31/05/07

Ontem foi o jantar de despedida. Eramos só quarenta e cinco.
Apenas o jantar estava combinado, o resto da noite aconteceu por acaso, e certamente que se tivesse sido combinado não teria corrido tão bem....
Só visto! Contado ninguém acreditaria.
A que horas acabou a noite???
Pois, não sei... Bom dia!!!

29/05/07

Para uma amiga....

Acredito que, não é por acaso, que algumas pessoas se cruzam na nossa vida.
Há sete anos atrás, já eu andava por aqui, enquanto tomava um café com duas colegas, vejo entrar uma moça "pequenina", e perguntei quem era. Lá me disseram de quem se tratava e o que vinha fazer! O tempo passou e um belo dia, o responsável do sector onde eu trabalhava diz-me que alguém queria fazer-me uma proposta para eu passar a trabalhar noutra direcção, mas que tinha posto como condição se eu não quisesse, ou não gostasse, voltaria a trabalhar com ele. Assim aconteceu. Ela falou-me do novo projecto e que precisava de alguém para trabalhar directamente ao seu lado. Aceitei o desafio!
Passaram sete anos! Aos poucos, ela deixou de ser "a chefe" - como sempre todos a chamámos aqui - e passou a ser, também, uma amiga. Estive sempre ao seu lado! Sempre! Mesmo quando me dizia que naquele dia não precisava de mim, para ficar a descansar. Partilhamos - dentro e fora do serviço - momentos fantásticos, outros menos bons, de confidências, de partilha, de lágrimas, de longas conversas - a pontos de ficarmos sem bateria no carro porque enquanto conversávamos não demos conta que as luzes ficaram acesas - fomos cúmplices, tomamos uns copos, jantámos muitas vezes juntas, rimos, partilhámos segredos, e trabalhámos intensamente as duas sempre lado a lado! Como todo o ser humano, também tem defeitos - e ainda bem - e muitas qualidades! Profissionalmente aprendi muito com ela, como ser humano aprendi muito mais! Quando nos cruzamos com pessoas bem formadas, enriquecemos e tornamos-nos melhores, fica sempre algo de bom. Nem sempre estivemos de acordo, seria muito aborrecido, mas não deixávamos de falar no assunto mesmo assim. Nunca discutimos. Falávamos! Conversávamos!
Hoje, a "minha menina" já cá não está! E como fazia diariamente, quando chego ao serviço, passo pelo gabinete dela, só que agora já não abro a janela para entrar o sol... apenas fecho a porta. Ainda lá ficou muito papel para ser separado e arquivado, é o que tenho feito fora das horas de serviço normais. Por vezes parece que ainda a ouço chamar-me...
Ficaram muitas saudades!
Boa sorte Miúda! Que os teus sonhos sejam uma linda realidade!
Eu cá estarei - como sempre - de perto ou longe a aplaudir os teus sucessos pessoais e profissionais!

24/05/07

Resolvi interromper - não sei por quanto tempo - o meu blogue. Por diversos motivos pessoais, de que não vou agora falar aqui.
Tenho recebido alguns mails muito carinhosos e de incentivo de pessoas que me lêem e que uma vez por outra, conforme a vida e o seu tempo disponível lhes permite, me escrevem a comentar este ou aquele post, a dar uma "força", simplesmente para me dizerem "gostei, continue", ou até para me dizerem "as suas palavras deram-me alento num momento difícil da vida". Faço questão de responder sempre a esses mails.
Hoje - abri uma excepção de voltar a publicar no "Sonhos Perdidos" - quero aqui deixar algumas palavras que me foram enviadas, e que agradeço a todos.

Dizem assim:

"Princesa, como sabes, não estou nada de acordo que tenhas dois blogues para a mesma pessoa! E eu? Já falámos bastante sobre isto! Mantenho aquela esperança de um dia criares um só para mim.... E vou dar todo o valor a cada palavra ali escrita por ti (já sei que te estás a rir...)! Se te apetecer voltar aos "Sonhos Perdidos", cá estarei para trocarmos opiniões - contrárias claro - se não.... vai em frente, não olhes para o que passou! Tu mereces tanto...! Bjs. João"

"Fiquei muito sensibilizado com o carinho das suas palavras mas ao mesmo tempo triste por saber que decidiu fazer uma pausa no seu blog. Quero que saiba que foi para mim um enorme prazer tê-la "conhecido" e, por isso, faço votos para que esta seja apenas uma paragem temporária e que, muito em breve, possamos novamente contar com os seus escritos de que tanto gostamos.O momento difícil que está a viver leva-me a contar-lhe uma pequena história que porventura já conhece, mas que vale a pena relembrar:......... (segue-se um texto delicioso que em altura própria irei aqui colocar).Volte depressa para a nossa companhia.Um beijinho grande. Pedro"


