Este post que aqui vou deixar foi escrito, há pouco mais de um ano. Fica aqui de novo, em resposta a um mail que recebi hoje...
"Neste «mundo» da blogosfera, poucos são os blogues que estão identificados. Que sabemos quem os escreve. São poucos, muito poucos, os amigos que sabem que tenho um. É um «cantinho» só meu, onde escrevo o que muito bem me apetece. Há algum tempo, um amigo que também tem um e que também não está identificado, me perguntava porque será que nos «escondemos» atrás de um nome que não é?
Através do mail, uma ou outra pessoa, vai entrando em contacto connosco.
Hoje estou aqui para falar sobre o mundo dos blogues, pois recebi um mail de alguém que não conheço. Tenho por hábito responder a quem me escreve e me manda uma opinião ou apenas uma palavra simpática. Ao senhor que me escreveu, e que se identifica, vou responder aqui através deste post.
É certo que a blogosfera - os blogues são como as cerejas - vamos descobrindo uns através de outros, e outros. Encontramos textos fantásticos, sobre vários temas e outros menos bons, onde cada um escreve o que lhe dá na «real gana».
Penso que os blogues são como o nosso «espelho» da alma. E encontramos vários espelhos, de diversos tamanhos, feitios e reflexos. Há já algum tempo encontrei um blogue que transmitia, a quem o lia, uma revolta enorme contra a vida e contra a mulher que essa pessoa amava. As palavras ali escritas eram de uma violência, desespero, angustia, e sofrimento que magoava. E há outros que transbordam amor, paixão, desejo por alguém, que chegamos a desejar viver também aquela experiência.
Mas no mundo da blogosfera só há o encanto das palavras escritas, não há espaço para a imagem, o corpo, o aspecto físico de quem aqui desabafa. E, por vezes, fazemos uma imagem distorcida de quem lemos, que imaginamos à nossa maneira! Construímos uma pessoa, pela forma como ela escreve, e esse ser que nos apaixona pelas palavras será como nós o imaginamos? Corresponderá totalmente totalmente à imagem por nós «fabricada» e desejada?
Será realmente importante dar um corpo àquelas palavras? Uma imagem?
Porque já conhecemos uma parte da sua vida, o que pensa, os seus sonhos, se é feliz ou não, achamos que a imagem dessa pessoa tem «peso» para seu conhecimento total e absoluto.
E se um dia a chegamos a conhecer fisicamente, a paixão pelas suas palavras resistirá ao confronto, que poderá ser diferente - para melhor ou pior - do que imaginamos?
Normalmente quando se conhece alguém, por quem nos sentimos atraídos, a sua imagem é o primeiro encanto, depois vem tudo o resto, o som da sua voz, a intensidade do olhar, a sedução do toque, o encanto do seu odor.
Aqui só existem palavras. Escritas, nem sequer faladas. Palavras mudas! Sem timbre.
Aqui, por opção de alguns, escondemo-nos. Outros, também por opção, têm rosto e um nome verdadeiro.
O senhor que me escreveu, construiu uma imagem física da mulher que aqui escreve. Pelas suas palavras é uma imagem sedutora. Mas isso não quer dizer que seja a minha. A real. A verdadeira.
Não, não existe a possibilidade de um dia nos olharmos. Fique com a imagem que criou para consumo próprio, porque nem tudo é o que parece...! Não lamente eu não lhe ligar - mandou-me o seu número - nem está nos meus planos seduzi-lo, conforme me solicitou! Todas as palavras que aqui deixo, bonitas ou não, mas sinceras acima de tudo, têm destinatário, alguém que tem um nome e um rosto! Não é apenas imaginação minha! Existe!
Já agora convém não esquecer que afinal, pode passar muito tempo até que a nossa imagem ou aparência não seja mais uma construção mas, antes, um espelho de nós próprios, sem medos nem pudores. Quem sabe...?
Fica aqui o meu obrigada pelo seu simpático mail."
Este post foi escrito para o Paulo. Quero aqui dizer que ainda hoje, uma vez por outra, ele me escreve com palavras sempre muito simpáticas.
O senhor para quem hoje aqui deixei de novo este post, não se identificou através de nome. Não sei quem é, mas aqui fica a resposta.
Obrigada, pelo tempo que me dedicou!!!