23/02/05

Da minha janela vejo o rio. Tranquilo, ele olha-me todas as noites, enquanto fumo o último cigarro, e lhe conto os meus segredos. É a ele que falo de ti. Por vezes com um sorriso, outras com lágrimas que procuro esconder.
E o tempo pára. Só as águas do rio se movem, e vão levando o meu segredo. O que lhe vou contando, como uma prova de confiança.
Vou falando das palavras que nunca ouvi de ti, inventando as promessas que nunca me fizeste, lendo e relendo cartas que imaginei um dia receber.
Mas também lhe conto, os momentos intensos que me dás, em que cada segundo contigo é saboreado como uma vitória, da paixão que despertaste, do arrepio da pele quando as tuas mãos me percorrem, de como é bom ouvir o bater acelarado do coração depois do prazer, deitada sobre o teu corpo...de como é bom gostar de ti!
E numa tentativa absurda de fugir ao medo de te perder, acordo para a minha realidade, porque na verdade nunca me pertenceste!
Só quando eu converso com o rio! E ele leva os meus sonhos! Os meus segredos de ti.
E na despedida, porque as saudades são insuportáveis, ele oferece-me o teu reflexo.
Boa noite!!