"Eu, de facto iria estranhar a sua ausência de tal forma me habituei a, de quando em quando, ler aqueles textos bonitos a que nos habituou.
Atenção à questão dos amores e desamores. Nada de mal aconteceu consigo e com a sua relação. A vida é mesmo assim, nós é que gostaríamos que não fosse! Estados de amor recíprocos e eternos... é muito difícil de existir! Como diz o Júlio Machado Vaz que deixou há muito de procurar a parceira ideal ou a felicidade eterna por essa via das relações amorosas: não há felicidade eterna, o que há são MOMENTOS de felicidade!
Dê tempo a si própria! Pense em si! Divirta-se! Olhe para o céu azul! Há gente gira por aí....
Entretanto, cá estou se precisar de uma palavrinha. Devo-lhe tantas...que vieram de si para mim e muito mais gente. Constança"


"O "Sonhos Perdidos" está encerrado, espero que temporariamente. Entretanto já dei conta que tem novo blogue... quando o poderemos ler? Estou curioso para fazer comparações. Volte breve. Rui"

"Não desista. Escreva para nós. Porque lhe damos muito valor. Catarina"

"Tenho pena. Espero que volte em breve. Como a compreendo... Marta"

"Estou à sua espera, aqui no "Sonhos Perdidos", todos os dias! Já não passo sem a sua companhia. Vou continuar a espreitar todos os dias a sua página, até descobrir que um dia destes a Safira voltou! Isabel."

22/05/07

Foto: Kjetil Barane

ssssssscccchhhhh.... silêncio!
preciso de um minuto de silêncio!
talvez um dia eu volte....
Hoje, posso afirmar, que está a ser um dos dias mais difíceis da minha vida. Sinto uma angustia tão grande a pontos de ter dificuldade de respirar. Fomos almoçar só as duas - eu fui forçada a ir e quase não toquei na comida - e nem vinho bebi porque tive que tomar um medicamento pouco antes do almoço, para me aclamar um pouquinho. O facto de ter bebido água ao almoço ainda nos fez rir pois diz a minha amiga: foi preciso esperar sete anos e meio para te ver beber água! Mas consegui...!
O que sinto, neste momento, é que uma vez mais perdi. Nos últimos meses perdi tanto! Como se todos aqueles de quem me aproximo, que me rodeavam e eram tão importantes para mim, sem saber porquê se vão perdendo, se vão afastando.
Hoje sinto-me terrivelmente sózinha.

Por aqui, estamos prestes de virar uma página de alguns anos de vida em comum. Foram milhares de horas, de dias, semanas, meses, que deram origem a uns fantásticos anos de camaradagem, alguns gritos, muitas gargalhadas, intenso trabalho, sem nunca olharmos para o relógio para ver quando era hora de regressar a casa. Se era preciso ficar, cá estávamos para levar por diante e a bom porto o nosso trabalho da melhor forma que sabíamos e podíamos fazer. Demos tudo. Demos sempre mais do que nos foi pedido.
Abdicamos da família, dos amigos, de fins de semana, interromperam-se férias, esquecemos folgas, e "vestimos a camisola". Tudo o que fizemos foi porque quisemos, porque achamos que deveria ser assim. Sempre de consciência tranquila! Sempre com a certeza de dever cumprido. Por vezes, completamente de rastos! Sempre com um sorriso! E nunca a virar as costas ao dia seguinte. Cá estávamos tendo ou não dormido aquelas horas essenciais para se recomeçar de novo! E recomeçávamos! E fazíamos a rir e com a "camisola" vestida! Era essa que defendíamos.
Hoje, alguns estão a despi-la definitivamente! Porque alguém achou que já não fazem cá falta!
Tontos que são! Nem imaginam a falta que vamos sentir deles!
Deixam muitos ensinamentos profissionais - eu aprendi muito com algumas pessoas - enquanto ser humano aprendi muito mais! E não vou esquecer isso!
Aprendi coisas boas, e aprendi também, que há pessoas más, sem princípios, que não sabem o que é lealdade, nem dignidade, nem ética!
A arrogância e a incompetência ganharam! Por enquanto...! Não há intocáveis, embora haja muito boa gente que pense que sim.
Hoje o despir da camisola é feito com muitas lágrimas...
Mas cá estamos, também, com aquele eterno sorriso com que aprendemos a enfrentar o nosso dia a dia de trabalho - os bons e os menos bons que também houve - e a aplaudir os que vão, por tudo de bom que aqui fizeram e cá deixaram, e com a promessa de continuarmos a missão a que nunca viramos as costas!!!
Perdemos os colegas, mas ganhamos bons amigos para sempre.
Tchim, tchim, miúda! Ao futuro! Porque o futuro pertence àqueles que acreditam na beleza dos seus sonhos....
Já não há perguntas para fazer. Bastou uma resposta, para todas as perguntas deixarem de o ser. Agora já sei qual o motivo!
Só lamento, que na altura em que eu questionei e abordei o assunto - porque eu vi, ninguém me contou - não me tenhas dito de imediato que havia alguém importante para ti e na tua vida.
Bastaria isso para evitar longos meses de perguntas a que eu não sabia responder. Não entendia o porquê de uma mudança tão radical da tua parte.
Agora, seguirei a minha vida sem dúvidas. Sem perguntas. Porque já tenho a resposta.
A semana de Thiago Lacerda

