30/01/06

Formas de ser!
Ontem, por volta das dez da noite, estava eu a preparar-me para tomar um banho e de seguida ir ver "O Último Samurai" que a RTP 1 ia passar, quando toca o telefone. Pelo toque percebi de imediato de quem se tratava. Uma surpresa, por sinal sempre muito agradável, ouvir aquela voz lá do outro lado.
Depois de uma conversa banal e bem disposta, que começou sobre o derby na Luz, lá me meti debaixo da água quentinha do chuveiro e ali fiquei algum tempo, a pensar em mim e nesta minha forma de ser. A pontos de me esquecer de que o filme que tanto queria ver, já tinha começado. Naquele momento, pouco me importava, estava a saber-me bem estar ali.
Fiquei a pensar porque sou assim? Porque me mantenho fiél a sentimentos e a alguém para quem nada sou? Tive um "sonho", que sempre soube não tinha futuro! Vivi esse sonho e ainda hoje, depois desse alguém ter posto um ponto final, mantenho-me fiél ao meu sentimento! Ainda não consegui prestar atenção a quem passa ao meu lado, a quem por acaso está a jantar no mesmo restaurante que eu, mesmo quando me dizem "já reparaste que aquele senhor ali na mesa tal ainda não tirou os olhos daqui?" ou "olha que aquele meu amigo achou-te piada...", continuo a ser indiferente a tudo isso!
E ontem perguntava-me a mim mesma, até quando vou continuar a ser assim? E para quê?
Lembrei-me de algumas palavras de um amigo. Um amigo muito querido e que entre muitas outras palavras, disse-me coisas do género:

"Tu já ssabes o que tens. Tu já sabes lucidamente o que vais ter. Podes ir ficando por aí. Mas mais cedo ou mais tarde - depende da resistência de cada um - o que não tem pernas, deixa mesmo de andar. E embora existam experiências valiosas, mas inconsequentes, que se guardam com muito carinho, deixa-las perpetuarem-se é martirizar e estragar uma boa recordação.
Todos trazemos amores gigantes e espantosos que não se concretizaram e amores felizes que fomos capazes de construir. Ambos são importantes no global da vida. Mas os segundos é que contam."

"Uma relação funcional é uma relação funcional. Daqui não se parte para nada. É um ponto de chegada. Chegados aqui, sem qualquer relevância afectiva, já não é depois que ela se revela. Ponto final."

"Mas não se pode viver durante muito tempo nisso. O nosso objectivo natural é o da realização afectiva. É isso que deves procurar. Não te podes acomodar no caldo morno da irrealização. E já agora a dimensão física é importante, mas não é disso que a nossa alma se alimenta no quotidiano e acima de tudo se a vida agora acabasse não era isso que te enchia o coração. Mas do que eu fui vendo nesta vida é que há situações anormais que se tendem a institucionalizar e que não são boas para ninguém. A felicidade ou infelicidade não são uma questão de sorte ou azar, são uma questão de coragem...para amar e para dizer basta!"

Lembrei-me de todas estas palavras - já com algum tempo - ontem, enquanto a água quente escorria pelo corpo. Eu sei que tudo isto é verdade. É mesmo assim!
E sei que está na hora de começar a reparar em quem passa ao meu lado, em quem está no mesmo restaurante que eu...
Não tenho pressa, e na verdade sinto-me bem como estou, mas quem sabe, se eu der alguma atenção ao que me rodeia, um dia descubro alguém para quem eu tenha alguma importância!!!
Afinal a vida por vezes prega-nos umas «partidas», certo? Umas boas, outras nem por isso!
Agora vou tratar de ir almoçar. E vou - para variar - ao sítio do costume que ainda por cima é um "ninho de lagartos". Mas pronto...!!!