Bom fim de semana!!!
"Um grande amor só pode existir à sombra de um grande sonho..." Mas quantos desses sonhos ficam perdidos no tempo...
28/09/07
Foto: Thomas Kamp
Vou passar a noite com estes dias.
Com o sorriso que deixaste nos lençóis.
Ainda ardo com os restos do teu nome
e vejo com os teus olhos as coisas que tocaste.
Estou entre o pão e a mesa, no copo que levas à boca.
Na boca que me guarda.
E não sei o que sou entre ontem e o que vier.
Ontem era o rio ao entardecer, o olhar que acaricia a luz.
O meu filho escreve nos seixos da praia e eu invento
passos para os decifrar.
Todos rolam para longe.
É assim o mar. Vou aprendendo com as ondas
a desfazer-me em espuma.
Há sempre uma gaivota que grita quando estou perto,
sempre uma asa entre o céu e o chão da casa.
Mas nada me pertence,
nem as palavras com que cimento as horas.
Talvez o amor seja uma pequena diferença entre
fusos horários ou o acordo ortográfico
que só existe no fundo da pele.
Mas aqui onde não sou
o que me funda é a certeza que existes.
- Rosa Alice Branco -
Vou passar a noite com estes dias.
Com o sorriso que deixaste nos lençóis.
Ainda ardo com os restos do teu nome
e vejo com os teus olhos as coisas que tocaste.
Estou entre o pão e a mesa, no copo que levas à boca.
Na boca que me guarda.
E não sei o que sou entre ontem e o que vier.
Ontem era o rio ao entardecer, o olhar que acaricia a luz.
O meu filho escreve nos seixos da praia e eu invento
passos para os decifrar.
Todos rolam para longe.
É assim o mar. Vou aprendendo com as ondas
a desfazer-me em espuma.
Há sempre uma gaivota que grita quando estou perto,
sempre uma asa entre o céu e o chão da casa.
Mas nada me pertence,
nem as palavras com que cimento as horas.
Talvez o amor seja uma pequena diferença entre
fusos horários ou o acordo ortográfico
que só existe no fundo da pele.
Mas aqui onde não sou
o que me funda é a certeza que existes.
- Rosa Alice Branco -
Foto: Karula
Tem umas ideias muito engraçadas!
Divirtam-se.
Já não é a primeira vez que coloco aqui posts com esta beleza! Hoje sei que é uma "menina" - só poderia mesmo ser uma menina - e como se chama. A sua dona escreveu-me e falou-me um pouquinho desta gatinha.
Como o natal está à porta, e temos que começar a pensar nas prendinhas, não deixem de passar por aqui:
Tem umas ideias muito engraçadas!
Divirtam-se.
27/09/07
Foto Tommi
Se tu soubesses,
Da resposta cá dentro,
Que encobre a pergunta...
Se tu soubesses,
Do silêncio cá dentro,
Que prende o grito...
Se tu soubesses,
Do desânimo cá dentro,
Que seca as lágrimas...
Se tu soubesses,
Da dor cá dentro,
Que desmancha o sorriso...
Se tu soubesses,
Das tuas raízes cá dentro,
Que se espalharam por mim...
Se tu soubesses...
Do tanto de mim cá dentro,
Que pede por ti...
Se Tu soubesses...
(Brain - Taradisses)
Se tu soubesses,
Da resposta cá dentro,
Que encobre a pergunta...
Se tu soubesses,
Do silêncio cá dentro,
Que prende o grito...
Se tu soubesses,
Do desânimo cá dentro,
Que seca as lágrimas...
Se tu soubesses,
Da dor cá dentro,
Que desmancha o sorriso...
Se tu soubesses,
Das tuas raízes cá dentro,
Que se espalharam por mim...
Se tu soubesses...
Do tanto de mim cá dentro,
Que pede por ti...
Se Tu soubesses...
(Brain - Taradisses)
26/09/07
Ontem fui ao concerto dos "The Police", que começou por volta das 20.30 H com o filho de Sting a actuar. Não vi essa parte porque quando entrei no estádio estava praticamente a começar o concerto que lá me levou. Pois bem, estava fora de questão ir de carro, como tal deixámos os carros em Alcântara e metemos-nos no comboio. Lá chegamos ao estádio e naturalmente ainda não tínhamos comido nada e resolvemos então petiscar alguma coisa antes de entrarmos. Aqui começaram os problemas porque havia apenas um quiosque que vendia cachorro quente, pacotes de batatas fritas e imperiais. Só que era necessário esperar cerca de quarenta e cinco minutos para chegarmos a ser atendidos. Foi o que aconteceu, porque entretanto fomos informados de que era o único sítio onde se poderia comer alguma coisa. Não havia mais nada, nem dentro nem fora do estádio. Fantástico!
Estava um frio que quase era impossível manter um cigarro na mão de tanto que se tremia. É claro que acerca do frio a organização do evento não tem culpa!
Quanto ao espectáculo em sim, gostei, o palco estava fantástico, o som era óptimo, e claro os Police a actuar para matarmos saudades.
Gostei muito, mas eram onze da noite tivemos que ir embora para não morrermos congelados, pois já estávamos completamente desconfortáveis com o frio, a pontos de não conseguirmos apreciar devidamente o concerto.
Nem Sting e a sua voz nos convenceram a ficar!
Chegamos a casa e aos poucos, com a ajuda de um chá quente, lá fomos lentamente descongelando....
Chegamos a casa e aos poucos, com a ajuda de um chá quente, lá fomos lentamente descongelando....
Ficou a lição de que concertos em estádios só mesmo em pleno verão...nos anos em que houver verão!!!
25/09/07
Para estas bandas, as minhas, isto não tem andado nada fácil. Mesmo nada, na verdade.
Faço por disfarçar o meu estado de espírito, porque quem me rodeia não tem culpa nem tem nada a ver com os meus problemas pessoais, mas nem sempre consigo.
No fim de semana dizia-me a minha filha a certa altura: Bi, tens estado a conversar e a rir com todos, mas há uma tristeza enorme no teu olhar. Isso não consegues disfarçar.
