixa eu sonhar, deixa eu te ver...
Vem e me diz: quem é você?


- Simone -
Foto: Janet Layher

Mais do que um sonho: comoção!
sinto-me tonto, enternecido,
quando, de noite, as minhas mãos
são o teu único vestido.

E recompões com essa veste,
que eu, sem saber, tinha tecido,
todo o pudor que desfizeste
como uma teia sem sentido;
todo o pudor que desfizeste
a meu pedido.

Mas nesse manto que desfias,
e que depois, voltas a pôr,
eu reconheço os melhores dias
do nosso amor.

- David Mourão Ferreira -
Se.....
eu fosse um gesto, eu seria... um abraço!

26/06/07

O tempo pára quando te despes.

O mundo desaba quando te vestes....
O silêncio é de prata e a palavra é de ouro

Ao contrário do que estabelece o ditado, sempre me pareceu que uma das piores situações que se pode criar entre seres humanos é a vivência do silencio.
A palavra poderá ter imensos inconvenientes, mas é veículo de comunicação, tentativa de diálogo, meio de despertar o outro.
O silêncio, muito apreciado em geral pelos seres ditos como superiormente inteligentes, peca, quanto a mim, por estabelecer entre as pessoas barreiras dificilmente transponíveis, ou, de outra forma, por cavar fossos tão fundos que quaisquer elos que possam existir correm o risco de se partir.
É uma verdade que, em certas ocasiões, o silêncio, por omissão, pode resolver com mais facilidade alguns problemas do que uma discussão acalorada. Mas também é verdade que, mais tarde ou mais cedo, esse silêncio vai ter que ser explicado...
No caso concreto do nosso dia-a-dia o silêncio seria, talvez, mais prático. Mas não creio que seja eficaz.
Há situações em que o silêncio é quase insuportável, porque deixa caminho livre a mil e uma interpretações sobre o seu significado.
Quando entre marido e mulher ou entre pais e filhos o silêncio é a única possível, sou levada a dizer que algo está profundamente mal. Não me refiro, como é evidente, aos silêncios parcelares de que todos necessitamos um pouco. Falo dos silêncios instalados de tal modo que cada dia que passa mais não faz que adensá-los ou, até mesmo, transformá-los nos chamados «ódios surdos».
Com efeito, pressupondo o diálogo um mínimo de duas pessoas, ou ambas estão disposta a conversar ou, então, estamos perante um caso de difícil solução.
Creio, contudo, que quando esta situação se verifica não basta, apenas, que um queira falar. É necessário levar (o que é diferente de «obrigar») o outro a fazê-lo, e para tal há uma linguagem que considero tão eficaz quanto a da palavra: trata-se da ternura.
A ternura constitui, penso, um dos meios que mais pode facilitar o diálogo. E mesmo quando esta não surte o efeito desejado tem, pelo menos, a vantagem de, na maior parte dos casos, pacificar situações tensas.
É claro que quando falo9 de ternura, refiro-me às ocasiões em que ela é possível, nomeadamente ao nível do quadro familiar.
Se se trata de questões profissionais ou quaisquer outras, em que um tal meio não possa ser utilizado, sugiro, então, uma versão da ternura para tais efeitos, que é a paciência... Direi mesmo, paciência construtiva, o que é para mim sinónimo de diálogo stand-by.
Por educação e por opção, a minha via é a da palavra. É-me difícil viver situações com o denominado «silêncio de cortar à faca». Direi até mais: entre um silêncio deste tipo e um diálogo violento, eu prefiro o segundo, embora correndo o risco de ouvir aquilo que não desejaria. Porque, pelo menos, fico esclarecida.
Todos nós vivemos, já, situações deste tipo. Mais ou menos magoadamente. Eu própria já as vivi e devo dizer que, enquanto «as palavras leva-as o vento» e o tempo, os silêncios, esses, recordo-os alguns com tanta nitidez que, ainda hoje, me aparecem como um imenso bloqueio, como algo que não soube resolver
Aliás, a palavra, mais do que tentar convencer o outro da nossa razão, deverá servir para tentar percebê-lo.
O silêncio, pelo contrário, afastando-nos dos outros, não permite a eficácia da palavra, dificulta o gesto de ternura, instala a amargura. Ou seja, tira-nos vida.
Por tudo isto me parece mais certo o aforismo «o silêncio é de prata e a palavra é de ouro».


