30/11/06

Foto: Aleksandr Jeljasevic

Saudades
Descobrimo-nos e depois, ignorámo-nos. Como se temêssemos o que sabíamos incontornável. Reinventámos a negação e depois o amor que nos negámos, em cada ausência.

Um dia olhei teus olhos vidrados nos meus. Sorri. Numa palavra disse o que caláramos tempo demais. Mergulhámos no silêncio dum beijo desejado e irreprimível e o teu corpo na firmeza dos meus braços pareceu-me ainda mais frágil e sedutor.

O tempo escoava-se rapidamente mas, tu com a mesma ternura, amor e sensibilidade com que as tuas mãos arrancam emoções aos teclados ébano e marfim, dedilhaste os cabelos do meu peito, produzindo acordes de magia na minha pele e sentidos. Fizeste do meu corpo a pauta onde escreveste a mais bela Sinfonia de suor e desejo inacabada. Para sempre nossa e infinitamente inacabada.

Saudades.

- Luís Eusébio -