30/12/05

Sobre o champagne já dizia Napoleão:

"Nas vitórias é merecido.
Nas derrotas é necessário..."


Tchim, tchim, ao Novo Ano 2006!!!
Conto o tempo que passa
Primeiro em dias
Depois em horas
Finalmente em minutos
Como um obstáculo
Que me separasse de ti

E só quando chegas
Percebo afinal
Num momento fulgurante
Que o tempo é
Apenas um caminho

Que me leva sempre
Onde tenho de ir.

- Luís Ene -
O ano está quase, quase a acabar. Mais um que passou num "abrir e fechar" de olhos.
Abrimos portas ao Novo Ano 2006.
Normalmente, dou comigo a fazer uma análise do ano que passou.
O que fiz, o que não fiz e devia ter feito, o que foi bom, o menos bom, o que me magoou, o que me desiludiu, os sonhos que foram realizados e aqueles que ficaram pelo caminho.
A primeira conclusão a que chego - penso que de uma forma geral para todos nós - é que não foi um ano fácil.
Ao nível profissional, por aqui correu bem, foi um ano de muito trabalho, mas termina com a certeza de dever cumprido. Ainda houve tempo e muita vontade de dar uma «mãozinha» à minha amiga e ajudar a que um sonho dela seja amanhã uma realidade.
Penso que prejudiquei um pouquinho a minha familia no decorrer deste ano. Principalmente os meus pequeninos, devido às ausências que fui forçada a fazer por causa do meu trabalho. Nem sempre estive presente, embora tenha tentado compensa-los de alguma forma. Eu sei que não é possível, mas fiz o que pude. Espero que eles um dia, saibam e compreendam porque o fiz.
A nível pessoal, o ano não foi bom. Todos temos sonhos, uns que se realizam outros não. Talvez os meus sonhos voem demasiado "alto" e por isso não seja fácil realiza-los. Sei apenas, que nesse aspecto fracassei. Mas não perdi a esperança e continuo a manter alguns deles.
Foi um ano "pesado", difícil de carregar às costas! Houve mesmo momentos de um desalento total. Mas fiz sempre questão de ter um sorriso nos lábios. Sempre!
Os amigos que contavam comigo, não os desiludi! Estive lá, para o que foi necessário. Mesmo só com uma palavra, ou um abraço. Por vezes é só isto que temos para dar. Mas sei que só isto, quando é dado com amizade conta muito. Fala a experiência!!
Sofri algumas desilusões. Algumas mesmo difíceis de aceitar. Temos que sofrer o que não é bom, para darmos valor ao bom.
Não vou omitir o que foi, para mim, a parte mais difícil deste ano.
É terrível chegar à conclusão que não somos nada na vida de alguém que na verdade é tudo na nossa vida.
Eu não sou nada, e nada tenho, mas na simplicidade destes meus "nadas" eu dei tudo.
De uma forma sincera, sem obrigações, sem nada esperar de volta, só pelo prazer de dar o que tinha. O que recebi em troca, foi muito. Muito mesmo. Mais do que algum dia pensei receber. Sempre houve muita sinceridade pelo meio. Também houve algum egoísmo. Mas foi mais uma lição de vida. Só lamento a forma como terminou. Sempre achei que seria diferente.
Enganei-me. Mas isso também faz parte da vida! Cada um é como é, e ninguém tem que ser como nós gostariamos ou imaginamos.
Tenho a certeza que também eu desiludi. Resta aprender com os nossos erros.
Não há mágoas! Não há arrependimentos!
Há recordações bonitas que ficaram.
Há saudades do que foi bom.
Há uma grande paz em mim, no final deste ano 2005.
Uma grande esperança.
E a certeza no amanhã... no Novo Ano 2006.
BOM ANO PARA TODOS.
Acabei de ouvir na SIC Noticias que o nosso Primeiro Ministro, cancelou as suas férias na Suiça e antecipou o regresso a Portugal, devido ao facto de ter sofrido uma queda na neve. Isto é o que acontece quando as pessoas se põem a fazer aquilo que não sabem. E depois acontecem uns grandes "trambolhões".
Vamos desejar que as «quedas» do senhor PM se resumam às que ele teve na Suiça. Para não termos que «pagar» mais facturas.
Aliás, se ele fizesse como eu e ficasse em casa a passar o Fim de Ano, nada disto lhe teria acontecido.
Isto de se ter dinheiro para gastar na Suiça, é muito aborrecido e tem alguns inconvenientes!!!

28/12/05

Na verdade, tenho saudades de escrever...
Tudo o que sentia.
Só porque é verdade!!!

