"Um grande amor só pode existir à sombra de um grande sonho..." Mas quantos desses sonhos ficam perdidos no tempo...
30/03/07
Ontem cheguei a casa pouco passava das onze da noite. Como ando a tomar um medicamento que me dá bastante sono nos primeiros dias, fui a correr tomar o meu banho, de seguida um copo de leite e fui direitinha para a cama. Acho que "apaguei" em apenas alguns segundos! Às tantas acordo com o telefone a tocar mesmo ali ao lado. Fiquei um tanto assustada, porque não sabia que horas eram, e quando não temos os filhos em casa é logo na primeira coisa em que pensamos. Na pressa de atender o telefone, acabei por desligá-lo!
Bem, fui ver quem me tinha ligado - era quase uma da manhã - e vi então que tinha sido a minha amiga, acabadinha de chegar a Lisboa. Liguei-lhe de volta e estivemos ainda algum tempo a conversar.
O pior de tudo isto, foi realmente voltar a adormecer! Não foi nada fácil.
Já cá estou para mais uma jornada.
Bom dia!!!
29/03/07
Foto: Pedro Gomes
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- Miguel Sousa Tavares -
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A memória é a nossa escola de vida. É a única verdadeira defesa contra a traição e o abandono. Tudo pode ser traído e abandonado menos a memória. É mais fiel que qualquer amigo, é mais longa que a própria vida, é mais verdadeira do que qualquer verdade que temos como certa.
Não posso negar o que vi, o que cheirei, o que senti, o que amei. Não posso negar que fui feliz, se fecho os olhos e sinto outra vez todos os instantes felizes. Não, não posso negar que atravessei rios contigo, que te ensinei o nome das estrelas, que ouvimos juntos os pássaros e o vento nas árvores, que caminhei pelas ruas de mãos dadas contigo.
Enquanto me lembrar estarei vivo, porque esse é o mais certo indício de vida.Eu estarei vivo e, vivendo, não deixarei morrer quem caminhou comigo, ao longo do caminho.
- Miguel Sousa Tavares -
Foto: desconhecido
- Vergilio Ferreira -
...Nunca mais nos veremos? perguntei com a estupidez de quando não há perguntas a fazer. Mas ao mesmo tempo, por baixo da minha insensatez, eu sentia o impulso absurdo de recuperar uma irrealidade perdida.
Nunca mais?... E imprevistamente era aí que eu repousava, na tua face, na imagem final do meu desassossego...!!
- Vergilio Ferreira -
28/03/07
A presença perturba. A masculinidade da beleza marca. Aguça a libido a beleza que transborda desse corpo e toca o mais fundo da minha alma.
Fico perdida na contemplação dos traços suaves, na boca bem delineada, no amendoado do olhar profundo, no aveludado da pele, o contorno dos braços, na pureza do sorriso... Tudo isto feito homem em ti!
E vou imaginando que sentimentos se escondem por detrás da tua pele, enquanto te observo neste momento de magia e de sonho, na penumbra da minha vida.
Fico perdida na contemplação dos traços suaves, na boca bem delineada, no amendoado do olhar profundo, no aveludado da pele, o contorno dos braços, na pureza do sorriso... Tudo isto feito homem em ti!
E vou imaginando que sentimentos se escondem por detrás da tua pele, enquanto te observo neste momento de magia e de sonho, na penumbra da minha vida.
Cada momento que a ti dedico é um instante imaculado, suave, iluminado pelo desejo de possuir, ou apenas tocar esse corpo. Só com o olhar.
Apenas tu podes fazer do sonho a realidade. Apenas tu podes reinventar o sonho.
Apenas tu podes fazer brilhar um sorriso, e num ínfimo instante... fazer-me perceber a eternidade do meu sonho perdido!!!
Apenas tu podes fazer do sonho a realidade. Apenas tu podes reinventar o sonho.
Apenas tu podes fazer brilhar um sorriso, e num ínfimo instante... fazer-me perceber a eternidade do meu sonho perdido!!!
Boa noite.
A uma luz perigosa como água
De sonho e assalto
Subindo ao teu corpo real
Recordo-te
E és a mesma
Ternura quase impossível
De suportar
Por isso fecho os olhos
(O amor faz-me recuperar incessantemente o poder da provocação. É assim que te faço arder triunfalmente onde e quando quero. Basta-me fechar os olhos.)
