14/05/05

O tempo não pára de correr à nossa frente. Imparavel, ele prossegue dia após dia.
Por vezes dou comigo a juntar os meus sonhos.
Alguns já são tão antigos, que a poeira do tempo os cobriu. Sacudo cada um deles, com muito cuidado para o que restou não se perder definitivamente. Olho-os e penso: há quanto tempo! Parece que ainda ontem alimentei cada um destes sonhos em que acreditei. Oiço cada gargalhada dada no tempo do triciclo e do baloiço, dos que ficaram para trás e tão longe como a infância. Outros vieram que tomaram o seu lugar. Outros e mais outros. Preencheram recantos da minha vida que também ficaram esquecidos.
Ao longo do tempo foram ficando arrumados em prateleiras, como que há espera que algo os torna-se realidade! Os meus sonhos perdidos. Dou comigo a procura-los como se os de hoje não chegassem. Tantos sonhos juntei. Tantos que nunca reclamei. São como arquivos mortos, esquecidos. Abandonados ao longo dos anos!
No meio de todos encontro os que alimentei por ti. São os mais recentes, alguns são ainda presente. Em alguns vejo-nos sentados na mesma mesa, noutros o teu sorriso ilumina tudo o que te rodeia, consigo sentir cada sabor teu, distingo cada pulsação, cada toque do teu corpo. Sinto-te a qualquer distância, oiço-te de olhos fechados e dou comigo a adivinhar onde estarás, nas tuas longas ausências. É sempre como se estivesses aqui. Encontro-te, no meio de todos os sonhos espalhados. Nestes aqui, inventei o boato de que te iria ver amanhã ou no outro dia. Como se isso me confortasse nos nossos desencontros.
Não deixaste espaço para mais sonhos. Preenches todos os de ontem, de hoje e os de amanhã.
Alguns deles levaste contigo, e deixaste um lugar vazio. Detenho-me ali, a arrumar o que os rodeava e a conferir o tanto que levaste contigo. Eram grandes, os mais bonitos que tive.
Olho uma vez mais aquele lugar de sonhos, e trago alguns comigo...
Ficam outros, porque já não vale a pena!!!