- Helena Sacadura Cabral in "Bocados de Nós" -
Não há mais sublime sedução do que saber esperar alguém.
Compor o corpo, os objectos em sua função, sejam eles a boca, os lábios, os olhos...


- Maria Gabriela Llansol -
Se....
eu fosse uma árvore, eu seria.... uma cerejeira!

25/06/07



Estar contigo ou não estar contigo é a medida do meu tempo....

- José Luís Borges -

O verão está a demorar a "instalar-se"! Um dia está bom, no outro é o que se tem visto.
Sábado passado fui para os lados de Sintra, passar o dia a casa de um amigo. Recomendou-me para não esquecer o fato de banho, para darmos uns mergulhos. Lá fui eu munida do bikini, mas quando lá cheguei, embora estivesse sol, percebi de imediato que estava fora de questão vestir sequer o dito bikini, quanto mais dar um mergulho na piscina! É que o vento que se fazia sentir era mesmo muito fresco....
Estivemos sentados ao sol - até porque apetecia bastante - mas ir para a água é que nem pensar! Quando lá cheguei, começamos por beber umas frequissimas cervejas, depois comemos umas sardinhas, a acompanhar um Esporão branco fresco, ao longo da tarde bebi umas óptimas caipirinhas - não vou dizer quantas...! - e já a noite ia adiantada passámos para os digestivos.
No domingo tinha sérias intenções de ir fazer praia, mas cheguei a casa já estava mesmo quase na hora da praia, e resolvi passar pela minha caminha... quando acordei, já não era hora de ir para lado nenhum.
Quem me acordou foi a minha amiga, para me dizer que ia almoçar à praia com o namorado e queria saber por onde eu andava. Ainda nos falamos mais duas vezes durante o dia!
Hoje tenho estado por aqui, entre um tabalho e outro, a tratar de umas coisinhas que ela me pediu.
Foto: Angelica


Escrevias pela noite fora

Escrevias pela noite fora.
Olhava-te, olhava o que ia ficando nas pausas entre cada sorriso.
Por ti mudei a razão das coisas, faz de conta que não sei as coisas que não queres que saiba, acabei por te pensar com crianças à volta. Agora há prédios onde havia laranjeiras e romãs no chão e as palavras nem o sabem dizer, apenas apontam a rua que foi comum, o quarto estreito.
Um livro é suficiente neste passeio.
Quando não escreves estás a ler e ao lado das árvores o silêncio é maior.
Decerto te digo o que penso baixando a cabeça e tu respondes sempre com a cabeça inclinada e o fumo suspenso no ar.
As verdades nunca se disseram.
Queria prender-te, tornar a perder-te, achar-te assim por acaso no meu dia livre a meio da semana.
Mantêm-se as causas iguais das pequenas alegrias, longe da alegria, a rotina dos sorrisos vem de nenhum vício. Este abandono custa.
Porque estou contigo e me deixas a tua imagem passa pelas noite sem sono, está aqui a cadeira em que te sentaste a escrever lendo.
Pudesse eu propor-te vida menos igual, outras iguais obrigações.
Havias de rir, sair à rua, comprar o jornal.


- Helder Moura Pereira -
Se.....
eu fosse uma bebida, eu seria..... champagne!

22/06/07

Foto: Ciprian Stugariu

.... E condenaram-me a tanto:
viver, viver... e sem ti!
Vivendo, sem no entanto
me ausentar daquele encanto
que perdi...