Agora vou mesmo embora.
Boa noite.
Penso que todos nós guardamos e conservamos algum objecto da nossa infância.
O que me tem acompanhado ao longo dos anos é uma almofada.
Isso mesmo. A minha almofada de criança, e estou a falar dos meus dois ou três anos de idade. Não é a almofada onde deito a cabeça, mas sim aquela em que durmo agarrada. Não por falta seja do que fôr, mas sim por vício, chamemos-lhe assim!
Ela tem sido a minha inseparável companheira ao longo de já alguns (?) aninhos.
Comigo partilhou os inocentes sonhos de criança, os medos, as doenças próprias da idade - a varicela, o sarampo, a papeira, uma hepatite - as revoltas quando pensamos que somos incompreendidos. Também foi a minha cumplice do primeiro amor na adolescência, em que acreditamos que estamos perdidamente apaixonadas e ficamos, no escuro a olhar o "nada" e adormecemos a sorrir. Partilhei com a minha almofada as lágrimas da partida para um País desconhecido, de que tinha medo e ao mesmo tempo uma grande curiosidade, e lhe prometi que fosse para onde fosse a levaria sempre comigo - cumpri a promessa. Mais tarde acompanhou-me nas lágrimas silenciosas das saudades grandes dos meus pais e da minha terra.
A expectativa do primeiro emprego, e o quanto me custou a adormecer na noite que antecedeu esse dia tinha eu apenas vinte anos.
Ela foi comigo quando me casei! E foi ela a primeira a saber quando descobri que ia nascer, dali a algum tempo, a minha «pequenissima» e certamente sentiu os seus primeiros movimentos, que mais tarde se tornaram mesmo uns pontapés deliciosos. Na minha segunda gravidez lá estava a macia almofadinha a partilhar comigo mais uma esperança de vida. O meu pequenino!
Mas também partilhou, muitas lágrimas, desgostos, desilusões, a perda dos meus avós!
Ela esteve sempre ali comigo, quando nos últimos tempos, lhe falei de alguém. E também, uma vez mais, me enxugou as lágrimas. Foi a companheira dos meus pensamentos. Sempre sem me interromper. Bastava-lhe estar comigo!
E não posso deixar de aqui registar, que das duas vezes que esse alguém esteve lá em casa, ali no meu quarto...ela lá estava também!
Penso que aprovou a minha escolha, e até amparou uma cabeça, que não era a minha!

Apenas nessas duas ocasiões, a partilhei com alguém!
E quando vou mais tarde para casa, a certa altura, lá está ela...a chamar por mim.
Até amanhã.
Calo a custo
as palavras que me falam de ti:
agarro-as uma a uma,
com todo o cuidado,
antes que se amontoem,
e reduzo-as a silêncio,
uma e outra vez.

- Luís Ene -
Ontem, por volta das cinco e meia da tarde, ligam-me a convidar para jantar. Por momentos e numa fracção de segundos, estive para agradecer e recusar. Mas pensei: porque não? E resolvi aceitar. Foi-me sugerido o "Solar dos Nunes".
Optei por lombinhos de porco preto com açorda d'alho, acompanhado por um fantástico tinto Quinta doVale Meão - se não me engano - nunca dou muita atenção aos vinhos pois confio sempre na escolha de quem me acompanha. Mas que era bom, lá isso era. Para terminar a refeição um leite creme que estava fabuloso.
Ás quatro da manhã, disse ao meu amigo:
- Como não sou Directora Geral de coisa nenhuma e amanhã tenho que ir trabalhar cedo, se não te importas vou até casa.
Ao que ele concordou desde que hoje fossemos jantar de novo, para conversarmos mais um pouquinho.
Respondi com um "nim"!! A ver vamos...!
Quando ia a caminho de casa, dei comigo a pensar, na noite agradável que na verdade passei. E que daria um ano da minha vida, para que a companhia que tive, fosse outra pessoa. Não porque o senhor não fosse uma óptima companhia, na verdade. Porque é!
Trocava o restaurante, o jantar, e tudo o resto. Bastava-me a companhia e um café.
E lembrei-me do telefonema que alguém me fez ontem ao final da tarde, onde a certa altura da conversa, me disse "só pensas nisso!".
Não, não é bem assim!
Aprecio uma boa conversa, e sou capaz de te dizer, exactamente o disse ontem a quem me acompanhava:
- Adorei este bocadinho e a companhia. Então até amanhã!
Só isso!!
Mas para que isto seja possível, alguém tem que apreciar também a nossa companhia. E isso nem sempre é fácil de acontecer.
É isso mesmo que vocês tão a pensar... "a vida nem sempre é como desejamos".
Então, bom dia!

23/12/05

Acendam as luzes do Natal...

porque uma grande imagem não fica apenas na mente,

mas no coração da Humanidade!!!

