20/02/04

De repente, algo que é importante na nossa vida termina.
Deixa um sabor amargo de boca, o vazio, sensação de perda, e, apesar de tudo, a vontade saudosa de recordar os momentos bons que se sobrepõem, sempre, aos menos bons e que magoaram.
Agarramo-nos desesperadamente a essas recordações, quando foram inicío de algo bonito, de amizade, paixão, simplesmente conversa, experiência única, romance, nada, apenas algo, que não se define, existiu, viveu, foi táctil, alterou os dias normais da existência, o nosso "eu", invadiu o interior e de mansinho apoderou-se de nós.
Depois, vem o silêncio, o fim que se adivinha mas não se percebe, o estilhaçar dos sonhos.
Ficam os detalhes que não se esquecem, o querer estar em sítio algum, dedos que percorrem a ausência, lábios que sorvem o desejo que não se apaga, apenas se apazigua pela dor da desilusão.
Resta o corpo, o meu, que desperta percorrido por gritos abafados, mudos, silênciados, que se dobra repleto de desejo, que descobres com as tuas mãos, percorres, atravessas, possuis, e em convulsão adormece, debruçado sobre o teu nome.
Ficaste pintado na memória, na saudade do que foste...