- David Mourão Ferreira -

Se.....
eu fosse um instrumento musical, eu seria.... piano!
Foto: Torsten Brandt

NOVEMBER RAIN

When I look into your eyes
I can see a love restrained
But darlin' when O hold you
Don't you know I feel the same

'Cause nothin' lasts forever
And we both know hearts can change
And it's hard to hold a candle
In the cold November rain

We've been througt this such a long, long time
Just tryin' to kill the pain

But lovers always come and lovers always go
An on one's really sure who's lettin' go today
Walking away

If we could take the time
to lay it on the line
I could rest my head
Just knowin' that you were mine
All mine
So if you want to love me
then darlin' don't refrain
Or I'll just end up walkin'
In the cold November rain

Do you need some time... on your own
Do you need some time... all alone
Everybody needs some time...
on their own
Don't you know you need some time... all alone

I know it's hard to keep an open heart
When even friends seem out to harm you
But if you could heal a broken heart
Wouldn't time be out to charm you

Sometimes I need some time... on my own
Sometimes I need some time... all alone
Everybody needs some time... on their own
Don't you know you need some time... all alone

And when your fears subside
And shadows still remain
I know that you can love me
When there's on one left to blame
So never lind the darkness
We still can find a way
'Cause nothin' lasts forever
Even cold November rain

Don't ya think that you need somebody
Don't ya think that you need someone
Everybody needs somebody
You're not the only one
You're not the only on.

- Guns N' Roses -
Enviaram-me um mail, que tem como titulo: "O desafio do Se.....".
É engraçado porque se a algumas das questões respondemos de imediato, há outras que nos fazem ficar a pensar um pouquinho mais.
Diariamente irei aqui colocar os meus "Se....".

21/06/07


"Só existem duas coisas infinitas: o universo e a estupidez humana.
E não estou muito seguro da primeira..."
- Albert Einstein -



O Meu Amor Existe




O meu amor tem lábios de silêncio


E mãos de bailarina


E voa como o vento


E abraça-me onde a solidão termina.




O meu amor tem trinta mil cavalos


A galopar no peito


E um sorriso só dela


Que nasce quando a seu lado eu me deito.



O meu amor ensinou-me a chegar


Sedento de ternura


Sarou as minhas feridas


E pôs-me a salvo para além da loucura.




O meu amor ensinou-me a partir


Nalguma noite triste


Mas antes, ensinou-me


A não esquecer que o meu amor existe.



- Jorge Palma -



HISTÓRIA DE UM AMOR DE TUBARÃO!
A revista francesa "Le magazine des voyages de pêche" na sua edição nº 56, traz uma notícia espantosa: uma história de amor admirável.
"Arnold Pointer um pesador profissional do sul da Austrália libertou uma grande fêmea de tubarão branco (Carcharodon carcharias) das redes de pesca em que tinha ficado presa, livrando-a de uma morte certa.
Agora este pescador tem um problema...! Ele afirma: "Há dois anos que ela não me larga. Ela segue-me para toda a parte. A sua presença faz fugir os peixes que quero pescar. Já não sei o que fazer."
Efectivamente, difícil de se livrar de um tubarão de uma espécie protegida, que mede cinco metros, estabeleceu-se uma afeição mútua entre Arnold e "Cindy". Arnold diz: "A partir do momento que paro o barco ela aproxima-se, vira-se de costas para que eu lhe acaricie o ventre e o pescoço, ela grunhe, revira os olhos, bate com as barbatanas..."
Simplesmente admirável!!!
Um tubarão, um homem, um muito obrigado por ter salvo a minha vida!!!
O homem ainda tem muito que aprender com os animais...
A pior forma de se sentir a falta de alguém é estar sentado ao seu lado e saber que nunca a poderemos ter...

20/06/07

Foto: Carlos Hauck

....Vais dobrar-me em dois como se dobra um dia que passou sem nada dentro,

......

Sem ver na minha voz como cantava ao telefone a sombra da memória do desejo, que dói como um veneno.