Por isso fecho os olhos
E convido a noite para a minha cama
Convido-a a tornar-se tocante
Familiar concreta
Como um corpo decifrado de mulher
E sob a forma desejada
A noite deita-se comigo
E é a tua ausência
Nua nos meus braços.
- Alexandre O' Neill -
27/03/07
26/03/07
Os meus recortes....
E quanto é que ficou o Benfica?
A jacobina França decapitou o seu rei. No auge da revolução uma horda de camponeses saqueou as jóias da coroa. O estado revolucionário e os regimes que lhe seguiram trataram, nos anos seguintes, de recuperar o tesouro dos Borbons. Hoje, a maior parte das peças está em exibição no Louvre.
E quanto é que ficou o Benfica?
A jacobina França decapitou o seu rei. No auge da revolução uma horda de camponeses saqueou as jóias da coroa. O estado revolucionário e os regimes que lhe seguiram trataram, nos anos seguintes, de recuperar o tesouro dos Borbons. Hoje, a maior parte das peças está em exibição no Louvre.
A revolucionária Rússia fuzilou o seu czar. Uma década depois, com o poder estabilizado, os vermelhos no poder enviavam agentes um pouco por todo o mundo para recuperar o tesouro real de S. Petersburgo. Até a maioria dos faustosos ovos Fabergé foram readquiridos, em segredo, pelo estado soviético. Hoje, a maior parte das peças está em exibição no Kremlin. O fundamentalista Irão recambiou o seu Xá para o exílio. Pelo caminho, no novo país dos ayatolas, invadiram-se embaixadas, queimaram-se livros e decretaram-se penas de morte. Mas as jóias da coroa, símbolo de 2500 anos de poder persa, estão em exibição no Museu Nacional de Teerão. Na republicana Irlanda as jóias da coroa foram roubadas do imponente Castelo de Dublin em 1907. As comissões de inquérito nunca conseguiram formular uma acusação. O público indignou-se e o principal suspeito acabou por levar dois patrióticos tiros numa vendetta orgulhosamente reivindicada pelo IRA.
O conservador Reino Unido mantém as jóias da coroa trancadas na torre de Londres. Sobreviveram a quase tudo durante vários séculos. A maior parte nem sequer é exibida ao público.
Em Portugal as jóias da coroa foram roubadas na Holanda em 2002. Andavam a passear em museus de segunda linha. Não houve escândalos, indignação, processos, nem sequer comissões de inquérito. Aconteceu e pronto. As jóias desapareceram e as promessas de apuramento de responsabilidades também. Os responsáveis pela guarda das jóias continuam a trabalhar, presume-se que nos mesmos cargos. Quatro anos depois, o Estado português prepara-se para receber o prémio do seguro. Diz-se que o dinheiro nem sequer vai ser reinvestido no património nacional. Vai directamente para o Ministério das Finanças para tapar o buraco da CP, do Metro ou coisa que o valha. Não é muito grave.
- Rodrigo Moita de Deus / Revista Atlântico -
23/03/07
Moro num prédio com muitos apartamentos. Demasiados talvez. Em dez anos que lá vivo conheço e dou-me com meia dúzia de pessoas que lá moram. Até esses passo, por vezes, semanas sem me cruzar com eles. Saio de casa por volta das oito horas da manhã, vou deixar os meus filhos nas respectivas escolas, e de seguida venho para Lisboa. Chego a casa por volta das oito e meia da noite.
Mas tenho um ritual diário que é tomar um café na pastelaria do prédio antes de sair. É que no piso por cima da garagem existe um pequeno centro comercial, com sete lojas, entre elas uma lavandaria e um café. E os moradores do prédio não precisam de ir à rua para entrar no café ou deixar a roupa na lavandaria. Descemos no elevador e temos então por dentro acesso às lojas, o que não é mau de todo, verdade?
E diariamente, antes de chegar à garagem, faço a minha paragem no café para tomar a bica e comprar pão.
Por falar em bica, vou ali num instante tomar a segunda de hoje e fumar um cigarro, enquanto apanho um pouco de sol. Hoje as temperaturas já estão mais amenas. Apetece estar lá fora.
