07/07/06

Há dias que nos parecem terrivelmente pesados. O tempo pesa, como se nos asfixia-se em lembranças, que vão sendo queimadas e se consomem em vãs esperanças que já não têm futuro. Foram sempre futuro longínquo, que embora muito distante nunca foi na verdade ausente. Era imaginado e vivido por mim, como se estivesse num outro mundo mais à frente.
Como se fosse um espaço feito por mim, onde me sentia aconchegada, era ameno, com luz e cor, onde havia sempre tempo para sorrir. Onde o tempo dedicado a pensar não doía.
A realidade era o sonho! O sonho comandava a vida! Fazias parte do sonho, logo eras a realidade.
Já não consigo encontrá-lo! Esse meu mundo perdeu-se no espaço da verdadeira realidade. Como se tivesse sido devorado por algo maior e mais forte.
No dia a dia construímos percursos com passos mais ou menos vacilantes! E também construímos presentes com olhares. Umas vezes são olhares brilhantes e cheios de confiança, outras vezes esses olhares são ensombrados...
Há momentos que provocam avalanches de sentimentos, de incertezas, de certezas que não deixam espaço para interrogações. Momentos tão prevísiveis e tão imprevísiveis. Verdades que raramente se vêem, mas que sabemos existirem. Estão lá e não devem ser ignoradas!
Hoje entreguei-me à verdade. Resigno-me ao que ela me mostra. Tal qual ela é!
Hoje, olho-te através das palavras que aqui ficam. Não sei de que cor é este olhar, nem se tem alguma cor, mas refugio-me em ti, na verdadeira essência do que és, e de novo deixo a imaginação ser rainha, e permito-me - através de ti - a extravagância de ir ao encontro desse meu mundo de delírios e loucuras onde me deleito...
Onde somos simplesmente nós....