07/11/03

O LIVRO DA VIDA
Para ti avô.

Cada pessoa descreveu nele toda a encenação para o teatro que se nos depara: a vida!
Vemos nas primeiras páginas o ensaio do ora caio, ora me levanto. Logo na introdução o ensinamento para os primeiros abraços e beijos, beijos esses, que apenas nos primeiros ensaios são dados sem fantasia.
Cada pessoa tem um capitulo diferente neste livro da vida, apesar de ao nascer sermos todos iguais; após esse instante tudo é diferente.
Para uns há o livro negro, tão negro que não vale a pena folheá-lo. Para outros é dourado, de belas páginas, e outros há que ao folheá-lo, nada lhe encontram de válido.
Ao chegarmos ao fim, ao revê-lo, ora nos faz chorar, ora nos faz sorrir e isto acontece sempre com livros desta autora, que é o destino, a vida.
Todas as vidas são livros cujas últimas páginas ficam em branco e talvez sejam aquelas que mais mereciam ser escritas.
Todavia este livro é o contrário dos outros, o que ficou por dizer é o que mais nos diz; isto para os que compreendem o tal livro-vida que penso, ninguém ter acabado. Porquê? É neste porquê que fica escondido aquilo que mais fere a alma.
Nas últimas páginas vemos a letra tremida, mal escrita e manchada pelas lágrimas tão companheiras deste livro, que cada um guarda e lê e de tantas vezes ser folheado fica velho, gasto, ilegivél; é pois a velhice de todos nós, um livro quase a terminar!

O teu livro fechou-se, há já algum tempo. Mas os teus ensinamentos, a ternura do teu olhar, os afagos, esses ficarão para sempre na minha memória. E uma saudade imensa de ti. Fazes-me tanta falta.