FELIZ NATAL
Mais uma noite em que a insónia foi minha companheira. O sono, de novo, escapa-me das mãos!
Sentada, em frente à minha janela - aquela que dá para o rio - reparo na imagem que se reflete nas vidraças da janela, e é como se aquele vidro me olhasse com ironia!
A noite está fria, o ruído do silêncio nesta sala ampla, mantém-me acordada. O silêncio é tão pesado, como a ausência do sono em mim.
Sento-me no cadeirão preferido - hoje mais do que nunca é o meu cadeirão - e deito a mão a um cigarro, que neste momento é o velho companheiro que me faz companhia e me trás alguma paz. Faço um esforço para que o pensamento não voe veloz para o «lugar» de sempre.
Á minha frente a Árvore de Natal pisca nas suas luzes multicolores, incansável! Nesta época do ano, há mais tendência em recordar de uma forma mais sentida, aqueles que amamos e que tanta falta nos fazem. E o pensamento, atravessa oceanos, até chegar ao Índico.
Somos uma familia numerosa e recordo o Natal com a casa cheia. Eramos cerca de vinte e quatro, entre avós, pais, filhos, tios, netos e sobrinhos. Alguns já "partiram" e não voltaremos a tê-los no nosso Natal, outros regressaram à terra que os viu nascer vinte anos após terem de lá saido. Não os vejo há dez anos! Dez longos anos, que não conseguirei recuperar nunca mais. E nesta época sinto a sua falta mais do que nunca. Crescemos juntos, vivemos sempre por perto até regressarem a Moçambique. Dei comigo a pensar que o meu filho não os conhece. Sabe quem são apenas por fotografia. Como o tempo passa...
Enquanto perdemos tempo com coisas tão pequenas e sem importância, esse tempo vai andando, sem que seja possível parar o relógio. Perde-se tempo com pensamentos absurdos, diálogos que não acontecem, monólogos sem respostas, alimentados por ideias idiotas, e continuamos a lutar contra o senso comum daquilo que pensamos que tem que fazer sentido. Deixamo-nos embrulhar em teorias de conflitos, feitos de vontades alheias, mesmo sabendo que vão contra os nossos príncipios, os nossos desejos.
Hoje sou uma pessoa diferente, penso por vezes que sou uma desconhecida que do passado, da criança e adolescente que fui, apenas mantem o nome.
Por todas estas conclusões a que chego, apetece-me recordar o que foi bom, o que valeu a pena, e aqueles que me dão o prazer da sua companhia. Recordar é como reler o príncipio. É como voltar ao começo. Á gargalhada sincera e espontânea. Ás brincadeiras. Á cumplicidade dos segredos. Ao primeiro amor que pensamos será eterno, e que com o passar do tempo vemos que afinal não é bem assim. Aos sonhos em que acreditámos, as ilusões que nos deslumbravam.
Tudo ficou para trás. Tudo passou!
Já à espreita está o sorriso da madrugada.
Antes que o sono chegue, digo adeus ao que ficou nas lembranças.
E já aconchegada no calor dos lençois, desejo um Feliz Natal aos meus que estão tão longe.
E que por momentos estiveram ali, tão perto de mim.
Estarão sempre!!!

22/12/05

Hoje ao almoço tivemos um encontro inesperado!
Lisboa é uma cidade muito pequenina...
Quem diria!!!
As dúvidas nascem dos silêncios...

Há silêncios tão «pesados» que não deixam dúvidas!!!
Há situações demasiado evidentes.
Acho que as mulheres têm um sexto sentido para perceber «coisas» que os outros pensam que nos escondem...
Principalmente quando já vimos o "filme", onde só os protagonistas mudam. Neste caso, só a actriz mudou!
O resto é tudo igual...!
O problema do silêncio é que amplia tudo.
Mas se precisares que te minta
dir-te-ei a mentira maior:
sei ser inteiro sem ti!

- pedro -

21/12/05

" O bem é relembrado;
o mal...sentido!"

- Textos Judaicos -
Ontem fui para a cama bastante cedo.
Devido aos medicamentos que ando a tomar, que me dão imenso sono.
Estava a ver o debate entre Cavaco Silva e Mario Soares e quase não conseguia abrir os olhos. Nem os nervos que me faz ouvir Mario Soares, conseguiram despertar-me.
Hoje acordei com uma tranquilidades e uma paz enormes.
Sinto-me bem.
Acabei de tomar um café, comi um «sonho» que a minha mãe fez ontem à noite e que estão uma delicia, segundo a opinião dos meus colegas que já esvaziaram a caixa que trouxe para eles provarem, e agora vamos voltar ao trabalho, porque isto por aqui não pára!!
Bom dia, mesmo com um sol envergonhado!

