25/01/07

Foto: Espirito da Luz

Como se fossem as primeiras lágrimas do outono, chovia na cidade. Como se fossem as lágrimas por mim evitadas. Aconchegada no cadeirão, o olhar perdido na janela onde a chuva bate e só ela interrompe o silêncio daquela sala.
As palavras perderam - há quanto tempo? - o hábito de conversar comigo! Já nada têm para dizer. Apenas o silêncio, que me consome o conforto, como se respirasse o mesmo ar que eu, como se causasse uma lenta asfixia em que sobrevivo.
Já tudo foi dito. Já tudo foi escrito. Já não há mais palavras. Já nem há um último dia, onde ainda algo poderia ser dito.
Apenas o silêncio, interrompido pela chuva que bate na janela e esta ausência anónima a que por hábito, chamo de vida.
Talvez um dia chame por um nome - um dia qualquer - se ainda me lembrar dele...
São as únicas palavras que ainda me restam!!!