05/05/04

AS DUAS SOMBRAS
Na encruzilhada silenciosa do destino,
quando as estrelas se multiplicavam,
duas sombras errantes se encontraram.
A primeira disse:
Nasci de um beijo de luz, sou força, vida,
alma e esplendor...
trago em mim toda a sede do desejo,
toda a ânsia do Universo.
EU SOU O AMOR!
O mundo sinto sem sangue a meus pés!
sou delírio, loucura...
E tu quem és?
A segunda respondeu:
Eu nasci de uma lágrima.
Sou flama do teu incêndio que devora.
Vivo dos olhos tristes de quem ama,
para os olhos nevoentos de quem chora.
Dizem que vim ao mundo para ser boa,
para dar o meu sangue a quem queira,
SOU A SAUDADE,
a tua companheira, que punge, que consola,
e que perdoa...
Na encruzilhada silenciosa do destino
as duas sombras comovidas abraçaram-se.
E, desde então, nunca mais se separaram...

(Olegario Mariano)