Aqui há uns anos atrás já o meu casamento estava numa fase muito complicada, tinha a minha filha nove anos na altura, encontrou-me a chorar como em tantas outras ocasiões. Sentou-se junto de mim e perguntou-me se por eu chorar resolvia os problemas... Se não resolves, não chores mais! Prometi a mim mesma que os meus filhos nunca mais voltariam a ver-me chorar. E assim foi. Hoje a minha filha é uma adolescente com quem converso e a quem nada escondo. Ela já sabia do motivo, o que se tinha passado, mas disse-lhe que tudo iria passar com o tempo! A conversa terminou com um "Bi, deixa-me dar-te um abracinho", como ela sempre diz.
Na verdade, o que se passa no meio disto tudo, é que o facto de eu não encontrar respostas para certos acontecimentos, me deixa sem sossego! Não consigo perceber, nem aceitar, que numa sexta feira tudo estivesse resolvido e no sábado estava tudo completamente ao contrário, sem eu saber o porquê! Não compreendo! Não consigo aceitar porque não encontro um motivo válido.
Ontem em conversa com a minha amiga, sobre tudo isto, dizia-me ela:
Ontem em conversa com a minha amiga, sobre tudo isto, dizia-me ela:
- Não procures respostas porque nunca as vais ter. Esquece. Vira a página. Não esperes mais nada desse assunto.
Eu não estou à espera de nada. Mas para ficar tranquila, precisava muito de entender o porquê, o que aconteceu para tudo mudar de uma hora para a outra!
Era só isso que eu queria, para me ser possível aceitar...
Coisa Simples
Dá-me a lua, tira-a do céu
e pousa-a na minha mão.
Dá-me um dia de sol
quente e brilhante
oferece-mo quando eu acordar.
Dá-me um rio
tira-o do leito, muda-lhe o curso
fá-lo correr à minha porta
e dá-me um rio.
Não te peço que me ames.
Só te peço coisas simples.
Um acordar cheio de sol
Um rio à minha porta
E a lua nas minhas mãos.
(Encandescente)
24/09/07
No sábado a minha amiga fez anos. Éramos cerca de vinte no jantar, que foi realmente muito divertido, com direito até a duas cadeiras partidas e os respectivos senhores desapareceram da mesa e ficaram sentados no chão. Ninguém se magoou e isso é que importa.
Mas deixem-me dizer que não há nada mais bonito do que ver um homem apaixonado! Daqueles que quando se fala em amor se riem do tema, que passam a imagem de que são sempre senhores da situação, e de repente vemos alguém que vai buscar uma bebida para a namorada, leva o prato dos aperitivos até ela, que lhe dá um cigarro e o acende, festinhas na mão, enfim aquelas coisas que todos os homens apaixonados fazem e que só lhes fica bem.
Aqui há tempos, em conversa eu disse-lhe que um dia iria aparecer uma mulher que lhe "daria a volta", por quem ele iria "cair de quatro", e foi exactamente o que constatei no sábado.
Mas fica-lhe bem, e gostei de ver, porque não há nada mais bonito do que um homem verdadeiramente apaixonado...
Bem, a noite acabou já passava das cinco da manhã, depois de termos saído de casa dela, os cinco resistentes ainda fomos até ao Xafarix e Plateau. Acabamos a noite a comer cachorro quente.
Ontem foi para pôr o sono em dia, porque o corpo precisa de descanso.
21/09/07
Foto: Rene Agneau
Como todos, também eu tenho rituais diários.
Como sempre hoje levantei-me e a primeira coisa que fiz foi abrir a janela do quarto. Como sempre, os meus filhos não estavam em casa, porque também como sempre passaram a noite de quinta feira em casa do pai. Como sempre, deixei o rádio do quarto ligado e fui à sala ligar o outro, e como sempre, segui para o banho matinal. Como sempre, passei ao quarto para me vestir enquanto falava com a minha gata que vinha atrás de mim. Como sempre seguiu-se o pequeno almoço, ou melhor, um copo de leite apenas. Como sempre fui tratar de dar uma cor ao rosto para me sentir mais animada, e aquela "pitada" de perfume. Como sempre, fiz uma festinha à gata e disse-lhe "até logo menina".
Como sempre.... aqui parei e dei conta de que, como sempre, nesta última semana não me acompanhaste. Como sempre, nesta última semana, depois de tomar o meu banho não te fui acordar e dizer-te enquanto de dava um beijo "toca a levantar preguiçoso". E ouvia um "Vou já miúda, deita-te aqui mais um bocadinho..." E, como sempre, não resistia ao teu pedido. E como sempre, levantavamo-nos atrasados...! Como tem acontecido, hoje não tomamos o pequeno almoço juntos, tranquilamente sentados. Como tem acontecido, hoje não descemos no elevador até à pastelaria para tomarmos o primeiro café, e de seguida para a garagem onde o carro nos esperava. E como tem acontecido, hoje não vim contigo para Lisboa em amena conversa. Como tem acontecido, hoje quando aqui cheguei, não combinei contigo a que horas estavas despachado para voltarmos juntos para casa, passarmos no supermercado para comprarmos o jantar. Como tem acontecido, hoje não vou jantar contigo, mas com a tua ausência, não vou ter a tua companhia no primeiro cigarro depois do jantar, não vou tomar o café contigo, não te vou ter sentado ao meu lado, não vou ouvir a tua voz, o teu sorriso, o teu beijo, não me vais levar ao colo - como fazias por vezes - para a cama, não te vou ouvir dizer, já com a luz apagada "boa noite princesa, deixa-te estar aqui assim juntinho de mim, adoro sentir o teu corpo...".
Faz hoje uma semana, que te tive junto de mim pela última vez.
Faz hoje uma semana, que como tem acontecido só te tenho na saudade, no meu pensamento!!
Como sempre, aqui estou eu a sentir o tempo passar, sentindo que pouco a pouco algo de nós morre lentamente, sem que nos demos conta disso. Sem que possa fazer alguma coisa para impedir que isso aconteça...