- António Franco Alexandre -
Foto: Policarpo

SE

se por acaso
a gente se cruzasse
ia ser um caso sério
você ia rir até amanhecer
eu ia ir até acontecer
de dia um improviso
de noite uma farra
a gente ia viver
com garra

eu ia tirar de ouvido
todos os sentidos
ia ser tão divertido
tocar um solo em dueto

ia ser um riso
ia ser um gozo
ia ser todo o dia
a mesma folia
até deixar de ser poesia
e virar tédio
e nem o meu melhor vestido
era remédio

daí vá ficando por aí
eu vou ficando por aqui
evitando
desviando
sempre pensando
se por acaso
a gente se cruzasse....

- Alice Ruiz -

19/06/07

Foto: Joman

Cada palavra que escrevo
emociona-me e faz-me pensar.
Ma não escrevo porque
me emociono ou penso.
Escrevo tão só
porque em cada palavra há
pelo menos uma emoção
há pelo menos uma ideia
mesmo que eu não saiba
que emoção e que ideia são.
Escrevo afinal
porque me emociona
porque me faz pensar.
Não se escrevem emoções
não se escrevem pensamentos
escrevem-se apenas palavras.

- Luís Ene -
Assim que chego ao serviço, ligo a música aqui no meu computador.
Ainda há dias o "big boss" me disse que sou a única pessoa , aqui no serviço, que ouve música e que achava muito saudável, pois havia sempre uma certa alegria no meu gabinete.
Na verdade não consigo estar sem música!
Como esta semana estou sem crianças - não tenho horários portanto - decidi que hoje vou à Fnac, o que por sinal já não acontece há algum tempo.
Vamos ver o que por lá encontro.
Ontem fui almoçar ao Saldanha com a minha amiga e fui jantar a casa dela.
Juntou-se a nós um amigo dela, que eu ainda não conhecia, conversa puxa conversa saímos lá de casa eram duas da manhã.
A certa altura ela perguntou-me:
- Miúda, neste projecto em que estou a trabalhar agora, se precisar de ti posso «gritar»?
- Claro que sim, podes sempre contar comigo para o que for preciso.
Enquanto esperava, dentro do carro que ela chegasse a casa, recebi um telefonema de uma voz bonita, de quem eu já tinha saudades.
É sempre bom ouvir uma voz bonita, mesmo ao telefone, já que não pode ser ao "vivo e a cores".
Por aqui, há novidades menos boas todos os dias.
É o que há....

