12/04/05

Aproveito estes dias lindos, de um sol morno, e vento ameno, para dar um passeio durante a hora do almoço.
Olho o rio tranquilo, o voo das gaivotas, e aproveito para fugir do turbilhão da cidade, da multidão anónima que me rodeia, voei por momentos e pensei em ti.
Um dia - embora já te tivesse visto diversas vezes - olhei-te pela primeira vez. Deparei com um olhar sereno, cabelos impecavelmente tratados, lábios perfeitos, sorriso discreto mas que cativou a minha atenção. Passaste como uma sombra silênciosa, que não reparou ser alvo da minha atenção. Fixei residência nessa imagem que me fascinou, sem nunca esperar que me abrisses o teu coração. No entanto, tomaste conta do meu, sem mesmo o desejares!
São as partidas que a vida nos prega.
Voaste para os meus sonhos, e mais tarde para a realidade de uma mesa, num restaurante que tão bem conheço, mas que contigo teve um encanto especial, onde jantamos e falámos de banalidades e de nós. Enquanto absorvia a tua imagem e as tuas palavras tudo me parecia bonito e perfeito. Lembro-me bem do perfume das palavras que deixaste naquela mesa e que guardo comigo até hoje.
No fim dessa noite, que ainda penso ter sido um sonho, quando ia a caminho de casa, o meu pensamento desenhava numa folha imaginária, o teu nome de uma forma sublime, como tudo o que senti na tua presença. Fiz do teu nome, o meu mais intimo e belo poema, que aquela noite pôde testemunhar.
O tocar do telefone despertou-me e fez-me voltar à minha realidade, à minha vida de «faz de conta».
Antes de regressar ao trabalho, visito o teu rosto mais uma vez, certifico-me de que sorris discretamente para mim, como sempre imaginei nos dias já distantes, em que devagarinho, lentamente, fui aprendendo a amar-te.