21/05/07

Boa noite!!!

Na minha vida há uma página que ficará sempre em branco.
Uma página de perguntas que nunca terão uma resposta...
Um dia vou aprender a viver com isso, neste momento ainda custa um pouquinho.
Mas, não voltarei a falar neste assunto.
Foto: 3MO
"A distância mais longa, é entre a cabeça e o coração..."

- Thomas Merton -
Uma semana com Thiago Lacerda

18/05/07

E termina em beleza a semana que foi de...
William Petersen!!!
Foto: Júlio Viena

INQUIETAÇÃO

A contas com o bem que tu me fazes
A contas com o mal por que passei
Com tantas guerras que travei
Já não sei fazer as pazes.

São flores aos milhões entre ruínas
Meu peito feito campo de batalha
Cada alvorada que me ensinas
Oiro em pó que o vento espalha

Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Ensinas-me a fazer tantas perguntas
Na volta das respostas que eu trazia
Quantas promessas eu faria
Se as cumprisse todas juntas

Não largues esta mão no torvelinho
Pois falta sempre pouco para chegar
Eu não meti o barco ao mar
Pra ficar pelo caminho

Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda

Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Mas sei
É que não sei ainda

Há sempre qualquer coisa que eu tenho que fazer
Qualquer coisa que eu devia resolver
Porquê, não sei
Mas sei
Que essa coisa é que é linda.