18/06/07

Foto: Marcelo Gol



Coisa mais linda

Uma das coisas que as mulheres nos ensinam - e só Deus sabe a somítica relutância com que partilham connosco o mínimo ensinamento acerca delas próprias! - é a olhar de perto para a maneira como as outras mulheres estão vestidas. A fazer como elas, enfim.
Bem perscrutado, o trajo de uma mulher pode indicar-nos - isto é, caso ainda queiramos saber - várias coisas que de outro modo não seriam evidentes. Os galifões, mais encantados com o próprio chauvinismo do que com o conhecimento em si, mantêm que o modo como uma mulher se veste mostra-nos o que ela tem para esconder.
Segundo esta escola de rua, se mostra as mamas é porque quer desviar a atenção das pernas; se mostra as pernas é porque está a encobrir criminosamente o rabo; se tem meias grossas é porque tem os tornozelos anafados à moda da Bairrada e se mostra a barriga está a pedir publicamente desculpa pelo não-comparecimento das mamas.
Mantêm assim estes caramelos, notoriamente falhos em granjear quaisquer simpatias femininas, que os optimistas vêem o que as mulheres mostram e contentam-se com isso; os pessimistas vêem o que elas escondem e só os realistas conseguem ver a parte visível em função da oculta, obtendo assim um retrato ideal da - para usar as palavras deles - «gaja toda nua».
Na verdade, não é nada disso. O que nos diz a escolha de roupa de uma mulher é muito mais importante: diz-nos a opinião que ela tem do corpo dela (o que raramente condiz com a nossa, geralmente mais generosa e tolerante) e, crucialmente, como ela menos se importa de se ver.
As mulheres passam por vaidosas mas, comparadas com os homens, que acham que estão sempre bem ou que são mesmo assim e pronto, são monumentos de exigência e de autocrítica, tais são os altíssimos padrões por que se regem.
Cada vez que uma mulher se veste dá-se uma guerra violenta, que não acata prisioneiros nem habeas corpus, entre ela, sozinha e aflita, e as forças negativas e avassaladoras do guarda-roupa
e do corpo dela, ambas tragicamente deficientes por definição.
Às vezes resigna-se; outras vezes afirma-se e, contra todos os cintos e acintes, triunfa gloriosamente. Amiúde deixa-se regimentar, aceitando uma solução comprovada, que não a deixa extática mas também não a deixa ficar mal.
Mas, quando se dedica a enfrentar corajosamente os Monstros - o corpo e a roupa que tem - e teima em lutar até ao fim, experimentando saias como Flaubert ensaiava vírgulas, sujeitando-se cruelmente às condições do mercado sem se deixar dominar por elas, muitas vezes emerge vitoriosa, completamente, linda de morrer, com a beleza da vitória a somar-se à beleza inata com que nasceu.
É por isso que, independentemente do carinho natural que se lhe tenha, é preciso render homenagem, de homem mesmo, à mulher bem vestida, seja ela de que idade, rendimento ou educação for.
Ela é vencedora de uma batalha contra si própria e os meios de que dispõe; lutando conforme leis inimaginavelmente austeras que ela própria ditou, muito para além das condições mínimas que a sociedade e a estética impuseram.
E está linda. E não sabe. E é a coisa mais linda que há.

- Miguel Esteves Cardoso -
Ontem, vi nas noticias, salvo erro na RTP1 - embora a iniciativa já tivesse sido falada nos jornais - que no eléctrico 28, que parte do Martim Moniz e vai até aos Prazeres, há fados "ao vivo e a cores".
E mostraram imagens do dito eléctrico, onde se toca e canta o fado, muito à portuguesa.
E para que a "coisa" fosse mesmo, mesmo "à portuguesa" entram duas senhoras, já de uma certa idade e muito "bem postas", aos empurrões, a discutirem porque uma entrou à frente da outra e começam pura e simplesmente à bofetada "à séria" e a insultarem-se.
Como tal, o quadro estava completo....

Why Should I Care?

Was there something more I could have done?
Or was I not meant to be the one?
Where's the life I thought we would share?
And should I care?
And will someone else get more of you?
Will she go to sleep more sure of you?
Will she wake up knowing you're still there?
Why should I care?
There's always one to turn and walk away
And one who just wants to stay
But who said that love is always fair?
And why should I care?
Should I leave you alone here in the dark?
Holding my broken heart
While a promise still hangs in the air
Why should I care?
Why should I care?


- Diana Krall -

Um dos cd's que me fez companhia nestes dias de férias.
Claro que não deu para ir à praia durante estes dias em que estive em casa.
Mas deu para dormir bastante, ouvir música, ler muito, ver uns filmes e ainda para estar com os amigos e o mais possível com os meus filhotes.
Hoje cá estou, tranquila, bem disposta e até há quem diga que engordei, mas não é verdade embora tenha começado a tratar desse assunto durante estes dias. Exactamente, os meus comprimidos "milagrosos".
Mas sinto-me bem, e muito serena, capaz de enfrentar todos os desafios.