Aqui estou eu a lembrar que amanhã é o dia do teu aniversário e que não te vou ver, nem dar-te um beijo e dizer ao teu ouvido "parabéns coisa boa..."!!
Por coincidência, a minha grande amiga também faz anos amanhã. Vou jantar com ela e farei um brinde a ti. É só isso que me é permitido, e ninguém me irá impedir de o fazer.
Boa noite!
20/09/07
Foto: Anna Simonja
Ontem, senti uma solidão sem tamanho. Ontem, senti a tua falta. Ontem, senti saudades tuas, daquelas que fazem doer cá dentro.
Quando sai aqui do serviço, liguei para um amigo - alguém de quem gosto mesmo muito - na esperança de que estivesse disponível para tomarmos um copo, conversarmos e passarmos juntos um par de horas, quem sabe! Mas ele, que até não é muito dado a futebol, ontem - por sorte ou azar - estava a ver o seu sporting e como isso não bastasse no próprio do estádio... esse mesmo! Quando retribuiu a minha chamada, que não atendeu, às primeiras palavras que trocámos, acontece o "auto-golo" do sporting (foi auto golo não foi? Ouvi dizer que tinha sido um jogador do sporting que marcou o dito do golo...), bem, optei por terminar a conversa, não fossem pensar que eu estava a dar azar.... Mas tenho que admitir que me apeteceu voltar a ligar antes do jogo acabar... quem sabe havia outro "auto golo" desta vez do Nani?
Ontem, senti a tua falta, de facto. Aquela de que te falei quando da nossa ultima conversa. Disse que iria sentir a tua falta e das nossas longas conversas, dos nossos amanheceres, de colocar as minhas pernas por cima das tuas quando no sofá nos recostávamos a ouvir música, acompanhados por uma bebida, quando passavas a tua mão no meu rosto, quando trocávamos um sorriso em silêncio. E os nossos silêncios diziam tanto... diziam tudo.
Os meus braços abertos não te alcançam, mas sentem-te por perto, pois na verdade nunca saíste deles, ficou cá o teu lugar, estão apenas à espera...
Ontem, saí daqui e quando dei conta estava na Pousada de S. Filipe, lembrei-me do teu rosto quando me sentei a olhar para parte nenhuma, para o vazio, para o longe e senti as minhas mãos vazias. Ali fiquei de olhar perdido numa imensidão de pedaços vividos contigo, vários meses, dias, momentos cheios de cor, com o teu olhar doce, a tua voz serena a dizer "anda cá miúda", a forma do teu sorriso, e eu apenas a olhar para ti, a sorrir dos pedaços dispersos da nossa felicidade. É de tudo isso que eu sinto mais falta. Dos momentos vividos com o mundo, no meio da multidão anónima, que não existia para nós. Que nós deixávamos de ver e ouvir, tão absortos estávamos em aproveitar cada segundo que o tempo nos pudesse roubar. E que era nosso por direito. Nós fazíamos por tê-los e partilha-los um com o outro.
Não te pedia mais que isso, porque sabia se te pedisse mais, a tua resposta seria sempre um carinho, teria a forma de um beijo demorado, e um sorriso desenhado no teu rosto bonito.
Hoje, também não te peço nada. Queria só saber se és feliz de verdade! Nem quero que me guardes nesses teus momentos felizes, só quero - não estou a pedir muito não? - que nesses momentos me reconheças em qualquer parte onde eles estejam...
Hoje fui almoçar com a "chefe" ao sítio do costume, a Chelas.
Há já algum tempo que lá não iamos, e soube-nos bem, voltar a um lugar onde estivemos tantas vezes e que de um momento para o outro deixou de fazer parte do nosso dia a dia.
Claro que nos fizeram uma "festa" quando entrámos.
Depois juntaram-se a nós mais um ex-colega e outro colega, que por acaso apareceu sozinho, e ainda bem...!!
Depois juntaram-se a nós mais um ex-colega e outro colega, que por acaso apareceu sozinho, e ainda bem...!!
Foi óptimo o nosso almoço. Ainda nos divertimos.
Foto: Juergen Kampa
TERNURA
Desvio dos teus ombros o lenço
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...
Olho a roupa no chão: que tempestade!
há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...
Começas a vestir-te lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...
Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!
- David Mourão Ferreira -
TERNURA
Desvio dos teus ombros o lenço
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...
Olho a roupa no chão: que tempestade!
há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...
Começas a vestir-te lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...
Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!
- David Mourão Ferreira -
Almas gémeas
«(...) As almas gémeas quase nunca se encontram, mas, quando se encontram, abraçam-se. Naqueles momentos em que alguém diz uma coisa, que nunca ouvimos, mas reconhecemos não sei de onde. E em que mergulhamos sem querer, como se estivéssemos a visitar uma verdade que desconfiávamos existir, de onde desconfiamos ter vindo, mas aonde não tínhamos conseguido voltar.
O coração sente-se. A alma pressente-se. O coração anda aos saltos dentro do peito, a soluçar como um doido, tão óbvio que chega a chatear. Mas a alma é uma rocha branca onde estão riscados os sinais indeléveis da nossa existência.
Gémea não é igual. É parecida. Não é um espelho. É uma janela. Não é um reflexo. É uma refracção.
O desejo de encontrar uma alma gémea não é o desejo de reafirmarmos a unicidade da nossa existência através de outro que é igual a nós. É precisamente o contrário. É poder descansar dessa demanda. No fundo, todos nós duvidamos que tenhamos uma alma. Senão não falávamos tanto dela.
Uma alma gémea é a prova que não estamos sozinhos.
O estado normal de duas almas gémeas é o silêncio. Não é o "não ser preciso falar" - é outra forma de falar, que consiste numa alma descansar na outra. Não é a paz dos amantes nem a cumplicidade muda dos amigos. Não precisa de amor nem de amizade para se entender. As almas acharam-se. Não têm passado. Não se esforçaram. Estão. É essa a maior paz do mundo. Como é que um ninho pode ser ninho doutro ninho? Duas almas gémeas podem ser.
