14/11/05

Sábado foi noite de chuva.
Sózinha em casa, apeteceu-me aquele tempo. Eu que nem gosto de chuva. Soube-me bem ver e ouvir a chuva bater na janela. Estava a ler, fechei o livro e entreguei-me por completo aquele espectáculo. Acendi umas velas - gosto do ambiente das velas - dois candeeiros de luz fraca, um cigarro, uma Antiqua e aconcheguei-me no cadeirão com um edredon nas pernas. Abstrai-me dos problemas que me rodeiam e «andei para trás» no tempo, quase três anos. Naquele momento, precisava mais do que nunca, lembrar algo de bom na minha vida! E quando isso acontece vou à tua procura.
Vivi cada momento contigo, cada ausência tua - algumas demasiado longas - cada saudade, o que foi importante, o que me fez rir, até o que chorei. Foi por ti, como tal também foram momentos importantes. Não houve desilusões, talvez porque não houve surpresas naquilo que poderia esperar de ti. Nem boas, nem más!
As surpresas que existiram foram de mim para mim.
Surpreendi-me com a minha capacidade e forma de amar alguém. Surpreendi-me com tudo o que dei! Porque dei tudo, não me sobrou mais nada!
Mas a grande surpresa que tive, foi ao chegar à conclusão, que o homem a quem me dei sem restrições, completamente, foi o único que nunca me quis verdadeiramente e aqui estou a referir-me a sentimentos grandes e verdadeiros, como os que sinto!
Foi o único de quem nunca tive um abraço apertado, daqueles em que sentimos que somos um pouquinho importantes para aquela pessoa.
Foi o único de quem nunca tive um beijo, apenas retribuiu os meus. Porque há que distinguir um beijo que se dá, de um que se recebe.
Quando regressei ao meu presente, as velas já quase se tinham apagado e apercebi-me de que Peter Cincotti tinha terminado a sua agradavel actuação. Apaguei as luzes, desliguei os telefones que estiveram mudos, talvez para não imterromperem a minha «viagem» até ti, ou para me lembrarem que há dias assim...
Quero que saibas, que tudo o que acabei de escrever não é um "apontar de dedo". Nada disso!
É apenas e só o relatar de uns momentos muito agradaveis que tive, quando me refugiei nas tuas lembranças, e o tomar consciência da realidade.
A realidade é esta e tudo até agora tem sido como disseste no primeiro dia em que jantei contigo: "Não há sentimentos à mistura". Cumpriste o que disseste! Nunca me magoaste, não houve mentiras da tua parte, assim como nunca me surpreendeste, com algo que poderia ter surgido mesmo contra a tua vontade! Porque não mandamos nos nossos sentimentos!
E porque a vida não é feita só de sonhos, mas principalmente de realidades, tenho que me lembrar dessas realidades...só uma vez por outra!!!
Mesmo que elas me magoem um pouquinho!
E quando te vejo, tudo o resto...é resto. Fica esquecido.

Boa noite!