12/06/07

Aqui está a justificação da minha ausência nos próximos dias....
Estou de volta na segunda feita!!!!
Hoje fui almoçar adivinhem com quem? Exactamente "C'a Chefe"!!!
Na verdade eramos quatro!
A certa altura disse-lhe:
- Tenho que me informar no gabinete da qualidade se, por acaso, o facto de virmos almoçar contigo não é uma "inconformidade"...!!
E para que a "inconformidade" seja completa, logo vamos para as sardinhas, festejar o Santo António.
Foto: Jean Bernard Augieir

Conto o tempo que falta
Primeiro em dias
Depois em horas
Finalmente em minutos
Como um obstáculo
Que me separasse de ti.
E só quando chegas
Percebo afinal
Num momento fulgurante
Que o tempo é
Apenas um caminho
Que me leva sempre
Onde tenho de ir.

- Luís Ene -

11/06/07

O 10 de Junho - dia de Portugal - este ano foi festejado em Setúbal.
Não, não fui ver os ditos festejos. Estive em casa durante todo o Domingo.
Pelo que me disseram, o mais impressionante de tudo, foi o desfile de BMW's dos senhores do governo que por lá se fizeram notar.
Mais tarde vi nas noticias que o Ministro das Obras Públicas não esteve em público durante os desfiles, só deu a cara mais tarde, vá-se lá saber porquê...
O certo é que o camelo não resistiu em aparecer no deserto da margem sul!!!
Deito fora as imagens,
Sem ti para que servem
as imagens?

Preciso habituar-me
a substituir-te
pelo vento,
que está em toda a parte
e cuja direcção
é igualmente passageira
e verídica.

Preciso habituar-me ao eco dos teus passos
numa casa deserta,
o trémulo vigor de todos os teus passos
invisíveis,
à canção que tu cantas e que mais ninguém ouve
a não ser eu.

Serei feliz sem as imagens.
As imagens não dão
felicidade a ninguém.

Era mais difícil perder-te,
e, no entanto, perdi-te.

Era mais difícil inventar-te,
e eu te inventei.

Possa passar sem as imagens
assim como posso
passar sem ti.

E hei-de ser feliz ainda que
isso não seja ser feliz.

- Raul de Carvalho -
Quero partilhar com vocês um mail que me foi enviado há algum tempo por alguém que passa por aqui sempre que pode. Diz assim:

"Quando o nosso mundo nos parecer um caos e as 24 horas do dia já não chegarem para estabilizar a nossa vida, seria bom recordarmos esta velha história:
... Na sala de aula, o professor estava de pé com alguns objectos em cima da secretária. A aula começou...
Calado, pegou num frasco grande de vidro, vazio, e começou a enchê-lo com bolas de golfe. Quando já não cabiam mais bolas, perguntou aos alunos se achavam que o frasco já estava cheio... Todos responderam que sim... O professor pegou então, num saco de feijões secos e, ao chocalhar o frasco, iam-se encaixando nos buracos vazios entre as bolas de golfe.
Quando já não cabiam mais feijões, perguntou aos alunos se achavam que o frasco já estava cheio... E todos responderam que sim...
Neste ponto, o professor despejou um saco de areia para dentro do frasco. Como é óbvio, a areia ocupou todo o espaço restante... Quando já não cabia mais areia, voltou a perguntar aos alunos se achavam que o frasco estava cheio. E, mais uma vez, se repetiu a resposta: Sim...
O professor agarrou então em dois copos de café e despejou-os para dentro do frasco, retorquindo: - Agora sim, já não há mais espaço!!! Os alunos riram!!!
"Agora", disse o professor enquanto as gargalhadas ainda se ouviam, "quero que vocês reconheçam que este frasco representa a organização da vossa vida."
- "As bolas de golfe são as coisas mais importantes: a família, os filhos, a saúde, os amigos e tudo o que vos é mais querido, de tal modo que, se tudo na vida desaparecesse e só ficassem elas, a vossa vida continuava cheia!
- Os "feijões" são as outras coisas importantes da vida: o trabalho, a casa, o carro.
- A "areia" é tudo o resto das coisas pequeninas.
"Se encherem primeiro o frasco com a areia, já não haverá espaço para o feijão nem para as bolas de golfe". O mesmo se passa com a vossa vida. Se gastarem todo o tempo e a vossa energia com as pequenas coisas, nunca chegarão a ter espaço para as que são verdadeiramente importantes. Prestem muita atenção às coisas que são essenciais à vossa felicidade!
Brinquem com as crianças. Tirem tempo para ir ao médico, talvez fazer um "check-up" geral...
Saiam para um jantar romântico... vai haver sempre tempo para arrumar a casa, para acabar um trabalho que só falta um bocadinho... Em primeiro lugar, tomem bem conta das vossas "bolas de golfe", símbolo da maior importância e tenham prioridades! Para o resto, vai haver sempre espaço...
Nunca encham em primeiro lugar o vosso frasco com a areia, porque, desta forma, as bolas de golfe não caberão no frasco...
Um aluno perguntou: - E o café o que é?!!
- Ainda bem que perguntas... ia agora mesmo dizer-vos. É que mesmo que sintam que a vossa vida está cheia, há sempre espaço para beber um café com um amigo."