- José Mário Branco -
Há pessoas que têm uma forma engraçada de dizer as coisas. Fui à rua num pulinho comprar um gelado a um quiosque que está aqui perto.
Estava a comprar o dito gelado, pararam dois sujeitos ao meu lado e disse um para o outro:
- Ainda dizem que a fruta verde não presta...!
Convém desde já dizer que hoje trago uma blusa verde...
Tenho que admitir que achei piada ao sujeito e tive vontade de me rir, mas não, optei por me manter serena e segui o meu caminho de regresso, em passo acelerado.
Há dias "tropecei" (no bom sentido), com alguém numa loja. Ontem, foi num restaurante. Daqueles encontros que acontecem e que não estamos, em absoluto, a contar com eles. Quando ouvi, atrás de mim, aquele "olá...", não reconheci a voz de imediato, talvez devido ao barulho que estava ou porque há já vários meses que não falava com essa pessoa assim, frente a frente, ou porque esperava encontrar ali qualquer outra pessoa, menos aquela!
Quando me virei e encarei aqueles olhos não sei se consegui disfarçar a surpresa. Houve uma troca de palavras muito formais, e senti entre nós um imenso vazio que nos separava. Um abismo! Senti-me uma estranha. E doeu! Doeu cá dentro. Nada nos liga!
É certo que o afastamento que aconteceu entre nós - ou melhor o corte total - não me surpreende, porque está tudo a acontecer como eu previa! Eu sabia que ia ser assim! Mas, na minha opinião, não havia necessidade! Ou será que havia? Se analisar friamente o assunto - sem me querer poupar a mim mesma, porque as verdades podem magoar, mas há que encará-las e eu sempre preferi a verdade - este afastamento total era previsível, porque pertencemos a mundos diferentes, onde eu não tenho lugar por isso mesmo, frequentamos lugares diferentes e temos muito poucos amigos em comum! Qualquer destes motivos era mais do que suficiente para nos afastarmos, imagina tudo isto junto... E assim aconteceu!
Quando aquele breve encontro terminou - não sei como consegui dar um passo para me ir embora - e enquanto caminhava na noite fresca, tive a certeza que tinha chegado o momento de encerrar a minha história. De escrever o "The End" e fechar o livro definitivamente.
Fica uma história bonita para contar! Talvez um dia quando a minha filha tiver o seu primeiro namorado, ou o seu primeiro "desgosto" de amor, eu me sente na frente dela e lhe conte a história de uma mulher que ousou amar - talvez demasiado - alguém que estava fora do seu alcance, e de um homem que se deixou amar! Que tinham vidas e mundos diferentes. Mas houve momentos em que ouviram juntos a mesma música, riram juntos da mesma piada, brindaram à vida de cada um, saborearam a mesma comida, trocaram sms com carinho, mas um dia a "Bi" cometeu um erro fatal, que foi ter chorado encostada ao peito desse homem de quem ela tanto gostou. Mas essa história não terminou com lágrimas, terminou sim com aquele sorriso que ela estará a ver no meu rosto no momento em que acabar de lhe contar a minha história.
Tudo na vida tem um limite. Sempre achei que no amor não havia esse limite, mas hoje e por diversos motivos, chego à conclusão de que o amor - o não correspondido - tem limites, sim...
Mas uma coisa eu irei garantir à minha filha, é que ninguém morre de amor! Ou pela falta dele!
Fomos ontem jantar a um restaurante, que já conhecia, e que tem uma vista fantástica sobre Lisboa. A noite era de verão. De inicio éramos só as duas, mas depois juntou-se a nós mais uma amiga. Jantámos muito bem e como a noite pedia uma bebida fresca mantivemos-nos sempre no champagne.
Já quase no final do jantar e dono do restaurante, acabou por se sentar na nossa mesa e estivemos bastante tempo na conversa. A certa altura disse o senhor:
- Conheço a tua cara de qualquer lado, mas não consigo recordar-me de onde....(seguiu-se um piropo que quase me fez deixar cair a flute de champagne e provocou umas gargalhadas nas minhas amigas).
Lá disse de onde nos conhecíamos e nos tínhamos cruzado!
Conversa puxa conversa, o senhor acabou por descobrir que sou de Moçambique, onde ele já esteve e segundo me disse ficou apaixonado por aquele país. O que na verdade não me admirou em absoluto. Esse tema foi o suficiente para estarmos os dois à conversa bastante tempo.
Com tudo isto saímos do restaurante eram uma e meia da manhã, dizem-me:
- Gostei de te conhecer, tens piada. Falas de coisas sérias com muita piada. Apareçam sempre.
A esta altura na verdade, se não falarmos de coisas sérias a brincar, passamos o dia a chorar...
Soube bem aquela noite.
Foto: Pierre

O teu olhar ficará nas minhas mãos esquecidas
onde ninguém se lembrará de o procurar...

- José Luis Peixoto -
A semana de William Petersen

17/05/07

Há pouco fui ao supermercado fazer umas compras de pequenas coisas que estavam a fazer falta.
Estava já na caixa a aguardar que fizessem a conta e de repente senti nem sei bem o quê e simplesmente deixei de ver a senhora que estava na minha frente. Lembro-me de, a certa altura, me perguntarem: está a sentir-se bem? Na verdade nem sei bem o que sentia, acho que não sentia mesmo nada! Esperei e fiz esperar as pessoas que aguardavam pela sua vez, uns minutinhos e então lá vim devagar, devagarinho, até ao serviço.
Ainda não passou e não está a apetecer-me nada ir para casa nestas condições. A ver vamos!!!
Há coisas tão estranhas que nos acontecem assim de repente...
Irra!
Foto: Yza

Pergunta-me
se ainda és o meu fogo
se acendes ainda
o minuto de cinza
se despertas
a ave magoada
que se queda
na árvore do meu sangue

Pergunta-me
se o vento não traz nada
se o vento tudo arrasta
se na quietude do lago
repousaram a fúria
e o tropel de mil cavalos

Pergunta-me
se te voltei a encontrar
de todas as vezes que me detive
junto das pontes enevoadas
e se eras tu
quem eu via
na infinita dispersão do meu ser
se eras tu
que reunias pedaços do meu poema
reconstruindo
a folha rasgada
na minha mão descrente

Qualquer coisa
pergunta-me qualquer coisa
uma tolice
um mistério indecifrável
simplesmente
para que eu saiba
que queres ainda saber
para que mesmo sem te responder
saibas o que te quero dizer.

