21/03/07

Lourenço Marques (Maputo)

Na semana passada, mais alguns elementos da minha família - da parte da minha mãe - regressaram a Moçambique «de armas e bagagens», o que significa que foram para ficar definitivamente. E a cada despedida fica a pergunta, que não chegamos a fazer, talvez porque receamos a resposta: "quando nos voltaremos a ver"?
Moçambique não é ali ao lado! São apenas dez horas de avião! Quando me dizem porque não vou lá de férias - a última vez que lá estive foi em 1979, os meus pais ainda por lá estavam e não os via há três anos - penso sempre que gostava muito de lá voltar, mas os meus filhos certamente que também gostariam de ir, para conhecerem a terra da mãe, como tantas vezes dizem.
Quer se queira ou não, os filhos limitam-nos as opções, não podemos pensar só em nós, porque se não tivesse dois filhos, é possível que também eu optasse por regressar àquela terra, visto que tenho lá família há doze anos. Estou bem neste nosso Portugal, que ninguém duvide que amo este País e o respeito muito, mas que também ninguém duvide que aquela é a minha terra, é lá que estão as minhas origens, todos os dias por qualquer motivo eu lembro aquele País com muito carinho e com uma saudade que não tem fim nem tamanho.
E cada membro da familia que regressa a Moçambique leva um pedaço de mim. O tempo passa, e nunca sabemos se os voltaremos a ver. E a cada despedida não há como evitar as lágrimas.
Aliás, a esta altura acho que o meu destino é viver de saudades...!