03/02/05

Todas as semanas às terças e quintas estou sózinha em casa, só me resta mesmo a companhia dos gatos. Nesses dias, a seguir ao jantar, ou me sento confortavelmente no sofá à espera que qualquer ténue vontade de fazer alguma coisa passe rapidamente, ou aproveito para fazer pequenas arrumações.
Na última terça feira, resolvi abrir as gavetas onde guardo tudo o que é pessoal. Desde correspondência, documentos, fotos e outros objectos que se tornam completamente inúteis com o passar do tempo. Mas que continuam lá, guardados! Penso sempre, erradamente, que um dia poderão fazer falta! Nunca fazem! Até que um dia, fecho os olhos, e deito tudo fora.
Desliguei então a televisão, coloquei uma musiquinha, e dediquei-me por inteiro áquela tarefa, que por sinal acho um exercício alicinate. O de abrir de vez em quando aquelas gavetas. Invariavelmente "tropeço" com algumas recordações, através de fotos - algumas já com tantos anos - ou uma carta, afinal os emails ainda são relativamente recentes, ainda sou do tempo de escrever cartas para os amigos e familia e aguardar ansiosamente a resposta de volta. E a verdade é que tenho saudades desse tempo!
No meio de tantos objectos pessoais, encontramos sempre algo que já pensávamos perdido, e que afinal estava ali, esquecido ou carinhosamente guardado! Como aconteceu, quando descobri umas fotografias de grupo, onde tu estás.
Há recordações, que ali permanecem, como que em estado de hibernação. Como eu!
Como eu me sinto, desde que dei conta do quanto gosto de ti!