08/09/06

De que se alimenta o amor, esse sentimento tão desejado por todos, tão estranho nas formas de se manifestar, que causa alegria, sorrisos e lágrimas?
Por quanto tempo é possível a esse sentimento alimentar-se de beijos desejados e nunca sentidos, de abraços apertados de braços que nunca nos rodearam, e de carícias inventadas e reinventadas pela imaginação carente de quem desconhece o doce sabor de o receber?
Poderá ele sobreviver a ausências, a saudades, a desejos contidos, a olhares perdidos lá longe, a palavras nunca ouvidas, a gestos retribuídos quase mecânicos, à não iniciativa de um afago?
O amor é partilhar o silêncio quando as palavras não são precisas, é a carícia na perna que descança no nosso colo - e sentimos que amamos até cada dedo daquele pé - é guardar a última imagem de quem se gosta, o aveludado da voz qual música suave quando nos dizem «até amanhã», é sentirmos nas veias o tédio das horas que passam quando estamos longe, é o sorriso cúmplice à mesa, é a importância do mínimo carinho.
Por quanto tempo poderá resistir à esperança que não temos?
Por quanto tempo suportará a busca incessante de um ponto de referência no outro?
Por quanto tempo continuará a fazer de conta, que não importa a longa espera de nada, que já não há como seguir em frente - nem inversão de marcha - que o caminho escolhido não leva a lado nenhum, não leva até ti, vais sempre à frente, mais distante.
E cada dia que passo contigo tem o doce sabor a vitória - como se fizessemos parte de um jogo - que procuro ganhar uma e outra vez - sempre - embora com a certeza que te vou perdendo pelo meio.
E tudo o resto, afinal, não importa nada!!!