14/03/08

Setúbal
A noite passada, e não sei bem porquê, tive alguma dificuldade em adormecer. A certa altura, já alguém dormia tranquilamente ao meu lado, com todo o cuidado consegui sair do meio dos braços que me rodeavam o corpo, levantei-me, e fui até à sala, acendi um cigarro e sentei-me junto da janela a olhar para o tranquilo Sado e as luzes da cidade já quase em silêncio, devido ao adiantado das horas.
Não havia vento, corria apenas uma leve aragem que nem fria era, e dei comigo a prestar atenção aos ruídos que só se ouvem à noite. Durante o dia não damos conta do barulho, faz parte, mas à noite tudo tem uma dimensão diferente e qualquer barulhinho é perceptível. Um carro que passe, mesmo que vá devagar, o barulho da sua deslocação é mais notório do que nas horas de tráfego mais intenso. Ao longe, no Sado, uma pequena embarcação deslizava e percebia-se o ruído monótono do motor, mesmo sendo um som muito ao longe. Um ou outro cão ladrou, não sei em que quintal, em que rua.
Na serra da Arrábida, via-se o serpentear das luzes dum carro, quase parecia um pirilampo que voava ali pertinho.
O cigarro morreu-me nos dedos. Apaguei-o, levantei-me e regressei para junto daquele corpo adormecido, que quando me sentiu deitar abriu os braços para de novo me refugiar no seu calor...
E depois de um beijo, ouvi um sussurro no meu ouvido, que me disse:
- Dorme bem minha princesa loira!!