- Mia Couto -
A seguir ao almoço e com este calor....
Os miúdos crescem num simples "piscar de olhos". Transformam-se. De repente damos de caras com um homem, que ainda há bem pouco tempo era apenas um menino.
Do miúdo giro que conheci, e que se tornou num homem ainda mais bonito, ficou apenas, aquele ar tão meigo...
De quem terá ele herdado esse seu lado doce e meiguinho?
Pois, não sei!!!
Sempre disse que aquele miúdo giro ia partir muitos corações. Era só esperar mais uns aninhos...
E neste aspecto, sim, quem sai aos seus...!
Vão lá espreitar está tudo na mesma página e até pode dar jeito:

















Marlin Lodge / Ilha de Benguerra - Moçambique
A semana de William Petersen

16/05/07

Foto: Rosina Villela

Um desenho pode conter todas as cores do universo, mas é sempre uma linha ou um conjunto de linhas incompleto.
E o que é pensar? Pensar não é sentir, é apenas desenhar um sentido. E o sentir não cabe num desenho, nem no papel, nem na cor. Sentir é mais, muito mais que qualquer universo.
Sentir é uma eternidade de linhas, que se escondem na pele, no desejo, em nós!
Hoje, fiz um desenho, não no papel, não composto por linhas, não de todas as cores...
Mas de sentir! Do arrepiar da pele! De saudade!
Boa noite!!!
Não há coincidências?
Claro que sim!!!
Esta noite tive um sonho, ou melhor, um pesadelo horrível.
Foi de tal maneira real, que acordei, olhei para o relógio - pouco passava das três e meia da manhã - e por momentos não consegui separar o sonho da realidade. Mesmo estando acordada tinha a sensação de que, o meu sonho era realidade! Tive que me sentar na cama, acender a luz e ali estive durante alguns minutos a arrumar ideias e a pensar no que tinha acontecido no dia anterior, e só assim me foi possível perceber que o mau sonho, não passava disso mesmo.
Foram momentos terríveis.
É claro que dormir de seguida estava fora de questão. Tive que me levantar, fui fumar um cigarro, bebi um copo de leite, ainda estive a ver televisão e já era tarde quando adormeci de novo.
Já passou!!!
Foto: Carlos M.Pereira

A nudez é um cerco
a partir daqui o corpo
não tem fuga possível...

- aqui não há poeta -
Uma semana com William Petersen

15/05/07

Foto: Kjetil Barane

Um olhar pode falar mais que mil palavras..
Mas como se pinta, ou escreve um olhar?
Não um olhar qualquer, não um olhar sem palavras, ou de palavras gastas. Usadas. Passadas. Sem significado! Sem brilho!
Mas um olhar que diga tudo. Que diga muito mais. Que diga em silêncio. Sem palavras.
Estou aqui, a tentar descobrir palavras para escrever o teu olhar.
Aquele olhar antes das lágrimas, eu conheço bem. É meu!
Mas esse teu olhar, as tuas cores, as sombras...!
É palavra que ainda não sei...
Foto: Francois Benveniste

Não entendo os silêncios
que fazes
nem aquilo que espreitas
só comigo.

Se escondes a imagem
e a palavra
e adivinhas aquilo
que não digo.

Se te calas
eu oiço e eu invento
Se tu foges
eu sei, não te persigo.

Estendo-te as mãos
dou-te a minha alma
e continuo a querer
ficar contigo.

- Maria Teresa Horta -
Pronto, está feito! É mesmo verdade que António Costa é o candidato do PS para a Câmara Municipal de Lisboa.
Já agora, com a saída deste ministro, Sócrates podia aproveitar e fazer uma remodelação no governo, que bem precisa!
Por exemplo, dava jeito que o Ministro do Ambiente fosse dar uma volta...
A escolha foi bem feita, na minha opinião, porque segundo dizem, António Costa fez um bom trabalho no que diz respeito a incêndios - ou seja - está perito em fogos, como tal vai para o sitio certo, vai ter muitos para apagar....
Foto: Edna Medici

Nas minhas mãos ficou o assombro pela memória do teu sabor.
Em mim, o medo de um dia não sentir mais saudades tuas...!
Já vos aconteceu tentarem lembrar um rosto e não conseguirem?
Pois a mim aconteceu-me recentemente, e é uma sensação tão desagradável, tão estranha! Naquele preciso momento, cheguei a sentir-me assustada com o que estava a acontecer.
Atribui aquela "falha" ao cansaço que tenho sentido ultimamente, e que logo, logo, isto vai passar.
Apetecia-me desaparecer por uns tempos, ir para um lugar qualquer muito longe daqui.
Hoje, sinto-me tão cansada!!!
Foto: W.F.Júnior

Sabes, meu amor, gostaria de poder pintar certos momentos da minha vida.