20/12/05

A ZAMBÉZIA

Vou aqui falar um pouco da Província da Zambézia, onde sempre vivi. Nasci em Lourenço Marques - por acidente. Os meus pais tinham vindo de férias a Portugal e quando chegaram a Lourenço Marques a minha mãe teve que lá ficar pois eu já não lhe dava tempo de continuar a viagem. E assim nasci naquela linda capital de Moçambique. Quem lá nascia dizia-se que era "coca-cola" - que já por lá havia exactamente como a que hoje há cá - ou também "LM".
Vamos então caminhar para norte até à província da Zambézia, cuja capital é Quelimane, e está dividida em dezasseis distritos e a sua área é maior que Portugal Continental três vezes.
A Zambézia está localizada no Centro/Norte do País e tem como limites a Norte as Províncias de Nampula e Niassa, a Sul Sofala, a Oeste o Malawi e a Província de Tete, e a Leste o Oceano Índico (aquele de águas quentinhas...). Está disposta em anfiteatro voltada para o Índico e a vegetação vai mudando à medida que a altitude aumenta.
Destes dezasseis distritos, os que conheci melhor foram: Gurué, onde vivi quase sempre, Mocuba e Quelimane, onde estive nos últimos anos da minha adolescência naquelas terras. O Gurué situa-se nas zonas mais elevadas e é conhecida pelas rasteiras e verdejantes plantações de chá. Quem não se lembra, por exemplo, do Chá Licungo? Pelo meio das plantações a perder de vista, serpenteavam lindas acácias vermelhas ou os jancarandás de flôr lilás, a marcar a paisagem de diferentes colorações.
Em Mocuba predominavam o imensos algodoais e o sisal, era uma cidadezinha plana, a contrastar com o Gurué, rodeado de montanhas e serras, sendo a mais conhecida a Serra do Namúli, que se erguia altaneira nos seus 2419 metros, acima do mar, sendo o segundo ponto mais alto do País.
O nome de Gurué vem de um Chefe de tribo, os «Lomwé», que é também o idioma falado pela população.
O meu próximo post será dedicado a Quelimane, onde passei parte da minha adolescência, e foi desta linda cidade que me despedi de Moçambique.
O Natal na minha terra é em pleno verão.
Muito calor, muita praia!
É época de grande variedade de frutas como, manga, papaia, goiaba, cajú, abacate. Frutas doces, sumarentas, cujas árvores, nascem espontaneamente à beida da estrada, sem tratamentos especiais, sem adubos. Basta-lhes o sol, e a chuva que cai na altura própria.
Recordo-me de subir a estas árvores, em miúda, para apanhar a fruta. À excepção da papaeira, são todas árvores de médio e grande porte, a mangueira será dentro deste grupo a maior, pois é uma árvore frondosa e que se torna muito grande. Algumas vezes, lá vinhamos parar cá a baixo, agarradas a um ramo mais frágil e que não aguentava com o nosso peso, mas isso não nos tirava a vontade de voltarmos a subir de seguida. Sentávamo-nos num ramo, lá no alto, e comiamos a fruta ali, tranquilamente. Não era necessário lavar! Nunca ficamos doentes por esse motivo! Uma vez por outra lá tinhamos um encontro com uma abelha, ou uma vespa que também queriam provar a deliciosa fruta, ou até com uma cobra, disfarçada no arvoredo. Nessa altura desciamos mais depressa do que tinhamos subido...!
Quando iamos para a praia do Zalala, em Quelimane, nas férias do Natal, que duravam cerca de um mês, parávamos no caminho para comer «côco-lanho». Dá-se este nome ao côco que ainda não está completamente formado. Depois de se abrir comemos com uma colher. É tipo creme, a polpa ainda não está dura como é conhecido. E digo-vos que é uma delicia.
Este côco, tem mais leite do que o já completamente formado. O leite é fresco, saboroso! Em Quelimane, o povo dizia: "Quem prova o leite de côco, numa mais deixa a Zambézia". Era como um feitiço.
E é verdade! Deixei aquela terra fisícamente! Mas o meu coração nunca de lá saiu!!!
Fomos almoçar só as duas.
Estivemos a conversar sobre a nossa vida, que de há dois meses para cá não tem sido fácil. Nem para mim, nem para ela. Mas...vai-se vivendo há espera de melhores dias, que temos a esperança virão com o novo ano.
Toda a conversa decorreu, enquanto comiamos uma deliciosa dobrada, acompanhada de vinho tinto. Estava deliciosa, de verdade!
Eu comi "até tocar com o dedo", como se costuma dizer!
A minha amiga a certa altura até fez o reparo.
- O que te deu hoje?
- Amiga, eu tenho que comer. Preciso de engordar uns quilinhos urgentemente! A balança lá de casa já não pode andar mais "para trás". Comecei ontem a tomar uns comprimidos, para me recompor. Só há um contra... é que o medicamento me dá um sono terrível!!!
Foi óptimo o nosso almoço!

19/12/05

O dia de trabalho hoje começou, para mim, às 08.30H.
Bem cedinho como podem ver.
Terminou mesmo agora.
Vou até casa, pois preciso urgentemente de dormir.
Nas duas últimas noites não foi fácil.

Boa noite!!
De partilha

escrever, é contar um segredo
ler, é partilhar o segredo
pedir para escrever
é querer pertencer a esse segredo.

- f.dinis -

Quando criei este blog, foi para, através dele falar dos meus sentimentos. Aquilo que não podia dizer através de palavras faladas a alguém. Era o meu cantinho dos desabafos.
Um dia, a pessoa a quem ele se destinava teve conhecimento do "Sonhos Perdidos" e que tudo quanto aqui escrevia era para ele. Penso que durante algum tempo gostou do que leu e aqui lhe foi dedicado. Algumas vezes - poucas - quando havia por aqui ausências mais prolongadas, ligava-me e dizia: "Então, não há nada para se escrever?" Eu, tenho que dizer a verdade, gostava daquelas «reclamações».
Hoje, já não é assim. Se a certa altura o que aqui foi escrito agradava a essa pessoa, agora deixou de ter qualquer interesse. O que é natural.
Quando aqui cheguei, vinha com o firme propósito de simplesmente apagar o blog, porque não fazia sentido manter estas páginas, que desde o primeiro dia lhe eram dedicadas.
Comecei por ler alguns posts, já bastante antigos. Um aqui, outro além, e senti exactamente as mesmas emoções com que os escrevi na altura.
Senti uma saudade imensa daquele tempo! E tive muita pena de me desfazer destas lembranças.
De que adianta simplesmente «apagar» o blog quando as recordações estão todas cá dentro e a essas não me é possível simplesmente fazer «delete»?
Não. Nada disso. Vou manter o blog exactamente como está. Por agora será assim.
Não sei o que vou escrever daqui em diante. Logo se verá.
No entanto, o que aqui deixar , não será para ninguém em especial. Será sim para quem me lê.
Hoje, quando leio o que aqui está registado, faço-o com uma dor imensa. Tão grande que não me deixa sentir mais nada. E com lágrimas nos olhos.
Mas um dia, quando por aqui passar e olhar para trás, sei que o farei com um sorriso e pensarei cá para mim:
- Por onde andará este Miúdo...??
Era tarde para te dizer