Como é que se reconhece a alma gémea? No abraço.(...) Quando duas almas gémeas se abraçam, sente-se o alívio imenso de não ter de viver. Não há necessidade, nem desejo, nem pensamento. A sensação é de sermos uma alma no ar que reencontrou a sua casa, que voltou finalmente ao seu lugar, como se o outro corpo fosse o nosso que perdêramos desde a nascença.
As almas gémeas revelam-se uma à outra. Não são iguais. Mas revelam-se de forma igual. Como se tivesse surgido, de repente, uma língua que só os dois conseguissem falar.
Toda a angústia do eu se dissipa. É-se inteira e naturalmente aceite. Sem perguntas. Sem condições. Sem promessas. E mergulha-se no outro como se já não fosse preciso existirmos.»
- Miguel Esteves Cardoso -
19/09/07
.... Nunca mais nos veremos? Perguntei com a estupidez de quando não há perguntas a fazer.
Mas ao mesmo tempo, por baixo da minha insensatez, eu senti o impulso absurdo de recuperar uma irrealidade perdida.
Nunca mais?... E imprevistamente era aí que eu repousava, na tua face, na imagem final do meu desassossego.
- Vergílio Ferreira -
No meu telemóvel tenho diversos toques para identificar algumas pessoas. Digamos que aquelas que são mais importantes para mim.
Ontem, quando às dez da noite saía do serviço e ouvi o teu toque no telefone, achei que seria engano. Mas não, o toque prolongou-se por alguns instantes, e eu olhava para o telefone sem saber se deveria ou não atender. Foi mais forte do que eu, atendi e ouvi a tua voz do outro lado:
- Miúda, como estás?
Seguiram-se alguns segundos em que não disse nada, fiquei em silêncio!
Depois... depois estivemos duas horas - exactamente duas horas - a falar! Do que falámos, o que dissemos, eu não sei! Ou sei? Claro que sei, está tudo guardado cá dentro!
18/09/07
Era uma vez...
Vou começar com uma frase já muito conhecida:
Vou começar com uma frase já muito conhecida:
"A vida não se mede pelo número de vezes que respiramos, mas pelos momentos que nos tiram a respiração..."
Já nos conhecíamos há algum tempo. Bastante tempo até. Mas não estava à espera de te conhecer naquele dia mais de perto, não fazia parte dos meus planos colocar em causa tudo o que tinha sido a minha vida até aquele momento, não estava nos meus planos olhar para a minha vida do lado de fora - como nunca a tinha visto - e de chegar a colocar questões e até dúvidas sobre o conceito da felicidade. Isso que todos procuramos e que raramente encontramos. Mas nós, com todas as loucuras que fizemos, fomos realmente felizes. Eu sei, que sim. Tu disseste-me que sim. Descobri isso no teu sorriso, quando me olhavas nos olhos e me abraçavas forte contra ti. Ficávamos em silêncio durante alguns instantes, apenas a desfrutar da sinceridade daquele gesto.
Contigo vivi momentos que nunca tinha experimentado!
Lembraste de quantas vezes assistimos juntos, ao nascer do sol de verão? Sempre em sítios diferentes. Umas vezes, depois de jantarmos em Setúbal, rumávamos para o Portinho da Arrábida, tomávamos café e ali ficávamos dentro do carro a conversar horas esquecidas, até tu me dizeres: olha, está a amanhecer, que sol lindo! Outra vez, depois de muita conversa e alguns copos no Parque das Nações, rumávamos para Setúbal e acontecia o nascer do sol enquanto atravessávamos a Ponte Vasco da Gama. O sol parecia sair de dentro do Tejo, dizias tu! Também para nós, amanheceu certa vez a olharmos o mar no Estoril, e outra vez ainda enquanto passeávamos na marginal de Setúbal, numa noite morna. Depois fomos tomar o pequeno almoço a minha casa, afinal eu tinha que mudar de roupa para ir trabalhar! Não, não foi naquela noite em que perdi as chaves do carro na Av: Luísa Tody, em que fomos a pé até minha casa, buscar o duplicado das mesmas, para poder regressar com o carro. No dia seguinte, lá estavam elas num restaurante onde nem sequer alguma vez jantámos. Mas alguém as deixou lá!
Recordo, com especial carinho, o dia em que te levei à Pousada de S. Filipe em Setúbal para tomarmos o café depois do jantar, e quando deparaste com a paisagem lá de cima, ficaste em silêncio. Parado! Depois puxaste-me para ti, abraçaste-me e disseste ao meu ouvido: Obrigado miúda, por este momento encantado que me estás a proporcionar! E da volta que fizemos pela serra da Arrábida, num final de tarde, quando saímos da praia da Figueirinha, onde afinal só estivemos pouco mais de uma hora. E quando fomos a Tróia? Como isto está diferente, disseste tu. Tinha esperança de ver, nesse dia, os golfinhos do Sado, mas tal não aconteceu.
Eram assim os nossos momentos. Serenos. Tranquilos. Verdadeiros. Sentidos. Cheios de magia e cumplicidade. E por vezes loucos. Sim, loucos, quando ias ter comigo só para estarmos juntos meia hora. Quando vim ter contigo a Lisboa já passava das três da manhã. Quando um dia te esperei, a ler no carro, até às três e meia da manhã...
E quando ias para fora de Lisboa, quantas vezes me ligavas por dia? Três, cinco, dez? Não sei. Perdia a conta... Horas e mais horas a falar. Chegaste a telefonar, algumas vezes, já passava das quatro da manhã e - meia a dormir meia acordada - ouvia-te dizer que estavas cheio de saudades e que adoravas a minha voz ao acordar! E quando regressavas, estavas à minha espera, eu ainda mal tinha saído do carro, já tu estavas a dizer: anda cá miúda, deixa-me abraçar-te que estou com tantas saudades tuas! E apertavas-me tanto, que não deixavas dúvidas da sinceridade das tuas palavras e do que dizias sentir...! Deixavas escapar baixinho: Agora está tudo bem! Já está tudo bem...!
E íamos petiscar alguma coisinha, ou levavas-me a um restaurante que conhecias (no Estoril), que dizias, serviam a melhor picanha que já tinhas comido!