Obrigada Pedro!!!
Boa semana.

08/06/07

E como vou terminar a semana de Thiago Lacerda?
Só podia ser beleza... naturalmente!!!
E pensava eu tirar a próxima semana de férias, ou seja, os quatro dias úteis visto que na quarta feira é feriado, fui falar com quem de direito sobre as ditas férias e sou surpreendida com um "não pode ser"!
Como tal só estou autorizada a tirar uns dias a partir do dia 13.
Pronto, mais vale pouco que nada!!!
Uma semana com Thiago Lacerda

06/06/07

Só mente, quem sabe a verdade...!!!
Uma semana com Thiago Lacerda

05/06/07

De repente, dou conta de que estou a precisar - urgentemente - de uns dias de férias! Este último mês não foi, em absoluto, nada fácil emocionalmente.
Ontem quando cheguei a casa, pouco passava da meia noite, a minha filha ainda estava acordada e dou comigo agarrada a ela e a não conter as lágrimas! Porquê, eu não sei! Fiquei ali abraçada à minha pequenina, que não percebia o que se estava a passar.
Apenas consigo dizer-lhe que me sentia muito cansada! Fui de imediato para a cama, mas não foi fácil adormecer. Às quatro e meia estava de novo acordada.
E, hoje, quando tive que me levantar percebi que não ia ser fácil.
Sinto-me fisicamente muito cansada e já não vou falar da parte emocional porque essa tem estado mesmo "de rastos". Desde Novembro até hoje, os meus dias não têm sido os melhores e muita coisa menos agradável aconteceu de repente. Não havia necessidade de ter sido assim, digo eu! Há alturas na vida em que parece que tudo o que é mau acontece ao mesmo tempo.
Hoje já consultei a minha escala de serviço e para além dos vinte e cinco dias de férias a que tenho direito, ainda me restam sete dias de folgas, como tal estou mesmo decidida a tirar uns dias para descansar, ir à praia, sem horários! As crianças estão com aulas, mas...paciência!
Mesmo assim já comuniquei a quem de direito que vou arejar uns dias.
Está feito! Decisão tomada!
Ontem sai do serviço já passava das nove da noite. Fui jantar com a minha amiga, conforme ficou combinado no jantar de domingo, e quando cheguei à Praça do Comércio tive a grata surpresa de dar conta que tinha um furo. Encostei o carro, liguei os quatro piscas - tudo nos conformes - e estava a ver o estrago quando parou um Mercedes ao meu lado, e um senhor muito simpático perguntou-me se precisava de ajuda.
Aceitei de imediato, como devem calcular. O senhor estacionou o carro atrás do meu e disse:
- Bem a senhora assim toda vestida de branco, é melhor ficar longe disto. Deixe estar que eu trato do assunto.
Entretanto tinha a minha amiga ao telefone a perguntar o motivo da demora e quando lhe disse que tinha um senhor a mudar o pneu ao carro, qual foi a pergunta que ela fez de imediato? Exactamente! "E o senhor é giro? Se for podes convida-lo para jantar connosco."
Pois...! Pronto...!!!
A semana de Thiago Lacerda

04/06/07

Isto por aqui está que está... A ferro e fogo é a única comparação que me ocorre!
Depois de uma reunião, com o departamento completo, que durou duas horas, quer-me parecer que há por aqui algum pessoal, preparadinho para pedir muitas explicações a quem de direito!
E também me quer parecer que alguém vai ter que dar umas boas respostas....!!!
Isto já só dá mesmo para rir, porque já não há lágrimas para chorar!