Bom dia!
22/03/07
As longas ausências e os silêncios daqueles de quem gostamos, por vezes levam-nos a pegar em pequenos pormenores para nos fazermos lembrar e dizer: "Olá sou eu! Ainda te lembras de mim?".
Mas estas tentativas nem sempre resultam, e o silêncio em forma de resposta que nos chega do outro lado, diz-nos mais que mil palavras escritas, e corta qualquer hipótese de diálogo. Ontem tentei dizer um "Olá", mas não passou disso mesmo. Uma tentativa que não resultou.
Na verdade esta indiferença não me surpreende, mas ainda me magoa.
Acho que não havia necessidade de ser assim. Digo eu!
Resta-me pedir desculpa pela ousadia e garantir que não se repetirá!
Bom dia, embora ainda um pouquinho fresco.
21/03/07
Na semana passada, mais alguns elementos da minha família - da parte da minha mãe - regressaram a Moçambique «de armas e bagagens», o que significa que foram para ficar definitivamente. E a cada despedida fica a pergunta, que não chegamos a fazer, talvez porque receamos a resposta: "quando nos voltaremos a ver"?
Moçambique não é ali ao lado! São apenas dez horas de avião! Quando me dizem porque não vou lá de férias - a última vez que lá estive foi em 1979, os meus pais ainda por lá estavam e não os via há três anos - penso sempre que gostava muito de lá voltar, mas os meus filhos certamente que também gostariam de ir, para conhecerem a terra da mãe, como tantas vezes dizem.
Quer se queira ou não, os filhos limitam-nos as opções, não podemos pensar só em nós, porque se não tivesse dois filhos, é possível que também eu optasse por regressar àquela terra, visto que tenho lá família há doze anos. Estou bem neste nosso Portugal, que ninguém duvide que amo este País e o respeito muito, mas que também ninguém duvide que aquela é a minha terra, é lá que estão as minhas origens, todos os dias por qualquer motivo eu lembro aquele País com muito carinho e com uma saudade que não tem fim nem tamanho.
Quer se queira ou não, os filhos limitam-nos as opções, não podemos pensar só em nós, porque se não tivesse dois filhos, é possível que também eu optasse por regressar àquela terra, visto que tenho lá família há doze anos. Estou bem neste nosso Portugal, que ninguém duvide que amo este País e o respeito muito, mas que também ninguém duvide que aquela é a minha terra, é lá que estão as minhas origens, todos os dias por qualquer motivo eu lembro aquele País com muito carinho e com uma saudade que não tem fim nem tamanho.
E cada membro da familia que regressa a Moçambique leva um pedaço de mim. O tempo passa, e nunca sabemos se os voltaremos a ver. E a cada despedida não há como evitar as lágrimas.
Aliás, a esta altura acho que o meu destino é viver de saudades...!
Ontem, a seguir às noticias na RTP1, passaram um documentário apresentado por Catarina Furtado sobre o trabalho voluntário no IPO na secção de crianças. Ou seja, sobre crianças que sofrem de cancro! Casos de crianças com poucos meses de idade até outros um pouco mais velhos. Mas crianças, todos eles! Havia crianças que vinham de outros países (PALOP) sózinhos para serem ali internados e tratados. Crianças num país desconhecido, que por vezes não falam sequer a nossa língua, não conhecem ninguém, e ali ficam durante meses sózinhos.
É sempre algo muito doloroso ter conhecimento daquela realidade que nos passa ao lado, porque é vivido por outros, mas para quem tem andado com as lágrimas à flor da pele, foi ainda mais difícil e chocante o que ontem vi. A realidade brutal que atingiu aquelas crianças e aqueles pais que vivem de esperança e se recusam a acreditar que aquela doença não será vencida.
A certa altura, olhei para os meus filhos ali ao lado e percebi que na verdade sou feliz e tenho toda a sorte do mundo.
Problemas? Não, não tenho! Tenho sim alguns contratempos que fazem parte da vida de todos nós!
Depois disso, levantei-me, fui para a varanda fumar um cigarro e nessa altura deixei então as lágrimas cairem... por vezes faz bem!
É mesmo uma necessidade!!
