08/12/05

Normalmente lido bem com o que me rodeia, e com o mundo de uma forma geral.
O egoísmo que, cada vez mais, se nota nas pessoas - que fecham apressadas a janela do carro a fazer de conta que não reparam em quem lhes pede uma moeda ou tenta vender a revista "Cais" ou o "Borda D'Agua" - as farsas, os sorrisos falsos, a má educação e falta de princípios com que nos deparamos a toda a hora, a falta de coerência, o perceber que muitas coisas se perdem nas palavras do dinheiro, a mentira, a hipócrisia e a inveja, ainda me fazem uma vez por outra respirar fundo e contar até dez. Parar e fazer de conta que não se ouviu, não se percebeu, não me atingiu...
Mas há coisas com que na verdade eu não sei lidar, nem viver! Incomodam-me e deixam-me desconfortável!
Os silêncios, quando sabemos que há algo a dizer. O deixar o tempo "falar" porque é mais fácil. A incerteza. As angustias. O não poder fazer absolutamente nada para alterar situações que estão erradas, e com as quais não concordamos.
Ainda bem que nem tudo transparece em nós. Na expressão! No olhar! No que vai cá «por dentro»!
Ainda bem, que só nós vemos e sentimos, o rubor das faces, a dôr e a falta que sentimos, as lágrimas que conseguimos segurar e disfarçar com o melhor dos sorrisos.
Penso - tenho mesmo a certeza - que sou "mestre" nesses disfarces. Ainda hoje, uma colega me dizia quando aqui cheguei: estás com um ar tão calmo e sereno!
Ao que eu respondi: Claro que estou feliz. Já reparaste no sol lindo que está lá fora?
Na verdade, se ela conseguisse «ver» tudo o que vai aqui dentro, ficava deveras admirada da capacidade que tenho em disfarçar...
Sempre tive para mim que o meu trabalho e as pessoas que aqui estão comigo, não têm nada a ver com a minha vida particular!
Nada como chegar aqui com um sorriso, e dizer: Olá pessoal, cheguei!! Está tudo bem? Vamos então pôr «isto» a mexer??