E naquela noite em que fomos ao Bairro Alto, tomar uma imperial, e acabámos numa das ruas apertadas, sentados num degrau onde mal cabíamos os dois e a certa altura alguém veio oferecer-me uma rosa. Ainda a tenho no tablier do meu carro. Mais um motivo para me lembrar de ti... Depois de tudo isto, ficaram tantos lugares por correr. Tantas noites que programámos. Tantos sonhos que dizias iríamos realizar os dois.Tantos amanheceres em outros lugares que já não vamos ver...
Não me ocorreu, naquele dia em que nos "conhecemos", que um dia ficarias a fazer-me falta, em todos os dias que a esse se seguiram. Como hoje. Não percebi, que te tornarias parte de um pedaço dos meus dias, não soube ver que te entranharias em mim, com a tua voz, com a cor do teu sorriso sereno, com as tuas mãos meigas, com a falta do teu abraço apertado.
Não percebi que o primeiro beijo que me roubaste, ficaria em mim e mudaria toda e qualquer ideia que tinha a respeito e de tudo e de absolutamente nada.
Não me dei conta que todos os momentos passados contigo seriam demasiado pequenos, que o tempo corria demasiado rápido. Não queria saber do tempo que nos fugia entre a vontade imensa de estarmos juntos, de estarmos apenas ali, de sabermos que o nosso sorriso era fruto um do outro quando as nossas mãos de juntavam apertadas.
Não sabíamos que a intensidade do que vivíamos era tanta que não cabia no tempo...
Não sei se me amaste! Não sei se te amei! Sei que os sentimentos eram como uma brisa ligeira, que nos fazia estar ali, de olhar perdido no mar, no sol a nascer, nos olhos um do outro, em silêncio...
Há tanta coisa que gostava de te dizer um dia. Há tanta coisa que queríamos viver um dia. Houve tanto que dissemos um ao outro - sem palavras - no nosso abraço de despedida!
Deixei-te ir viver a tua vida. Havia dúvidas... Há assuntos para resolver...
Antes de ires disse-te: aqueles que amo, deixo-os livres; se voltarem é porque os conquistei, se não é porque nunca os tive.
Tu disseste-me ao ouvido: Miúda, aconteça o que acontecer, tu és a pessoa mais fantástica que conheci e que já passou na minha vida. Não voltarei a ver um amanhecer sem que me lembre de ti. O sol da minha vida serás sempre tu!
Não sei se voltas!
Não sei onde está o teu rosto, a tua voz que ecoa por outros lugares, que não este onde te escrevo agora. Hoje é a primeira terça feira em que regresso a casa e vou jantar sem ti, mas com a tua ausência!
Há momentos que ficarão gravados na mente. Que deixam uma canção para sempre, e palavras que me disseste e que ficam assim, muito dentro de mim.
Não sei, se alguma vez saberei o momento em que nos esqueceremos um do outro....
Boa noite Rogério! Deste-me tantos momentos que me tiraram a respiração....!!
Esteve de visita a Portugal na passada semana, visita essa que terminou dia 16, com uma conferência pública dedicada "Ao poder do coração", que teve lugar no Pavilhão Atlântico, para uma plateia de 10.000 pessoas.
Dalai Lama não foi recebido pelos responsáveis do governo português, que cederam às pressões do "bicho papão" chamado China.
O governo português, que naturalmente representa Portugal, que é um dos países que "lutam" e apelam aos Direitos Humanos e contra a pena de morte, cedeu a pressões de um país que não respeita esses mesmos Direitos Humanos!
A hipocrisia do nosso governo não tem limites!
Ao contrário de Portugal, a Chanceler Alemã Angela Merkel informou que vai receber Dalai Lama quando da sua visita no próximo dia 23 de Setembro.
Dalai Lama tem um aspecto frágil, mas transmite uma tranquilidade, uma serenidade, uma paz que apetece estar ali. O que ele disse, os ensinamentos que transmitiu não são uma novidade, todos nós sabemos. Todos nós os conhecemos.
Mas só alguém muito "grande" e especial, terá a coragem, a força, para praticar e seguir aqueles ensinamentos, num mundo como o nosso...
Foto: Stefan Beutler
(obrigada ao Pedro que me enviou estas palavras)
MEDO
Somos vitimas do medo.
Medo de errar novamente,
Medo de seguir em frente,
Medo de magoar ou ser magoado.
Histórias passadas
Parecem se repetir
Em nosso presente.
Mas o pior de tudo,
Não é errar novamente,
O pior de tudo é ter medo
De que tudo possa vir a ser diferente.
Momento ainda não vivido,
Onde temos que ser cautelosos,
Seguir passo a passo,
Para não cairmos
Em mais uma armadilha da vida.
É como se estivéssemos
Caminhando de olhos vendados.
Ou talvez no escuro.
Mas não seria mais fácil,
Darmos as mãos
E seguirmos juntos?
Poderia ser
Que caíssemos
Do mesmo jeito,
Mas de alguma forma,
Ou por algum momento
Nos sentimos seguros!!!
(obrigada ao Pedro que me enviou estas palavras)
17/09/07
A vida é feita de momentos!
Uns são tão maus que os queremos esquecer. Mas outros são bons, fantásticos, que deixam recordações para o resto da vida. E quando os recordamos, essas recordações são sempre acompanhadas por um sorriso. Momentos de carinho, cumplicidade, boas gargalhadas, olhar o nascer do sol, desfiar uma boa conversa, um olhar que se troca, muita ternura...
A vida é feita de pessoas! Pessoas fantásticas. Pessoas que passam, mas que ficarão para sempre!
Mas não é possível construir ou iniciar uma vida a dois - que poderá ou não vir ser feliz - sobre situações mal resolvidas, indecisões, incertezas...
Ontem, encerrei mais um capitulo do meu livro da vida!
Terminou com um abraço muito apertado, e com alguém a dizer no meu ouvido:
- Aconteça o que acontecer miúda, quero que saibas que és a pessoa mais fantástica que conheci e passou pela minha vida. Quando voltar a ver um amanhecer é de ti que me vou lembrar. E sempre que ouvir os "Keane"...! Obrigado, por teres feito parte da minha vida!