De os poder fixar na tela para os rever quando quisesse.
De os poder pendurar na parede do quarto sabendo que, embora nem sempre lhes prestasse muita atenção, eles estariam lá para quando precisasse de os saborear novamente.
Sabes, gostaria de poder cristalizar aqueles momentos em que fui realmente feliz, aqueles momentos em que me bastava a tua companhia e o teu suave respirar para que o céu fosse mais céu e o mar fosse mais mar e tudo fosse único e mágico como mágicas e únicas deveriam ser as vidas que se vivem a dois.
Gostaria de ter podido prender as cores do teu peito e a luminosidade dos teus lábios nas pinceladas do meu amor e gostaria que isso tivesse sido o suficiente e o bastante para que esse tempo e esse mover de mãos tivessem sido só nossos.
Mas eu sei que tu sabes , tal como tu sabes que eu sei, que as águas de um rio não passam duas vezes pela mesma ponte.
E que, se por vezes esse rio se faz mar e essa água se faz chuva, é apenas para levar consigo as pinceladas que demos na tela que um dia foi nossa.
Porque tu, meu amor, sabes como eu sei, que quando o mar se faz chuva, o que fica é apenas o que dói e o que dói é, tão só, o sal das lágrimas que um dia chorei por nós.

- Alexandre Monteiro -
Foto: Tim Flach
O mais nobre é a justiça, e o mais desejável a saúde;
mas o que há de mais doce é encontrar o que se ama...
- Aristóteles -
A semana de William Petersen

14/05/07

Encontro-te em mais um amanhecer e tento vislumbrar o que lês no meu rosto.
Cruzo-me com um sorriso teu, com esboços feitos de passado e as palavras perdem o sentido.
Mantens firme esse teu rumo, em direcção a tudo o que desconheço, enquanto me sento no alpendre da solidão de um outro destino, e empresto sentimentos a uma noite de luar que te lembra.
Vou ganhando asas e conquisto o céu, onde uma brisa suave e morna desenha o teu nome com o brilho das estrelas.
Perco-me nesse pedaço de céu, onde tu não estás...!
Como já aqui disse, o meu fim de semana iniciou com a ida a Coimbra para ver George Michael.
Chegámos a Lisboa, por volta das três e meia da manhã, e como tínhamos bebido, digamos que, razoavelmente, durante o concerto, mas comer nem por isso, resolvemos partilhar uma sandes de leitão quando chegamos e a acompanhar umas cervejas, para não nos desviarmos muito do que tínhamos estado a beber, que variou entre cerveja, champagne e quando já não havia mais nada, optamos pelo vinho branco... até porque a noite estava quente!
Cheguei a casa já passava das cinco da manhã! Ontem, dormia eu tranquilamente, quando o telefone tocou eram quase duas da tarde. O toque do dito telefone parecia um sino a badalar ali ao meu lado... um horror! Nem consegui ver quem me ligava, pois os olhos recusavam-se a abrir!
Atendi e demorei a perceber quem falava do outro lado.
- Estavas a dormir?
- Não, nada disso! Estava aqui a olhar para o telefone à espera que me ligasses....
- Desculpa. Era para saber se correu bem a viagem e se gostaste do concerto.
- Adorei e correu tudo bem! Desculpa, mas agora tenho que desligar, estou com uma dor de cabeça maior que eu... consegues imaginar??
- Ok. Depois falamos, mais logo! Tens uma voz gira ao acordar...
Fui então tomar um comprimido e rumei de novo para a cama. Levantei-me uma hora depois já mais animada e capaz de encarar o que sobrava do domingo.


Foto: W.F.Júnior
Todas as histórias
têm a sua própria música
Esta tem
uma música branca.
É importante dizê-lo
porque a música branca
é uma música estranha.
Às vezes
desconcertante
toca-se baixinho
e dança-se devagar.
Quando bem tocada,
é como ouvir tocar o silêncio
e os que a dançam
como deuses
parecem imóveis ao olhar.
É algo sobremodo difícil,
a música branca.
- Alessandro Baricco -
Há folhas
no tempo
ainda verdes
ainda
à espera
dum
fictício
verão...

