24/11/03

ENCONTRO
O sono tarda. Já tomei o meu chá, fumo um cigarro, oiço Gary Moore "Still Got The Blues", fecho os olhos e penso em ti.
A ti dedico estas letras, para que elas possam dizer mais do que as palavras conseguirem.
Para ti, o fulgor da memória, o abrir dos dedos comprimidos pela raiva de não conseguir lutar pelo fim da luta que em mim travo na esperança de te esquecer.
Para ti, um momento de paragem na minha continuidade vaga, e a rodagem deste filme onde te vejo a sorrir, e que não é de celulóide mas de evocação.
Para ti, o gosto deste cigarro fumado com prazer, e também o sorriso frustrado nos lábios, ao passar em mim a tua imagem e os sonhos que inventei.
A tua imagem, no meu pensamento é tão nitida que chega a assustar. Vejo-te, sinto-te, oiço-te, respiras, és mesmo tu quem está aqui. Sinto o toque da tua mão no meu ombro...encosto-me ao teu peito e falo-te dos meus medos, da saudade, da falta que me fazes, das minhas indecisões, das minhas certezas, de não te poder ter. Sorris. Esse teu sorriso....sabes que o consigo ver quando falas ao telefone? Vieste pela mão do pensamento, estiveste aqui de facto.
Mas o sonho esfumou-se...
Tenho que encarar de frente o que eu ainda não consegui, ou não quis conseguir admitir.
Acredita que tentei. Por ti, por mim, tentei mudar o rumo dos meus sentimentos e fugir de ti. Não consegui. Mas a vida é mutação constante, todos os dias, e vai ajudar-me a vencer a guerra que em mim travo, por te querer tanto.
Morreu-me entre os dedos o cigarro. Enterrei-o no monte sujo do cinzeiro.
São horas de te apagar dos meus pensamentos e encontrar-me contigo...nos sonhos, mesmo que ao acordar sejam sonhos perdidos!
Boa noite "doce segredo".