Ficou o silêncio erguido como uma estátua exótica
a separar o nosso campo de visão das inúmeras
invenções que baptizámos de paixão.

Ficou incómodo o aviso de que o futuro nutria
esperança nos dias de outros e que a nossa sintonia
corria numa frequência inexacta
nenhum de nós levantou a cabeça
beijou na despedida um afecto por recordar
uma tentativa consistente que nos prendesse
à terra onde nos inventámos.

Era tarde para te dizer que sim
ou que não
ou que talvez um dia.

- f.dinis -
Recebi em mail que faço questão de partilhar com todos vocês.
Porque é quase Natal, e um Novo Ano se aproxima.

Porque és Especial

Podes ter defeitos, viver ansiosa e ficar irritada algumas vezes, mas não te esqueças de que a tua vida é a maior empresa do mundo.
Só tu podes evitar que ela vá à falência. Há muitas pessoas que precisam, admiram e torcem por ti.
É importante que te lembres sempre de que ser feliz não é ter um céu sem tempestades, caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem decepções.
Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros. Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas reflectir sobre a tristeza. Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos. Não é apenas, ter júbilo nos aplausos, mas encontrar alegria no anonimato. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e periodos de crise.
Ser feliz não é uma fatalidade do destino, mas uma conquista de quem sabe viajar para dentro do seu próprio ser.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tronar-se autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus, a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injústa. É beijar os filhos, curtir os pais e ter momentos de alegria com os amigos, mesmo que eles nos magoem.
Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples que mora dentro de nós.
É ter maturidade para dizer "errei".
É ter ousadia para dizer "perdoa-me".
É ter sensibilidade para confessar "eu preciso de ti".
Ser feliz é ter capacidade de dizer "eu te amo".

Desejo que a vida seja um canteiro de oportunidade para ti.
Que nas tuas primaveras sejas amante da alegria.
Que nos invernos sejas amiga da sabedoria.
E, quando errares o caminho, recomeça de novo.
Pois assim descobrirás que ser feliz não é ter uma vida perfeita, mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Aproveitar as perdas para refinar a paciência, as falhas para esculpir a serenidade. Usar a dor para lapidar o prazer e os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.
Jamais desistas de ti mesma.
Jamais desistas das pessoas que amas.
Jamais desistas de ser feliz, pois a vida é um espectáculo imperdível.

E as pessoas especiais sabem dividir o seu tempo com os outros.
São honestas nas atitudes, são sinceras e sabem que o amor faz parte de tudo.
Pessoas especiais, têm coragem de se doar aos outros, sem nenhum interesse oculto.
Não têm medo de ser vulneráveis, acreditam que são únicas e gostam de ser quem são.
Pessoas especiais importam-se com a felicidade dos outros e ajudam a conquistá-la.
Pessoas especiais são aquelas que realmente tornam a vida mais bela e mais feliz.
E tu és muito especial!!!

- autor desconhecido -

A quem me enviou estas palavras um beijo grande.

