12/12/07



... Há tanto tempo que queria dizer-te. Mas as palavras teimavam em calar-se, engasgadas em mim, presas nos cadeados que nos apressamos a criar dentro de nós, fechando portas e janelas, protegendo-nos de sentimentos fortes, impedindo-nos de os revelarmos.
Agora são as minhas mãos que falam, que revelam, preto no branco. Ouves o que elas te dizem? Falam de um amor que perdura. De um sentimento que galopa no meu peito e que quer saltar todos os obstáculos para ganhar-te.
A minha ambição é poder fazer-te rir à gargalhada. Ouvir-te feliz. Essa é a imagem que guardo comigo. Os teus cabelos soltos, selvagens, cabeça para trás e um riso estridente, vitima de uma bebedeira de felicidade. Que riso despojado de preconceitos, que riso contagiante, cheio de brilho!
Contigo reencontro a minha infância. Como se fosses um búzio do campo: trazes contigo os sons dos prados por onde rebolava sem preocupações , sem pensar sequer que vivia feliz. Nunca se pensa na felicidade quando se é criança e nunca se deixa de pensar nela quando se é adulto. E não são as crianças mais naturalmente felizes?
Andei a monte. Perdi-me para me encontrar. E, como diz o nosso caro Bernardo Soares, «tudo é complexo para quem pensa» e, agora, eu só quero voltar a sentir.

- Ana Teresa Silva -