20/03/07
Foto: desconhecido
As coisas demasiado fáceis não têm graça. O demasiado óbvio não dá "luta", é como se não tivesse beleza própria.
Há pessoas que só sabem viver como mandam as regras, tudo certinho, mas a graciosidade da vida não está aí, não é ser-se tão inteligente que pensamos saber viver.
A beleza da vida está em não recear o desconhecido, é pensar por si só, é ser destemido o suficiente para contrariar as "marés" com que nos vamos deparando no dia a dia.
Não temer o facto de ser autentico, de pensar para dentro de nós, de contrariar esse óbvio, o que todos pensam ser assim, mesmo correndo o risco de sermos incompreendidos e criticados.
E acreditem, que haverá sempre - sempre - alguém que vai entender, compreender o porquê, os motivos, mesmo quando somos perigosamente naturais!!!
Afinal, quem disse que viver é fácil...??
Estou por aqui a ouvir as noticias e a ver imagens do efeito das marés vivas na Costa de Caparica. Há dois meses que não se fala de outra coisa, mas tudo continua na mesma, até as rolotes - aliás, há autenticas vivendas por ali, a pouco mais de cinquenta metros da praia - no parque de campismo ficaram no mesmo sítio, mesmo todos sabendo o que estava para acontecer. E aconteceu! Agora há que pedir indemnizações, o que é hábito! Adiante!
Hoje, quando atravessei a Ponte Vasco da Gama, o Tejo estava calmo e a maré tão vazia que parecia possível atravessá-lo a pé de uma margem para a outra.
Com estes dias lindos que têm estado, fico deliciada pela manhã a ver Lisboa do lado de cá enquanto atravesso a ponte.
Hoje, quando atravessei a Ponte Vasco da Gama, o Tejo estava calmo e a maré tão vazia que parecia possível atravessá-lo a pé de uma margem para a outra.
Com estes dias lindos que têm estado, fico deliciada pela manhã a ver Lisboa do lado de cá enquanto atravesso a ponte.
Bem, agora vou almoçar, aproveitando o facto de já estar com um pouquinho de apetite... não vá ele passar!!!
19/03/07
Tenho recebido alguns mails onde me dizem que o meu blogue mudou "de rumo".
Pois mudou, é certo! E mudou porque tinha de mudar.
Por vezes, mais importante que escrever ou dizer, é importante fazer! E resolvi então fazer.
Na verdade é que me sinto um tanto perdida, quando diariamente «abro» o meu blogue e não sei o que hei-de escrever. Vou inventando coisas para aqui colocar....
Não, não deixei de escrever. Há certos assuntos que considero «íntimos», só meus, e que não partilho com absolutamente ninguém. São meus, vividos por mim, sentidos por mim, bons ou menos bons, mas tão meus que não desejo falar disso a ninguém. E como não tenho outra forma de os desabafar preciso de escrever. Sempre foi assim! Como tal, escrevo e foi esse o motivo que me levou a criar este blogue. Até há algum tempo atrás publicava aqui o que escrevia e poucos amigos sabem da existência desta «página», agora continuo a escrever, só com a diferença de que não publico tudo o que escrevo. Pertence-me, e agora ninguém precisa de saber!!!
Não sei como será daqui em diante, o que aqui vou deixar, escrever, publicar. Para já todas as semanas irei "passar" «Uma semana com...», e também todas as semana colocarei uma artigo guardado "Os meus recortes..."!
Amanhã... logo se vê!!!
Os meus recortes...
Todo o Tempo do Mundo
Há vinte anos que eu não sabia o que era acordar de manhã e não ter para onde ir. Não ter de sair de casa. Não ter uma reunião. Um almoço. A redacção. Acordar e não olhar para o espelho da casa de banho com a sensação incómoda de já estar atrasado e ainda ter a barba a escurecer-me a pele. Há vinte anos...
Normalmente todos temos sempre muito que fazer, e passamos os dias a lamentar a falta de tempo para nós próprios, para os filhos, para os DVD acumulados e os livros e os filmes. Além disso, estamos permanentemente em trânsito - do escritório para casa, do supermercado para o restaurante, da escola do filho para o jantar de família.