- Albano Martins -
Sós, sozinhos e solitários

A maioria de nós terá tido no Natal um banho de família e, no Ano Novo, eventualmente, um convívio mais alargado com os amigos.
Talvez por antíteses ocorreu-me falar de três categorias especiais de pessoas - os sós, os sozinhos e os solitários.
Embora estes termos sejam usados indiferentemente, o certo é que representam, só meu ponto de vista, indivíduos em situações diferentes.
De facto, os sós estão-no, habitualmente, por circunstâncias da vida. Porque, tendo estado já acompanhados, ficaram sem companhia.
Os sozinhos, expressão que sempre me soou a diminutivo da anterior, surgem-me como representando uma gama de seres que não conseguiram alterar as condições que determinaram a sua solidão.
Finalmente, os solitários escolhem deliberadamente uma forma de vida, em que nem a própria companhia, quando a têm, altera, alguma vez, o seu isolamento.
Tudo o que acabo de dizer tem a ver com a solidão nas diversas formas de que ela pode revestir-se.
Se nada tenho contra a solidão escolhida, já considero extremamente dolorosa a solidão acontecida.
E a solidão, infelizmente, surge frequentemente entre as mulheres.
Porquê? Talvez por uma série de motivos, dos quais o principal me parece girar à volta da tendência feminina para centrar a sua vida em outras pessoas - pais, filhos, maridos e até amigos.
Com efeito, só muito raramente a mulher se concentra e define num projecto pessoal em que a principal personagem seja ela própria. Assim, ao abandonar pai e mãe, transfere o seu grau de dependência para o marido. Depois, e quando o marido, quer pela usura da vida em comum, quer pelas limitações impostas por uma luta profissional muito dura, se tenta libertar do peso que representa aquela tendência, a mulher, se tem filhos, vai transferir para estes a sua nova dependência.
Ou seja, apenas em situações muito escassas a mulher aceita ficar só, e mais dificilmente ainda aceita viver sozinha a sua vida.
É, no entanto, frequente encontrarem-se mulheres que vivem solitariamente a sua existência. Porque, à medida que vão transferindo as suas dependências, se fragilizam de tal modo que não encontram outro meio de sobreviver.
Assim, quantas de nós não terão já vivido a pior das solidões , que é, para mim, a solidão acompanhada? Quantas mulheres, incapazes de agarrarem a vida nas suas próprias mãos, não escolhem, forçada ou voluntariamente, uma forma solitária de viver?
Viver acompanhado é, contudo, a meu ver, pelo menos tão difícil como viver só. O que justifica pensar quais as cedências, quais as dependências, quais as alterações que seremos capazes de fazer na nossa vida para que, vivendo sós ou acompanhadas, não vivamos solitariamente.
De facto, viver solitariamente significa prescindir de uma parte do convívio com os outros, que esvazia a nossa vida e, sobretudo, a empobrece.
Todos nós sabemos que, em certas ocasiões, a vida é tão dura na convivência, que a fuga para dentro de nós próprios nos aparece como o único caminho possível. Mas com o correr do tempo, as limitações que uma via implica levam-me a dizer que é importante fazer um esforço por estabelecer o diálogo, por construir as pontes que nos ligam aos outros e, sobretudo, por não fechar as portas que os outros tentam abrir dentro de nós.
Ou seja, vale a pena lutar para que acompanhados não estejamos sós; que sós não estejamos sozinhos; e que sozinhos não fiquemos solitários...

- Helena Sacadura Cabral in "Bocados de Nós" -

E lá fomos no sábado até Coimbra para ver George Michael.
A noite estava óptima, embora as previsões fossem de chuva.
O espectáculo foi fantástico! Além da voz única de George Michael, e das músicas que todos conhecemos e cantamos há 25 anos, o concerto teve uma forte componente de luzes, e imagens reais e vídeo projectados em dois écrans mais pequenos e um écran gigante onde o artista actuou quase sempre sozinho.
Entre muitas outras, George Michael brindou-nos com: Waithing, Everything She Wants, Faith, I'm Your Man, Jesus To a Child (umas das minha preferidas), e o grande momento da noite foi, naturalmente, Careless Whisper - cantado pelo público em uníssono - e a encerrar o espectáculo Freedom.
George Michael pediu desculpa por ter demorado vinte cinco anos para vir a Portugal fazer o seu primeiro concerto... não tenho dúvidas de que quem o foi ver lhe perdoou a demora, simplesmente porque valeu a pena!!!
Uma semana com William Petersen

11/05/07

Uma semana com David Beckham
encerrada como sempre... em beleza!!!
Foto: A. Brito

