18/12/05

Tenho a sensação de que me arrancaram um pedaço!
E doeu! Dói de uma forma terrível. Imensa!
Tenho uma sensação de vazio. Como se tivesses levado contigo tudo o que tinha!
Não, não foi surpresa! Já estava à espera que acontecesse há algum tempo. Já havia indícios de que o fim se aproximava.
A última vez que estive contigo, levei umas garrafas de vinho que me tinhas pedido para arranjar. Além dessas levei uma outra para tu provares. Disseste-me "Então um dia destes temos que provar esta." Não sei se te lembras da minha resposta: "Não vale a pena deixares estragar o vinho...bebe tu!". Eu sabia que nunca iriamos provar os dois aquele vinho. Não me enganei!
Sabes, Charme, na verdade não é feliz quem ama! É feliz quem pode soltar esse sentimento, transmiti-lo, dá-lo, a quem o fez nascer mesmo sem querer!
Não te acuso! Sempre me falaste com certezas, com verdades, que me deixaram sem argumentos para te "apontar" o dedo, fosse no que fosse! Durante todo este tempo - foram quase três anos - a minha vida contigo pertencia à categoria do «logo se vê», e tudo era resolvido em cima da hora. Mesmo assim, vivi sempre dependente de ti, da tua vontade, do teu desejo. Mesmo depois de ter aprendido a jogar esse jogo de incertezas, sempre na expectativa do dia em que te ia ver. Até o não saber o que ia acontecer, quando te ia ver com antecedência, chegou a ser bom para mim. Eu sabia que um dia, o telefone ia dar sinal de entrada de sms. Lá estava o convite para ir até junto de ti.
Tudo foi bom, todos os poucos dias que passei contigo - a mim pareceram-me poucos - todas as sensações que tive, todos os momentos repletos de cores e imagens, até todos os nadas, já tenho saudades de tudo!Não consigo pensar, que não volto a estar contigo. Só contigo.
Na vida propomo-nos sempre a continuar, a descobrir novas emoções, uma nova luz que nos desperte para o que é bom, para um novo olhar, para a magia de mais um dia de sol, num lugar que trás recordações boas, sujeitamo-nos a qualquer desafio, na tentativa de mais um dia sempre diferente ou até igual. Lembranças de histórias e momentos bons, no paradoxo de tempos com os quais nos sustentamos.
Eras o refúgio que sempre procurava, como se fosses a luz que me guiava, para os meus momentos de tranquilidade e de paz. Tu, o teu corpo, eram como o meu secreto lugar, onde eu existia de verdade. Só tu podes ser esse meu lugar. E eu já não o encontro. Eras um pedaço de mim e no instante inicial em que li as tuas palavras, senti como se te tivesses arrancado de mim. Levaste contigo a melhor parte do que tinha. E a dor de sentir a perda do real foi demasiado grande.
Penso que nunca fui ao encontro do que realmente esperavas de mim. Não soube ir ao teu encontro. Mas acredita que tentei! Com todas as minhas forças tentei não te decepcionar, e fazer parte de momentos bonitos na tua vida. Mais uma vez fracassei! Mais uma vez não consegui atingir o que me propus. E já é tarde para corrigir o erro. Porque o tempo não volta para trás, e nem sempre nos dá uma segunda oportunidade!
Quando as minhas mãos tocavam o teu corpo, era como se tentasse tocar-te também a alma.
Queria fecha-las e nunca mais largar as tuas. Como se com esse gesto segurasse tudo o que me deste. Aqueles momentos eram toda a felicidade que uma vida comporta. Mas quando estava contigo, o tempo voava para fora do meu alcance, e eu nunca consegui segurar o que me deste.
De repente tentei agarrar esse tempo nas minhas mãos, cerrei-as com força na tentativa de ainda segurar algo que me restasse de ti...mas quando as abri, as minhas mãos estavam cheias de nada e de um grande vazio.
Na minha vida foste renovação, sonho, prazer, paixão, sol e alegria, foste sorriso sincero, foste vitoria, imortalizaste momentos, foste lágrimas, foste felicidade que eu não sabia existir, foste o arrepiar da pele... és sentimento.
E foste utopia!!
Abdiquei de mim, por ti! Sem culpas! Sem remorsos! Com a certeza de tudo repetir.
Porquê?
Porque gosto de ti.
Por tudo
E por nada...!!!

Boa noite...Charme!