Um dos passatempos favoritos da raça humana, e particularmente da portuguesa, é o queixume. Eu também me queixava, mesmo quando não tinha razões para me queixar. Socialmente, era suposto responder à questão "então, muito trabalho?" com um suado e difícil "sabes lá, isto é uma vida de loucos". Nem sempre foi, sejamos honestos - terá sido quando tinha de ser, foi tranquila em muitas ocasiões. Mas eu nunca me desmanchei: "uff, isto é de malucos, um gajo nem tem tempo sequer para respirar", e lá seguia de passo estugado e sorriso apressado.
Todo o Tempo do Mundo
Há vinte anos que eu não sabia o que era acordar de manhã e não ter para onde ir. Não ter de sair de casa. Não ter uma reunião. Um almoço. A redacção. Acordar e não olhar para o espelho da casa de banho com a sensação incómoda de já estar atrasado e ainda ter a barba a escurecer-me a pele. Há vinte anos...
Normalmente todos temos sempre muito que fazer, e passamos os dias a lamentar a falta de tempo para nós próprios, para os filhos, para os DVD acumulados e os livros e os filmes. Além disso, estamos permanentemente em trânsito - do escritório para casa, do supermercado para o restaurante, da escola do filho para o jantar de família.
Um dos passatempos favoritos da raça humana, e particularmente da portuguesa, é o queixume. Eu também me queixava, mesmo quando não tinha razões para me queixar. Socialmente, era suposto responder à questão "então, muito trabalho?" com um suado e difícil "sabes lá, isto é uma vida de loucos". Nem sempre foi, sejamos honestos - terá sido quando tinha de ser, foi tranquila em muitas ocasiões. Mas eu nunca me desmanchei: "uff, isto é de malucos, um gajo nem tem tempo sequer para respirar", e lá seguia de passo estugado e sorriso apressado.
Até que no dia 6 de Janeiro de 2006, e sabendo antecipadamente que tal ía ocorrer, mas sem ter o cuidado de me preparar previamente para a mudança, passei subitamente a ter tempo. A não ter para onde ir quando acordo de manhã. A ter que fazer sem ter que ir. A ter trabalho sem me sentir trabalhador.
Decidi nesse instante abandonar o discurso padrão - e descobri que as pessoas com quem me cruzava ficavam sem palavras, atrapalhadas mesmo, quando à pergunta sacramental eu respondia um suave "não, estou com muito pouco trabalho, na verdade quase nada para fazer...".Olhavam-se como se eu tivesse uma doença grave. Nem sei por que não fugiam, porque estava inscrito nas suas caras um pânico terrível. Esperariam de seguida que desatasse a chorar ou lhes pedisse emprego? Dinheiro? Não sei. Acho sinceramente que não quero saber.
Resumindo, passei a ter mesmo tempo livre. Num primeiro momento, espreguicei-me dias a fio. Criei a rotina diária de ir tomar café às Amoreiras, comprar os jornais e voltar para casa para os ler. Uma vez por semana, El Corte Inglés. Uma vez por semana, FNAC do Chiado. Uma vez de quinze em quinze dias, Ikea. Tratar dos dentes, processo moroso tantas vezes adiado.Deixei de fumar. Preparar os programas de rádio com tempo - cronometrar canções, como nos anos oitenta, alinhar textos até ao limite sonoro da voz do cantor que se segue, rigor e divertimento em doses generosas.
Mas passaram dois meses e comecei a fartar-me da vida assim, livre e descontraída. Achava, na presunção curricular de quem anda nisto há muitos anos, que ía receber duzentos convites para novos projectos, programas de televisão, jornais e revistas. Então acordei - tipo o meu filho a esgaçar um "Heeelllloooooo!" - e percebi que isso não ía ocorrer. Era melhor virar-me. Ou aproveitar. Acreditar. Ou mudar. Houve mais coisas desagradáveis na minha vida sobre as quais não quero falar agora - mas a verdade é que quando dei por ele (pelo tempo, é bom de ver...), estávamos em Agosto e eu a pensar no que fazer. Já tinha deixado de fumar.
E depois o ano, subitamente, acabou.
