07/11/07





"Durante a noite as palavras surgem
como gotas de suor após o pesadelo.

Procuro a tua voz, os teus dedos apaziguadores
e a pele que, de tão quente,
me faz renascer.


Mas quem eras não está mais aí.


Tudo aquilo que possas dizer já foi dito
e nas mãos apenas existe esterilidade
frio sem rumo e
só a distância se torna sólida.


Há terra a escoar em ambos os sentidos:
tinhas o meu olhar ali, tão perto que queimava
as opiniões que um dia pudesses vir a formar.


Assim, à noite, apenas resta acordar em sobressalto,
vociferar inúmeros rostos
dos quais já não sei o nome
e permanecer acordado, sem que a tua mão
recaia, docemente, sobre as feridas
que já não curas."


- Sérgio Xarepe -