18/12/05

Tenho a sensação de que me arrancaram um pedaço!
E doeu! Dói de uma forma terrível. Imensa!
Tenho uma sensação de vazio. Como se tivesses levado contigo tudo o que tinha!
Não, não foi surpresa! Já estava à espera que acontecesse há algum tempo. Já havia indícios de que o fim se aproximava.
A última vez que estive contigo, levei umas garrafas de vinho que me tinhas pedido para arranjar. Além dessas levei uma outra para tu provares. Disseste-me "Então um dia destes temos que provar esta." Não sei se te lembras da minha resposta: "Não vale a pena deixares estragar o vinho...bebe tu!". Eu sabia que nunca iriamos provar os dois aquele vinho. Não me enganei!
Sabes, Charme, na verdade não é feliz quem ama! É feliz quem pode soltar esse sentimento, transmiti-lo, dá-lo, a quem o fez nascer mesmo sem querer!
Não te acuso! Sempre me falaste com certezas, com verdades, que me deixaram sem argumentos para te "apontar" o dedo, fosse no que fosse! Durante todo este tempo - foram quase três anos - a minha vida contigo pertencia à categoria do «logo se vê», e tudo era resolvido em cima da hora. Mesmo assim, vivi sempre dependente de ti, da tua vontade, do teu desejo. Mesmo depois de ter aprendido a jogar esse jogo de incertezas, sempre na expectativa do dia em que te ia ver. Até o não saber o que ia acontecer, quando te ia ver com antecedência, chegou a ser bom para mim. Eu sabia que um dia, o telefone ia dar sinal de entrada de sms. Lá estava o convite para ir até junto de ti.
Tudo foi bom, todos os poucos dias que passei contigo - a mim pareceram-me poucos - todas as sensações que tive, todos os momentos repletos de cores e imagens, até todos os nadas, já tenho saudades de tudo!Não consigo pensar, que não volto a estar contigo. Só contigo.
Na vida propomo-nos sempre a continuar, a descobrir novas emoções, uma nova luz que nos desperte para o que é bom, para um novo olhar, para a magia de mais um dia de sol, num lugar que trás recordações boas, sujeitamo-nos a qualquer desafio, na tentativa de mais um dia sempre diferente ou até igual. Lembranças de histórias e momentos bons, no paradoxo de tempos com os quais nos sustentamos.
Eras o refúgio que sempre procurava, como se fosses a luz que me guiava, para os meus momentos de tranquilidade e de paz. Tu, o teu corpo, eram como o meu secreto lugar, onde eu existia de verdade. Só tu podes ser esse meu lugar. E eu já não o encontro. Eras um pedaço de mim e no instante inicial em que li as tuas palavras, senti como se te tivesses arrancado de mim. Levaste contigo a melhor parte do que tinha. E a dor de sentir a perda do real foi demasiado grande.
Penso que nunca fui ao encontro do que realmente esperavas de mim. Não soube ir ao teu encontro. Mas acredita que tentei! Com todas as minhas forças tentei não te decepcionar, e fazer parte de momentos bonitos na tua vida. Mais uma vez fracassei! Mais uma vez não consegui atingir o que me propus. E já é tarde para corrigir o erro. Porque o tempo não volta para trás, e nem sempre nos dá uma segunda oportunidade!
Quando as minhas mãos tocavam o teu corpo, era como se tentasse tocar-te também a alma.
Queria fecha-las e nunca mais largar as tuas. Como se com esse gesto segurasse tudo o que me deste. Aqueles momentos eram toda a felicidade que uma vida comporta. Mas quando estava contigo, o tempo voava para fora do meu alcance, e eu nunca consegui segurar o que me deste.
De repente tentei agarrar esse tempo nas minhas mãos, cerrei-as com força na tentativa de ainda segurar algo que me restasse de ti...mas quando as abri, as minhas mãos estavam cheias de nada e de um grande vazio.
Na minha vida foste renovação, sonho, prazer, paixão, sol e alegria, foste sorriso sincero, foste vitoria, imortalizaste momentos, foste lágrimas, foste felicidade que eu não sabia existir, foste o arrepiar da pele... és sentimento.
E foste utopia!!
Abdiquei de mim, por ti! Sem culpas! Sem remorsos! Com a certeza de tudo repetir.
Porquê?
Porque gosto de ti.
Por tudo
E por nada...!!!

Boa noite...Charme!

16/12/05

A um ausente

"Tenho razão para sentir saudade, tenho razão de te acusar. Houve um pacto implícito que rompeste e sem te despedires foste embora. Detonaste o pacto. Detonaste a vida geral, a comum aquiescência de viver e explorar os rumos de obscuridade sem prazo, sem consulta, sem provocação até o limite das folhas caídas na hora de cair. Antecipaste a hora. Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas. Que poderias ter feito de mais grave do que o acto sem continuação, o acto em si, o acto que não ousamos nem sabemos ousar porque depois dele não há nada? Tenho razão para sentir saudades de ti, da nossa convivência em falas camaradas, simples apertar de mãos, nem isso, voz modulando sílabas conhecidas e banais que eram sempre certeza e segurança. Sim, tenho saudades. Sim, acuso-te porque fizeste o não previsto nas leis da amizade e da natureza, nem me deixaste sequer o direito de indagar porque o fizeste, porque te foste."

- Carlos Drumond de Andrade -

Sempre se descobre alguém que escreve o que nós gostariamos de dizer em determinada altura. Porque na verdade, há atitudes que não se entendem, que temos dificuldade em aceitar porque não há motivos para que assim seja.
Se me queres magoar, não o faças com silêncios, com ausências, ou indiferença.
Magoa-me simplesmente com palavras. Com a verdade! Ou com um sorriso!
Nada me magoa mais do que a lembrança de um sorriso teu...!
O teu nome

apetece ficar
debruçado no teu corpo
levantando voo pela noite
e exclamar

profundamente

o teu nome

- f.dinis -
O almoço foi óptimo e deu para descontrair. No sítio do costume.
Almoçamos as duas com o amigo que anda por terras de Angola.
A conversa decorreu entre as Presidenciais e África.
As aventuras por aquelas terras lindas!!!
Taj Mahal - O Monumento ao Amor

Na história da Humanidade existem grandes provas de amor. O monumento Tal Mahal, encerra uma das mais fascinantes.
Foi mandado construir em 1632, pelo imperador mongol Shah Jahan, em Agra na Índia, em homenagem à sua esposa Muntaz Mahal, que morreu ao dar à luz um dos seus filhos.
Este monumento é uma verdadeira escultura em mármore e pedras semi preciosas, levou vinte e dois anos a ser construido, e trabalharam nele mais de vinte mil homens, trazidos de diversas partes do mundo Árabe.
O Imperador ordenou que se construísse um túmulo que não fosse fúnebre, pois deveria celebrar a curta vida de um amor. A sua beleza e graça hão-de recordar eternamente a mulher, sem envelhecer. Será um sonho de mármore edificado na fronteira delicada entre o real e o irreal como a própria paixão.

