05/01/07

Foto: Filipe Pereira

Houve alturas, momentos, em que pensei não ser capaz de chegar até aqui.
Por vezes surpreendo-me com a capacidade que tenho - e certamente não serei a única - de ultrapassar determinadas situações com que já me deparei. Não sei se é a necessidade absoluta de acreditar, de sobreviver, de ser capaz de voltar a adormecer no calor de um sorriso. Que é meu!
Neste ponto exacto do caminho, em que me encontro, fui capaz de aqui chegar porque senti que apesar de tudo alguém estava comigo - mesmo sabendo que um dia os nossos caminhos iriam derivar e cada um seguiria o seu - mas sentia-me acompanhada, que havia momentos partilhados, e embora para mim fossem sempre únicos, hoje ainda lhes dou mais valor .
Hoje consigo compreender! Consigo compreender a importância de poder estender a mão e encontrar aquela que queria tocar. Hoje, nada há que consiga encontrar.
Ficou a dor e a necessidade de, por vezes, regressar a um tempo que já não encontro. Não sei onde está, nem onde deixei ficar! Ficou certamente em lugar indeterminado. Há como que uma neblina que não me deixa voltar para esse lugar, que ficou para trás.
Durante todo o tempo, lutei contra mim própria, para acreditar, para não ter medo de dar o abraço que apetecia, para deixar sair as palavras que guardava e que afinal queria gritar, para rir e mostrar a felicidade que sentia com aquela presença na minha vida.
Mas não, eu continha-me!
Hoje, quando já não posso estender a mão e encontrar outra, sinto que muito ficou por dizer, por demonstrar, por fazer!
Apenas digo isto, que escrevo! Palavras sem importância. Sem sentido. Sem esperança.
Em que já não acredito!
Como se encerrasse o mistério de tudo o que nunca quis deixar para trás...
E quando outro alguém nos estende a mão - à procura da minha - eu pergunto-me:
- Será que realmente importa acreditar?
Não, já não importa! O importante é viver e ter alguém com quem partilhar esse mistério!
Boa noite!!!