Dois corpos não carecem de mais do que da fugidia linguagem dos sussurros, dos beijos que eriçam a pele, dos arquejos que preparam a doce deflagração de um amplexo. O idioma topográfico da epiderme transpirada é o único que importa - o único que é preciso dominar quando não se trafica mais do que o amor. Que diferença faz se esses dois corpos não são capazes de se entender plenamente utilizando o vago código das palavras? Que importa a gramática de raiz latina quando duas bocas estão demasiado próximas para que qualquer vocábulo possa ser dito?...
Manuel Jorge Marmelo