- Vemo-nos por aí Rogério!!!
Keane - This Is The Last Time: Band Version
Para o Rogério que ontem me dizia: quando ouvir "Keane" vou sempre lembrar-me de ti e daquele dia...
16/09/07
Foto: Ralph Matucci
Dois corpos não carecem de mais do que da fugidia linguagem dos sussurros, dos beijos que eriçam a pele, dos arquejos que preparam a doce deflagração de um amplexo. O idioma topográfico da epiderme transpirada é o único que importa? O único que é preciso dominar quando não se trafica mais do que o amor. Que diferença faz se esses dois corpos não são capazes de se entender plenamente utilizando o vago código das palavras? Que importa a gramática de raiz latina quando duas bocas estão demasiado próximas para que qualquer vocábulo possa ser dito?...
- Manuel Jorge Marmelo -
Dois corpos não carecem de mais do que da fugidia linguagem dos sussurros, dos beijos que eriçam a pele, dos arquejos que preparam a doce deflagração de um amplexo. O idioma topográfico da epiderme transpirada é o único que importa? O único que é preciso dominar quando não se trafica mais do que o amor. Que diferença faz se esses dois corpos não são capazes de se entender plenamente utilizando o vago código das palavras? Que importa a gramática de raiz latina quando duas bocas estão demasiado próximas para que qualquer vocábulo possa ser dito?...
- Manuel Jorge Marmelo -
15/09/07
Esta madrugada às cinco da manhã ainda eu não tinha conseguido dormir.
A cabeça não sossegava, a pontos de não ser capaz de me concentrar num livro ou na televisão. Nem um dos episódios do CSI conseguiu abstrair-me do turbilhão de pensamentos.
Do medo de atirar com tudo para trás das costas e arriscar. Pelos vistos não era só eu, porque me ligaram às quatro e meia da manhã, para conversar um pouquinho e desejar boa noite! Na verdade seria mais "boa madrugada".
Não sou de resolver certos assuntos por telefone, sempre gostei mais de falar com as pessoas «olhos nos olhos», e aprecio bastante a sinceridade, a verdade, por muito dificil que ela seja. Não sei lidar com a dúvida, com a ansiedade, nem com o adiar de uma boa conversa. Gosto de saber o terreno que piso.
Estou perante uma situação que tem de ser resolvida, e vai ser certamente. Não existe, neste caso, a hipótese do «nim», só poderá ser sim ou não!
Mas por vezes toma conta de mim um medo de arriscar, de dizer o tal sim, porque, como diz o ditado, «gato escaldado....».
Mas... tudo se resolve. Tudo tem solução.
Foto: Nicola Ranaldi
quis ser
uma pequena ponta da tua luz
um fugaz reflexo
do brilho quando passas
em lentos barcos pelo mar
e te afastas
e depois descer com as tuas mãos
quando as minhas te procuram
e quis ser longe nas asas dos pássaros
chamando por ti nos olhos dos animais
evocando antigos sinais e gestos
talvez ser uma porta entreaberta
onde tu estivesses sempre
e quis
sem saber que já era em ti
- Carlos Lopes Pires -
quis ser
uma pequena ponta da tua luz
um fugaz reflexo
do brilho quando passas
em lentos barcos pelo mar
e te afastas
e depois descer com as tuas mãos
quando as minhas te procuram
e quis ser longe nas asas dos pássaros
chamando por ti nos olhos dos animais
evocando antigos sinais e gestos
talvez ser uma porta entreaberta
onde tu estivesses sempre
e quis
sem saber que já era em ti
- Carlos Lopes Pires -
14/09/07
Foto: Alex Krivtsov
Aceitei que irrompesse pela minha vida,
quando sempre jurei que não deixaria nunca
que nenhum homem irrompesse pela minha vida...
Deixei que acontecesse, farta de saber
o que estava a acontecer...
Fica obviamente ridículo, dito assim,
mas as palavras serão sempre de menos...
Ia quase dizer que lhe dei o meu corpo,
a minha cama, a minha ternura, a minha vontade,
ia dizer isto assim
mas chego sempre à conclusão
que não lhe dei nada,
que nos demos, que nos entregámos num momento
e o que se passa é que se calhar
esse momento, esse pequeno momento,
era de facto verdadeiro enquanto vivia.
Rodrigo Guedes de Carvalho
in "Os pés no arame"
Aceitei que irrompesse pela minha vida,
quando sempre jurei que não deixaria nunca
que nenhum homem irrompesse pela minha vida...
Deixei que acontecesse, farta de saber
o que estava a acontecer...
Fica obviamente ridículo, dito assim,
mas as palavras serão sempre de menos...
Ia quase dizer que lhe dei o meu corpo,
a minha cama, a minha ternura, a minha vontade,
ia dizer isto assim
mas chego sempre à conclusão
que não lhe dei nada,
que nos demos, que nos entregámos num momento
e o que se passa é que se calhar
esse momento, esse pequeno momento,
era de facto verdadeiro enquanto vivia.
Rodrigo Guedes de Carvalho
in "Os pés no arame"
13/09/07
12/09/07
Este texto já não é recente, mas hoje, enquanto fazia uma "limpeza" no meu mail, deparei com ele e decidi colocá-lo aqui, pois acho que vale a pena lê-lo.
Pais Maus
Ontem, através do meu filho mais novo, veio parar-me às mãos um texto distribuído às crianças do ATL que ele frequenta. Confesso que costumo ler os diversos papéis que me mandam das diversas escolas dos meus filhos, na diagonal, mas, curiosamente, a este, li-o de fio a pavio.
Como não vinha assinado, não tenho maneira de pedir autorização ao autor para o publicar, mas parece-me que o que importa a quem o escreveu é que chegue ao maior número de pais possível.
Vale a pena lê-lo:
Deus abençoe os pais maus!
