20/12/05

O Natal na minha terra é em pleno verão.
Muito calor, muita praia!
É época de grande variedade de frutas como, manga, papaia, goiaba, cajú, abacate. Frutas doces, sumarentas, cujas árvores, nascem espontaneamente à beida da estrada, sem tratamentos especiais, sem adubos. Basta-lhes o sol, e a chuva que cai na altura própria.
Recordo-me de subir a estas árvores, em miúda, para apanhar a fruta. À excepção da papaeira, são todas árvores de médio e grande porte, a mangueira será dentro deste grupo a maior, pois é uma árvore frondosa e que se torna muito grande. Algumas vezes, lá vinhamos parar cá a baixo, agarradas a um ramo mais frágil e que não aguentava com o nosso peso, mas isso não nos tirava a vontade de voltarmos a subir de seguida. Sentávamo-nos num ramo, lá no alto, e comiamos a fruta ali, tranquilamente. Não era necessário lavar! Nunca ficamos doentes por esse motivo! Uma vez por outra lá tinhamos um encontro com uma abelha, ou uma vespa que também queriam provar a deliciosa fruta, ou até com uma cobra, disfarçada no arvoredo. Nessa altura desciamos mais depressa do que tinhamos subido...!
Quando iamos para a praia do Zalala, em Quelimane, nas férias do Natal, que duravam cerca de um mês, parávamos no caminho para comer «côco-lanho». Dá-se este nome ao côco que ainda não está completamente formado. Depois de se abrir comemos com uma colher. É tipo creme, a polpa ainda não está dura como é conhecido. E digo-vos que é uma delicia.
Este côco, tem mais leite do que o já completamente formado. O leite é fresco, saboroso! Em Quelimane, o povo dizia: "Quem prova o leite de côco, numa mais deixa a Zambézia". Era como um feitiço.
E é verdade! Deixei aquela terra fisícamente! Mas o meu coração nunca de lá saiu!!!