LEMBRANDO
A ponta de cigarro que deixaste no cinzeiro eu fumei
Tentando sentir teus lábios;
O resto de bebida que esqueceste no copo, eu bebi
Para adivinhar teus segredos;
O lugar que na poltrona teu corpo marcou
Abrigou o meu
Numa vã tentativa de posse.
E guardei no nariz
O perfume macio que havia
No teu peito
E guardei nas mãos nervosas
O arrepio sensual da tua carne em expectativa,
No ouvido o teu grito de prazer
E nos olhos a nudez da tua alma
Que se refletia em teus olhos.
Que importa agora que partiste
Por caminhos ignorados?
Se te gastaste em braços diversos?
Se sumiste, dissolvido na cidade louca?
Ainda te tenho, integral,
Na doçura que em meus lábios,
Na ternura que em meus olhos,
No desejo em que em sexo,
Tu provocaste...