Um dia, quando os meus filhos forem crescidos o suficiente para entenderem a lógica que motivo um pai, eu hei-de dizer-lhes:
- Amei-vos o suficiente para ter insistido para que juntassem o vosso dinheiro e comprassem uma bicicleta, mesmo que eu tivesse possibilidades de a comprar.
- Amei-vos o suficiente para ter insistido para que juntassem o vosso dinheiro e comprassem uma bicicleta, mesmo que eu tivesse possibilidades de a comprar.
- Amei-vos o suficiente para ter ficado em pé junto de vós, duas horas, enquanto limpavam o vosso quarto - trabalho que eu teria realizado em quinze minutos.
- Amei-vos o suficiente para vos obrigar a pagar a pastilha que "tiraram" da mercearia e dizer ao dono: eu roubei isto ontem e hoje queria pagar.
- Amei-vos o suficiente para ter ficado em silêncio, para vos deixar descobrir que o vosso novo amigo não era boa companhia.
- Amei-vos o suficiente para vos deixar assumir a responsabilidade das vossas acções, mesmo quando as penalizações eram tão duras que me partiam o coração.
- Amei-vos o suficiente para vos ter perguntado: onde vão, com quem vão e a que horas regressam a casa.
- Amei-vos o suficiente para vos deixar ver fúria, desapontamento e lágrimas nos meus olhos.
- Mas, acima de tudo, eu amei-vos o suficiente para vos dizer NÃO, quando sabia que me iriam odiar por isso.
Estou contente. Venci, porque no final vocês também venceram. E qualquer dia, quando os vossos filhos forem suficientemente crescidos para entenderem a lógica que motiva os pais, vocês irão dizer-lhes, quando eles vos perguntarem, se os vossos pais eram maus, que sim, que eram os piores pais do mundo, porque:
- Enquanto os outros miúdos comiam doces ao pequeno almoço, nós tínhamos que comer cereais, tostas e ovos.
- Os outros miúdos bebiam pepsi ao almoço e comiam batatas fritas, enquanto nós tínhamos que comer sopa, segundo prato e fruta. E, não vão acreditar, os nossos pais obrigavam-nos a jantar à mesa, o que era bem diferente dos outros pais.
- Os nossos pais insistiam em saber onde nós estávamos a todas as horas, era quase uma prisão. Tinham que saber quem eram os nossos amigos e o que fazíamos com eles.
-Insistiam em que lhes disséssemos que íamos sair mesmo que demorássemos só uma hora, ou menos.
- Nós tínhamos vergonha de admitir mas eles violaram uma data de leis do trabalho infantil: nós tínhamos que fazer as camas, lavar a loiça, aprender a cozinhar, aspirar o chão, engomar a nossa roupa, ir despejar o lixo e todo o tipo de trabalhos cruéis. Eu acho que eles nem dormiam, a pensar em mais coisas para nos mandar fazer.
- Eles insistiam connosco para lhes dizermos a verdade, e apenas toda a verdade, sempre a verdade.
- Na altura da nossa adolescência eles conseguiam ler os nossos pensamentos o que tornava a vida mesmo chata.
- Os nossos pais não deixavam os nossos amigos buzinarem para nós descermos. Tinham que subir, bater à porta para eles os conhecerem.
- Enquanto toda a gente podia sair com doze ou treze anos, nós tivemos que esperar pelos dezasseis.
- Por causa dos nossos pais, nós perdemos experiências fundamentais da adolescência: nenhum de nós esteve alguma vez envolvido em actos de vandalismo, em roubos, violação de propriedade, nem foi preso por algum crime.
Foi tudo por causa deles.
Agora que já saímos de casa, somos adultos, honestos e educados, estamos a fazer o nosso melhor para sermos "maus pais" tal como os nossos pais o foram.
Eu acho que este é um dos males do mundo de hoje: não há suficientes MAUS PAIS!!!
- Mafalda Belmonte -
11/09/07
10/09/07
07/09/07
Quando hoje coloquei aqui a música "I Drove All Night", não foi por acaso.
O motivo é como um brinde a alguém, que ontem, depois de um duro dia de trabalho, fez questão de fazer os quilómetros que separam Lisboa de Setúbal, para me ver e estar comigo! Nem que seja só meia hora - dizia-me ao telefone - o tempo suficiente para um café ou um copo, pode ser? Não foi só meia hora! Foram várias horas de conversa amena, tranquila, agradável, bem disposta, e umas vezes a tocar um assunto bem mais sério, a que não será mais possível "fugir" ou evitar enfrentar um dia destes. Logo se vê como se resolve...!
Tenho que admitir que a companhia é muito agradável em todos os aspectos! É aquele género de pessoa com quem apetece estar, com quem nos sentimos bem, com um sorriso contagiante, que nos faz esquecer os contratempos da vida, que nos deixa tranquilos, que fala com sinceridade, sem fingimentos, que me faz sentir uma miúda - como me chama -e que sabemos sem qualquer margem para dúvidas - porque já deu provas disso - que gosta de nós!
E, afinal, quem não gostar de estar com quem gosta de nós?
Uma boa noite, para ti Rogério!
06/09/07
Palavra Amor
- José Luís Peixoto -
Às vezes, penso que é impossível que entendas completamente aquilo que sinto.
A culpa não é tua. Não existe culpa. As palavras que tenho são muito insuficientes, são muito imperfeitas.
E se, num momento, vejo a minha mão deslizar sobre a pele do teu rosto, ou sobre a pele do teu pescoço, ou sobre a pele da tua voz olhar presença. sou atingido por um raio e tenho de dizer palavras, tenho de tentar dizer-te aquilo que sinto.
Esses são os momentos em que digo a palavra amor. Palavra insuficiente e imperfeita que não sei o que diz.
Esses são os momentos em que sinto que qualquer coisa grande como o mundo me atravessa; a primavera inteira atravessa-me; as vozes e os sorrisos de todas as crianças atravessam-me; a lua, nós conhecemos a lua, a sua luz tão lenta no céu da noite, e a noite iluminada por luz, luz estendida sobre o rio onde se estende o nosso olhar imenso, cheio qualquer coisa grande como o mundo, a lua, a noite e a luz atravessam-me.