É de mármore branco, imaculado, e desenhos de flores, construídos com pedras semi-preciosas incrustadas no mármore, decoram o interior, onde está o sarcófago. Citações do Alcorão adornam as paredes exteriores. Dizem que ao amanhecer adquire tons rosa, ainda envolto numa nublina e ao pôr-do-sol adorna-se de tons dourados.
Sobre este Monumento ao Amor, o grande poeta Tagore disse:
"O Taj Mahal é uma lágrima de amor na face do Universo."

Haverá maior prova de um grande e eterno amor, do que o Taj Mahal?

15/12/05

Aqui há uns anos atrás - em 1999 se não me engano - fui a uma exposição de cães e gatos pela primeira vez. Já aqui disse diversas vezes, que tenho paixão por felinos. Neste caso por gatos. Numa das voltas que dei na dita exposição, em que havia gatos de todas as raças e cores, lindissimos, deparei-me com um persa preto, enorme, um pêlo lindo, brilhante. Todo preto, com uns olhos doces amarelos. Estava deitado, dentro de uma gaiola, e os seus lindos olhos, olharam-me com uma doçura que me impressionou! Parecia que me pedia para o tirar dali!
Perguntei ao dono se lhe podia pegar um pouquinho, ao que o senhor concordou.
Quando lhe peguei ao cólo, ele encostou a cabeça no meu ombro e ali ficou a ronronar!
Perguntei se o gato estava à venda. Disse-me que sim e até fiquei muda quando me disse quanto custava o simpático bichinho.
A certa altura disse-lhe:
- Vou levá-lo! Ele escolheu-me...!!
Cresceu, tronou-se num respeitável bichinho de oito quilos, mas sempre com uns olhos doces, muito meigo.
O meu gato desapareceu ontem de casa.
Ás três e meia da manhã ainda eu andava na rua à sua procura.
Sem sucesso!!!
Ontem quando saímos daqui, fomos as duas jantar e conversar um pouquinho, o que já não acontecia há algum tempo, por incrível que pareça.
Enquanto comiamos um óptimo caril, acompanhado por um vinho verde fresquinho, íamos conversando sobre diversos temas, alguns bastante interessantes por sinal.
A certa altura recebemos um telefonema, de um amigo, a convidar para irmos lá a casa tomar um café.
Assim fizemos e só nessa altura conseguimos ver, na SIC Noticias, um resumo do debate entre Mário Soares e Manuel Alegre. Foi um momento hilariante, sem dúvida!
O que vale é que vamos tendo estes momentos para nos divertirmos um pouquinho! Para não chorarmos...!
Tenho que concordar com um amigo, que diz: Miguel Sousa Tavares esteve muito bem durante o debate!!

Bom dia. Embora hoje esteja bastante frio... já repararam neste sol esplendoroso?

14/12/05

Por estas bandas a «coisa» começa a aquecer...
Muito se fala! Muito se segreda!
O ambiente é péssimo. Mesmo!
O que irá acontecer???

Entretanto, também se tenta - afincadamente - fazer "a cama" a alguém...!!!

Boa noite!
Pena de Morte
Há dias, foi executado na California, Stanley Williams - "Tookie" como era conhecido. Estava preso há vinte anos, acusado pela morte de quatro pessoas. Desconheço os pormenores dos motivos que levaram este homem a matar quatro pessoas. Sejam quais forem, ninguém tem o direito de tirar a vida a outro.
Arrependeu-se e ao longo dos anos tornou-se numa pessoa diferente, para melhor.
Fizeram vários pedidos para que a "pena de morte" a que foi condenado, fosse alterada para "prisão perpetua". Sem sucesso. Foi executado por injecção letal.
Sou contra a pena de morte. Neste caso!
...

Hoje, logo de manhã, a caminho de Lisboa, oiço nas noticias as atrocidades que fizeram a uma bebé com menos de dois meses, e que se encontra internada no hospital de Coimbra, em estado muito grave. Os responsaveis são os pais!
Acrescento que não é a primeira vez que isto aconteceu a esta bebé!
Em conversa com um colega, perguntei-lhe o que se pode chamar a esses pais. Compara-los com o quê? Os animais não fazem mal às crias. Protegem-nos até à morte se fôr necessário. Como tal não me atrevo a ofender os animais e chamar a esses "pais" de animais.
Não compreendo! Não aceito! Abomino!
Na minha opinião este tipo de gente - não são pessoas - não merece viver!
Estou a falar do que fizeram a um filho. A uma criança com 50 dias de vida. Inocente. Sem possibilidades de se defender. Completamente indefesa nas mãos daqueles monstros.
Sou a favor da pena de morte para estes casos!!!
Uma morte bem lenta se possível.