As noites têm sido de muita reflexão. Noites de muitas dúvidas, muitas preocupações, e poucas decisões. Sobre diversos aspectos. Há alguns que não dependem de mim e, como tal, resta-me aguardar e ver que rumo tomam. Por incrível que pareça, a decisão mais difícil que tenho na vida, é também a única certeza. Essa sim, só depende de mim. E, inexplicavelmente, vou adiando a decisão que sei, devo tomar.
Ontem, após um jantar, e depois de uma conversa com muita sinceridade, com muita verdade da parte de quem me falava e me pediu uma oportunidade, respondi também com toda a sinceridade, falei de sentimentos que ainda existem. Expus um dos vários defeitos que tenho, que é ser fiel e leal a mim mesma e a estes sentimentos. Sou assim!
Mas, por vezes, somos obrigados a mudar, a fazer uma paragem e rever a vida, a fazer perguntas - que nunca têm resposta porque não sou eu que as tenho - a pensar e repensar. Não é fácil, desfazermo-nos de algo que foi tão importante, que sentimos ainda tão vivo e grande cá dentro, que me deu os mais bonitos momentos ao lado de um homem. Um homem que nunca me viu para além de um aliciante sexual! E que nunca me escondeu essa verdade!
Na tela da minha vida, já não encontro nenhum traço que me fale de ti. É como se, antes de partires, tivesses passado uma borracha nos nossos momentos. Nos meus momentos contigo. Nas palavras que aqui deixo, já não sinto na ponta dos dedos as letras que te formavam e desenhavam até um simples sorriso teu. E a tua voz? O que eu sentia quando a ouvia? Nunca consegui aqui desenhar essa tua voz. Foi uma missão impossível, como tudo o que me propus transmitir-te e fazer-te sentir.
Sete meses se passaram depois de ti, e a chama que alimentei - nem sei bem de quê, nem porquê - está a extinguir-se, e vou abandonando as forças entre os nadas que me rodeiam. Não te encontro em lado algum. Separo as dimensões da ausência que deixaste e volto para a minha realidade. Esta realidade que me absorve os sonhos, amordaça os sentimentos, e dissolve as palavras em imagens feitas de quase nada. Sinto-me só neste emaranhado de palavras que já não fazem sentido. Estás eternizado na memória e quando me refugio nela, absorvo cada momento de ti. Foste mais - muito mais - que um breve momento, que um breve segundo, que uma simples história para mais tarde recordar. Foste tudo, simplesmente!Houve momentos em que fomos nós! Breves, mas existiram! E um dia serás o momento em que o silêncio deixará de derramar pedaços de ti...
No tempo que passei contigo, deixei sempre a porta aberta, o caminho livre para te deixar partir, sempre com a liberdade de ficares se fosse essa a tua vontade. A opção foi tua!
E cá estou eu, numa pausa do meu tempo, numa paragem feita nesta noite morna, a deixar que as palavras fiquem no silêncio que sinto nos meus dedos enquanto escrevo para ti, de novo!
A ti, que decidiste partir e te dispersaste nesse teu mundo vazio de mim.
A ti, que partiste, afinal, sem nunca te ter tido....
Foto: zgort
Tudo aquilo que a distância e a ausência afastam de mim,
o coração aproxima...
Escrevo-te porque não estás aqui.
Escrevo-te com um sol esplendoroso, as gaivotas a sobrevoarem o Tejo, em danças de liberdade. As palavras atiro-as ao ar.
Amanheci uma vez mais cansada do meu quotidiano dos dias passados. Aqueles dias que não irei viver de novo, porque estão esgotados. Como se este dia tivesse nascido com desenhos de despedida, em vésperas de um pôr-do-sol.
Apercebo-me que na minha vida, há uma nova rua para atravessar! E a incerteza do que me espera do lado de lá! É no dobrar de cada letra que vou aqui deixando, que me deparo com essa certeza. Vou-me preparando- cuidadosamente - para fazer essa travessia, sem sobressaltos, enquanto me passeio por cima das angústias que, inevitavelmente, todos sentimos com o desconhecido que nos espera. Ao dobrar esta esquina da minha vida, ficam tantos sonhos para trás... Alimentados, dia após dia com todo o carinho!
Ainda não sei o que fazer.
Por mim!!!
É já amanhã que George Michael entra em palco, para cantar, e certamente, encantar!
Amanhã todos os caminhos irão a dar ao Estadio de Coimbra!
Eu ainda não decidi se vou ou não. Sem dúvida que gostava muito de ver o senhor, mas tenho andado com pouca paciência para divertimentos.
Vou? Não vou? Pois, ainda não sei...!!!