A CARTA
Acabei o dia de ontem a escrever-te. Sentei-me em frente à secretária, muni-me de papel e uma caneta e resolvi, numa carta, escrever-te tudo o que penso.
A carta (eterno bailado de palavras e sentimentos), queimei-a no fim.
Escrevi-a, porque precisava de te dizer algumas coisas.
Queimei-a, porque não precisavas de as ler.

(in Aguaceiro)

Também eu já passei por esta situação diversas vezes. Sentimos as palavras à flor da pele, uma necessidade enorme de colocar no papel o que nos vai cá dentro. São palavras sinceras, bonitas, de um sentimento grande, que por diversos motivos não pode ser demonstrado.É então, através da escrita, que conseguimos gritar todos esses sentimentos.
Depois, no fim, olhamos para aquela folha branca, completamente manchada pelos nossos sentimentos, e sabemos que só para nós aquelas palavras são importantes. Para a pessoa a quem se destinam, nada são, nada valem, nada significam. Aquela folha branca, que já não é, tem sempre o mesmo destino...
Como seria a tua reacção se algum dia as lesses? Penso que eras capaz de te rir!!