09/12/05

"Podemos às vezes ofender com palavras, mas também podemos ofender muito mais com o silêncio. Nenhum insulto pronunciado jamais feriu tão profundamente como a ternura que esperamos e não recebemos e ninguém jamais se arrependeu tão amargamente de uma indiscrição pronunciada, como das coisas que deixou de dizer."

- Jan Struther -

08/12/05

Normalmente lido bem com o que me rodeia, e com o mundo de uma forma geral.
O egoísmo que, cada vez mais, se nota nas pessoas - que fecham apressadas a janela do carro a fazer de conta que não reparam em quem lhes pede uma moeda ou tenta vender a revista "Cais" ou o "Borda D'Agua" - as farsas, os sorrisos falsos, a má educação e falta de princípios com que nos deparamos a toda a hora, a falta de coerência, o perceber que muitas coisas se perdem nas palavras do dinheiro, a mentira, a hipócrisia e a inveja, ainda me fazem uma vez por outra respirar fundo e contar até dez. Parar e fazer de conta que não se ouviu, não se percebeu, não me atingiu...
Mas há coisas com que na verdade eu não sei lidar, nem viver! Incomodam-me e deixam-me desconfortável!
Os silêncios, quando sabemos que há algo a dizer. O deixar o tempo "falar" porque é mais fácil. A incerteza. As angustias. O não poder fazer absolutamente nada para alterar situações que estão erradas, e com as quais não concordamos.
Ainda bem que nem tudo transparece em nós. Na expressão! No olhar! No que vai cá «por dentro»!
Ainda bem, que só nós vemos e sentimos, o rubor das faces, a dôr e a falta que sentimos, as lágrimas que conseguimos segurar e disfarçar com o melhor dos sorrisos.
Penso - tenho mesmo a certeza - que sou "mestre" nesses disfarces. Ainda hoje, uma colega me dizia quando aqui cheguei: estás com um ar tão calmo e sereno!
Ao que eu respondi: Claro que estou feliz. Já reparaste no sol lindo que está lá fora?
Na verdade, se ela conseguisse «ver» tudo o que vai aqui dentro, ficava deveras admirada da capacidade que tenho em disfarçar...
Sempre tive para mim que o meu trabalho e as pessoas que aqui estão comigo, não têm nada a ver com a minha vida particular!
Nada como chegar aqui com um sorriso, e dizer: Olá pessoal, cheguei!! Está tudo bem? Vamos então pôr «isto» a mexer??

04/12/05

Julgo que todos nós, após uma desilusão amorosa, um casamento fracassado, ou uma relação que não deu certo, nos protegemos, e nos tornamos quase inacessíveis, pelo menos durante algum tempo. Enquanto as «feridas» não saram.
Comigo aconteceu assim. Furtava-me a qualquer simples jantar. Escapava a encontros, até aqueles que tinha a certeza, nunca chegariam a acontecer.
Enchi-me de defesas, tipo "à prova de bala", para que nada nem ninguém tivesse capacidade de me alcançar e magoar de novo. Tranquei-me no meu mundo onde só alguns tinham acesso, e cheia de convicções fechei as outras portas.
Tinha a certeza de que aquele era o meu mundo. Era assim que o queria, mesmo sabendo que era vazio e onde só existiam lugares perdidos de tudo, sem sol ou um céu azul.
Até que um dia tu apareceste e deitaste por terra todas as minhas convicções e certezas. Esse meu mundo que achei intransponivel.
Bastou um sorriso teu, para passares todas as barreiras, e abrires todas as portas que tinha fechado! Caminhaste sobre esses destroços, e tive a certeza que só eu iria sair magoada, eu que me pensava impune à dor. Encheste de ti as minhas fragilidades. Bastou a tua presença. Um sorriso! Até nos teus silêncios e escassas palavras me deixei inebriar. Tornei-me personagem desse teu mundo de longas ausências e presenças fugazes.
Com esse sorriso de criança - o tal que o sol te deu - caminhaste até mim, sobre os destroços da minha «prisão» que destruiste como se fosse um castelo de nuvens!
E o céu voltou a ser azul, contigo.
Hoje fazes parte de mim, estás em todos os lugares da minha vida. E em lado nenhum!
O céu continua azul.
Só de ti, não há sinais...!!!

01/12/05

Quando te lembro, vejo o teu sorriso, que me garante a existência de um Deus, que esteve atento aos teus mais belos e simples pormenores.
Aparece-me o teu nome desenhado com letras cuidadosamente impressas. Como se fossem um código - ou um sinal - que dão lugar a uma tempestade de sentimentos...
Sentimentos fortes, puros e grandes. Adquiridos não sei se só para ti, ou da maturidade que se alcança na vida, das experiências do passado.
Sentimentos que nunca pensei merecer sentir por alguém!!