A verdade é só esta, por pior que possa ser: passei 2006 a pensar no que fazer com o tempo todo de que disponho. Outro livro com crónicas?Um livro sobre a experiências de abandonar o mais fiel dos meus amores, três maços de cigarros por dia e uma relação intima de trinta anos? A minha revistam, finalmente? Um restaurante, amava ter um restaurante. Um bar na praia. Uma casa na Comporta e depois um restaurante e bar na praia. Uma editora de livros - aquela editora que eu tinha pensado há dois anos mas não fiz porque não tinha tempo. Ou uma editora que tivesse um restaurante e editasse uma revista?
... Agora o ano mudou, Janeiro vai alto, Fevereiro é mais que certo e, além do livro que nasce por entre relatos estranhos sobre este processo delicado que é deixar um vício, nada mais acontece. Navego por entre blogues para diariamente contar na rádio o palpitar desse novo meio de comunicação, escrevo crónicas e entrevisto pessoas. A vida escorre-se-me por entre os dedos das mãos e eu penso na terrível injustiça que cometo sobre a existência: quando não tinha tempo para tudo o que precisava de tempo, eu queixava-me e desculpava-me com o tempo. Agora, que o tenho e posso aproveitar, procuro perdê-lo. Para de novo me desculpar com ele.
Em breve vou certamente deixar de ter tempo. Sou um optimista, claro. Por isso, tudo voltará à normalidade e serei de novo mais um entre tantos. Como sempre. Que tristeza, não é?
- Pedro Rolo Duarte / Atlântico -
Depois do tempo que fez durante todo o fim de semana, hoje está frio e sol nem visto!
Sábado passei o dia numa quinta, e acabamos por ver por lá o jogo do Porto / Sporting. Por sorte ou azar não havia ninguém do Porto, só mesmo do Sporting e do Benfica.
Ontem, depois do pequeno almoço fui tomar um café à Figueirinha, onde ainda não tinha ido desde que foi aberto ao trânsito. Normalmente faço o trajecto pela serra da Arrábida e desço para o Portinho da Arrábida, mas ontem resolvi ir até à Figueirinha e fiquei deveras admirada com as obras que por lá se fizeram.
Sábado passei o dia numa quinta, e acabamos por ver por lá o jogo do Porto / Sporting. Por sorte ou azar não havia ninguém do Porto, só mesmo do Sporting e do Benfica.
Ontem, depois do pequeno almoço fui tomar um café à Figueirinha, onde ainda não tinha ido desde que foi aberto ao trânsito. Normalmente faço o trajecto pela serra da Arrábida e desço para o Portinho da Arrábida, mas ontem resolvi ir até à Figueirinha e fiquei deveras admirada com as obras que por lá se fizeram.
Tomei o café, dei uma volta a pé, e sentei-me tranquilamente a ler um livro, que comecei ontem, de Helena Sacadura Cabral "Bocados de Nós".
Ás quatro da tarde, resolvi regressar a casa, pois já quase não havia espaço para estar sentada. Penso que Setúbal inteiro foi para a Figueirinha apanhar sol.
E assim se passou mais um fim de semana.
16/03/07
15/03/07
14/03/07
Há pouco estava lá fora a fumar um cigarro e reparei que ainda havia bastante luz natural e a temperatura estava óptima.
Já não falta muito, para a mudança da hora e então começamos a sair do serviço ainda com sol. Tenho saudades de ir, ao final da tarde, a uma esplanada tomar um copo, conversar e ver o sol esconder-se no horizonte.
Lembrei então os meus tempos em Moçambique, quando íamos para uma esplanada ao final da tarde e inicio da noite tomar uma bebida fresca, porque o calor era mais que muito, mesmo àquela hora. Nessa altura ainda não tomava imperiais - não tinha idade para isso - mas bebia sempre ou uma coca cola - sim, em Moçambique desde que me lembro de ser gente que havia essa bebida e fiquei admirada quando cheguei a Portugal e não havia coca cola mas sim spur cola ou apenas cola, que por sinal era uma bebida horrivel - outras vezes optava por um batido de ananás com bastante gelo. A acompanhar as bebidas era servido como aperitivo amendoim, tremoços e camarão cozido, e que fiquem sabendo que só se pagavam as bebidas! Pois é!!!
Ainda acerca da coca cola, as pessoas que nasciam em Lourenço Marques eram conhecidas por isso mesmo.
Há uma pessoa que trabalha comigo e que volta e meia me diz:
- Bom dia "menina coca cola"!!!
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