E digo a palavra amor como se dissesse tudo isto. E, quando me dizes a palavra amor, acredito que partilhamos palavras. E podemos dizer essa palavra dentro de um beijo. Os nossos lábios juntos a fazerem os mesmos movimentos, a fazerem as formas dessa palavra: a m o r. Juntos.
E há outra palavra que não sabemos como dizer: felicidade. Dizemos felicidade e, dentro do instante dessa palavra, sentimos alguma coisa que chamamos por esse nome. É também grande como o mundo.
Quando estamos juntos, de mãos dadas, quando nos abraçamos e os nossos corpos se tocam mais do que se estivessem apenas a tocar-se, quando as nossas vozes são a mesma, quando as nossas palavras, sentimos certas coisas grandes como o mundo. O mundo é tantas vezes infinito.
No entanto, quando estou sozinho por um momento, quando o teu rosto é apenas tocado pela minha memória, penso que é impossível que entendas completamente aquilo que sinto.
A culpa não é minha. Não existe culpa. Daquilo que sinto, dessas palavras, amor, felicidade, sei apenas que são grandes como o mundo quando o mundo é infinito. Posso estar na rua, posso estar no meu quarto, posso ter acabado de acordar e o meu corpo fica rodeado pelas folhas do Outono que o vento agita, fica rodeado de pássaros e a claridade é a pureza singela, como os teus olhos, como os teus lábios, como os teus dedos, como a tua pele. É tão grande. Tão grande.
E é por isso que penso que é impossível que entendas, mas depois penso em nós, a palavra amor, isto, tão grande, nós somos feitos de tantas coisas impossíveis, tantas coisas de que duvidamos, tantas coisas que verdadeiramente acreditamos impossíveis, com todas as certezas, com todas as dúvidas. Nós somos impossíveis e, no entanto, estamos aqui, dizemos essa palavra impossível, amor, e vemos significados na voz, na pele, no olhar e dentro de nós.
Tu sabes que existe o medo. Gostava de poder dizer-te para não teres medo, mas eu também sei que existe o medo. Na vertigem, de repente, esse momento. Penso que é impossível. E é quando gostava que me desses a mão.
Tu sabes que é assim. Existe tudo dentro dessa palavra, amor, essa palavra que dizemos e que nos soterra. Estamos debaixo dela como se estivéssemos debaixo de montanhas, como se existíssemos no centro do céu sem nuvens. E imaginamos que todos podem ver-nos, e imaginamos que ninguém nos vê. Possível e impossível.
Quando digo amor, apenas esta palavra, amor, gostava de dizer-te que por trás do meu rosto estão todos os gestos que poderão amparar-te quando precisares, todos precisamos de gestos e de palavras às vezes, eu tenho e terei esses gestos e essas palavras para ti; gostava de dizer-te que o sangue começou já a correr pelas ruas do futuro, e o sangue tem essa pureza singela da claridade, gostava de falar-te do mar, mas tu sabes mais do que eu sobre o mar, um infinito de coisas simples; gostava de dizer-te que por trás do meu rosto existe de novo o meu rosto e existe o teu rosto e existe a esperança, a rua da esperança. Estamos aqui. Juntos.
Posso estar na rua, posso estar no meu quarto, e sei, sinto que estamos de mãos dadas, abraçamo-nos e os nossos corpos tocam-se mais do que se estivessem apenas a tocar-se, as nossas vozes são a mesma. É tão grande. Tão grande. Possível e impossível.
E poderia continuar a dizer palavras, tudo, mundo, sempre, e todas essas palavras seriam insuficientes e tão imperfeitas.
A culpa não é tua, não é minha. Não existe culpa. Existe o contrário da culpa, qualquer coisa boa e absoluta.
Estendo a minha mão dentro dessa névoa luminosa. Sinto essa claridade na minha pele. Sou atingido por um raio e sei que poderia continuar a dizer palavras, mas agora olho-te nos olhos, atravesso-os e sou atravessado por eles, o teu rosto está à distância da minha respiração, os teus dedos e os meus dedos, a nossa pele, e sei que poderia continuar a dizer palavras, mas agora olho-te nos olhos e basta-me a verdade desta palavra, amor, e basta-me a verdade do teu nome.
- José Luís Peixoto -
05/09/07
04/09/07
04 / Setembro / 1976
Foi há exactamente 31 anos que duas meninas, com um olhar que variava entre a curiosidade e o receio do desconhecido que iam enfrentar, desembarcavam às 08.30 H no aeroporto de Lisboa, vindas de Moçambique. Para trás ficavam os pais, os animais de estimação - a gata Safira e o cão Kiss - alguns amigos que ainda se mantiveram por lá, a infância, a terra que as viu nascer e muitos, muitos sonhos...
Não sabíamos que a partir dai nada ia ser fácil! Nada voltaria a ser como tinha sido até aí!
E não foi realmente nada fácil a caminhada....
E não tínhamos junto de nós os pais, para nos dar um colinho quando as saudades da nossa terra se tornaram insuportáveis, agravadas naturalmente, pela sua ausência que foi tão longa. Só quatro anos depois os meus pais vieram para Portugal.
Hoje, passados todos estes anos, não há dia nenhum em que não fale e recorde a minha terra. Já não dói, mas as saudades serão sempre eternas.
Só quem lá nasceu e viveu poderá realmente entender estas palavras!
Um beijo cheio de saudades Moçambique!!!
03/09/07
Ontem fui a Belém ver os Xutos & Pontapés acompanhados por orquestra.
Gostei, embora o som não estivesse lá muito "católico", mas pronto, foi diferente e a combinação resultou!
Cheguei a casa um bocadinho tarde, mas dou como bem passadas as horas de sono perdidas.
Nunca se dá por mal empregue o tempo que passamos em boa companhia!
Hoje, cá estou para mais uma semana de trabalho que promete ser bastante animada.
Estou bem disposta... sinto alguém por perto!!
Agora vou almoçar e tenho companhia para o almoço, o que por sinal, vai sendo raro de há algum tempo para cá. Prefiro almoçar sozinha... uma opção de vida como outra qualquer!
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