Estava eu a comer um hamburguer, voltada para o rio - a maré está baixa e o cheiro digamos que não era o mais agradável - e recebo uma sms, que diz assim:
"Cá estou eu ao sol, já dei um mergulho na água gelada para purificar a alma e estou a beber uma caipirinha pelas duas. Respira fundo, olha para isso como um emprego - que é o que é - e não guardes sentimentos negativos e vais ver que a vida está cheia de coisas boas para ti. As boas pessoas como tu merecem. À VIDA MIÚDA! Beijos."
Entretanto combinamos jantar logo, caso eles cheguem a casa em condições, com tanto sol e caipirinhas... veremos!! Bem, agora vou trabalhar, porque afinal alguém tem que trabalhar neste país, verdade???
Cá está ele de volta....
Thiago Lacerda

01/06/07

Solicita-se experiência!
A redacção que se segue foi escrita por um candidato, numa selecção de pessoal numa multinacional de renome.
A pessoa foi aceite e o seu texto está a fazer furor na Internet, pela sua criatividade e sensibilidade...

"Já fiz cócegas à minha irmã só para que deixasse de chorar, já me queimei a brincar com uma vela, já fiz um balão com a pastilha que se me colou na cara toda, já falei com o espelho, já fingi ser bruxo.
Já quis ser astronauta, violinista, mago, caçador e trapezista; já me escondi atrás da cortina e deixei esquecidos os pés de fora; já estive sob o chuveiro até fazer chichi.
Já roubei um beijo, confundi os sentimentos, tomei um caminho errado e ainda sigo caminhando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela onde se cozinhou um doce, já me cortei ao barbear-me muito apressado e chorei ao escutar determinada música no autocarro.
Já tentei esquecer algumas pessoas e descobri que são as mais difíceis de esquecer.
Já subi, às escondidas, até ao terraço para agarrar estrelas, já subi a uma árvore para roubar fruta, já caí por uma escada.
Já fiz juramentos eternos, escrevi no muro da escola e chorei sozinho na casa de banho por algo que me aconteceu; já fugi de casa para sempre e voltei no instante seguinte.
Já corri para não deixar alguém a chorar, já fiquei só no meio de mil pessoas sentindo a falta de uma única.
Já vi o pôr-do-sol mudar do rasado ao alaranjado, já mergulhei na piscina e não quis sair mais, já tomei whisky até sentir os meus lábios dormentes, já olhei a cidade de cima e nem mesmo assim encontrei o meu lugar.
Já senti medo da escuridão, já tremi de nervos, já quase morri de amor e renasci novamente
para ver o sorriso de alguém especial, já acordei no meio da noite e senti medo de me levantar.
Já apostei a correr descalço pela rua, gritei de felicidade, roubei rosas num enorme jardim, já me apaixonei e pensei que era para sempre, mas era um "para sempre" pela metade.
Já me deitei na relva até de madrugada e vi o sol substituir a lua; já chorei por ver amigos partir e depois descobri que chegaram outros novos e que a vida é um ir e vir permanente.
Foram tantas as coisas que fiz, tantos os momentos fotografados pela lente da emoção e guardados nesse baú chamado coração...
Agora um questionário pergunta, "Experiência...", "experiência..."
Será que cultivar sorrisos é experiência?
Agora... agradar-me-ia perguntar a quem redigiu o questionário:
- Experiência?! Quem a tem, se a cada momento tudo se renova???"

- autor desconhecido -