24/11/06

Em resposta ao meu post de ontem sobre "Aulas de substituição" recebi um e-mail que vou aqui colocar. Diz assim:

"Acabei de ler o seu post e concordo plenamente consigo quando diz "e porque será que o dito professor não arranja um tema, uma qualquer noticia, para ser desenvolvida nessas horas? Não seria uma forma de ter a participação da turma, de os manterem ocupados e a dialogarem sobre um tema? Pois como tudo na vida é preciso querer!"
A minha filha este ano entrou na Faculdade, mas já o ano lectivo passado na escola que ela frequentou durante os 3 anos do secundário, houve aulas de substituição. Deve ter sido uma das poucas Escolas de Ensino Secundário a ter estas aulas. Não as adoptaram porque o Ministério da Educação se lembrou, mas sim porque a comunidade educativa, principalmente os professores (fui representante de pais e encarregados de educação no Conselho Pedagógico e na Assembleia da Escola, sei do que falo) sentiram necessidade de criar as ditas aulas, como meio de combater o insucesso, levar os alunos a terem uma maior participação nas actividades da escola, proporcionando um estudo acompanhado aos alunos. Estas aulas poderiam ser de vários tipos: ou os professores da mesma turma trocavam entre si quando sabiam que iam faltar, ou as aulas de determinada disciplina eram dadas por professores da mesma disciplina ou grupo disciplinar, podendo o professor que faltava deixar materias organizadas e por último quando nenhuma destas soluções era possível o professor que ficava com a turma, definia com os alunos o que fazer (eram "aulas" de ocupação dos alunos). Podiam ir para os vários clubes existentes na escola ou para a biblioteca mas teriam sempre que, no final, regressar à sala. Lembro-me de uma turma que criou um debate sobre educação sexual, em que os alunos eram pais, professores e alunos, ou outra turma que após a professora perguntar se havia alguma coisa que gostassem de fazer, eles (se calhar a pensarem que ela os mandaria para a rua) responderam que precisavam de organizar uma visita de estudo, então com a ajuda lá foram fazendo um plano e os 90 minutos passaram num instante. Um tema que foi muitas vezes aproveitado foi a participação dos alunos nos diversos orgãos da escola, na associação de estudantes, etc. Porquê? Cidadania no seu pleno! Deve estar a pensar que tudo corria bem! Engana-se, também havia professores (apesar de terem sido eles a sentirem a necessidade) que tudo fizeram para boicotar e pôr os alunos contra os professores e contra colegas (pois a maioria era a favor) , com publicação de artigos em jornais como forma de denegrir a imagem da escola e de toda a sua comunidade educativa. Embora a minha filha tenha andado nesta escola durante 2 anos, fosse uma aluna aplicada, interessada, frequentadora do clube de teatro, representante de alunos, foi preciso estas aulas para saber que no centro de recursos havia a possibilidade de à sexta feira requisitar videos/dvd para trazer para casa (pratica existente há muito tempo na escola), também serviram para conhecer o que a escola podia dar.
Como tudo na vida, nada é perfeito, há sempre quem goste e quem não goste. Custa-me é sentir que os alunos estão a ser manipulados por alguém, professores não tenho dúvida. Será que alguém já pegou no tema e o analisou, debateu com os alunos? A que conclusões chegaram? O que há para modificar?
Para que não lhe fiquem dúvidas, também sou docente, embora de um nível de ensino diferente.
Obrigada pelo seu blog. É extraordinário. Não passo um dia sem dar uma espreitadela...e quantas vezes penso, aonde já vi este "filme". Continue!"

É sempre bom saber que as palavras - as minhas neste caso - aqui deixadas, chegam até alguém e servem para alguma coisa.
Obrigada pela suas simpáticas palavras!!!