09/02/04

Ao longo da vida, todos temos bons e maus momentos, dias felizes, outros nem por isso, cruzamo-nos com pessoas que deixam saudades, outras que preferiamos nunca ter conhecido. Na nossa memória ficam os registos desses momentos e de pessoas que foram, ou são, muito importantes para nós. A sua lembrança é tão nitida que, por vezes, temos a sensação de estar a olhar uma fotografia.
Aqui estou eu, de olhos abertos e não te vejo, porque esta é a realidade, tu não estás aqui. No entanto se, mesmo por breves instantes, os fecho, na minha memória os teus traços são tão definidos, tão reais, que se estender a mão toco os teus lábios, sinto o teu respirar quente, mergulho os dedos nos teus cabelos macios, sinto o teu cheiro. Permaneço imóvel a contemplar-te!
E como acontece na realidade, também nos momentos em que te vejo na memória, não consigo fixar o meu olhar no teu (já tinhas dado por isso?), não quero que os teus olhos vejam no fundo dos meus, a imensidão de tudo o que me fazes sentir, do desejo que em mim despertas...
Roço ao de leve os dedos no teu rosto, e fecho os olhos com força, até doer, como se com esse gesto te pudesse reter, por inteiro, em mim.
Ainda te lembro, sim!
Ainda te consigo ver e sentir!
Ainda me proporciono esse prazer, na memória...
Apesar de tudo!!!