...
Pergunta-me
Se te voltei a encontrar
De todas as vezes que me detive
Junto das pontes enevoadas
E se eras tu
Quem eu via
Na infinita dispersão do meu ser
Se eras tu
Que reunias pedaços do meu poema
Reconstruindo
A folha rasgada
Na minha mão descrente.
Qualquer coisa
Pergunta-me qualquer coisa
Uma tolice
Um mistério indecifrável
Simplesmente
Para que eu saiba
Que queres saber
Para que mesmo sem te responder
Saibas o que te quero dizer.
(Mia Couto - in "Raiz de Orvalho")