11/05/07

Foto: A. Brito

As noites têm sido de muita reflexão. Noites de muitas dúvidas, muitas preocupações, e poucas decisões. Sobre diversos aspectos. Há alguns que não dependem de mim e, como tal, resta-me aguardar e ver que rumo tomam. Por incrível que pareça, a decisão mais difícil que tenho na vida, é também a única certeza. Essa sim, só depende de mim. E, inexplicavelmente, vou adiando a decisão que sei, devo tomar.
Ontem, após um jantar, e depois de uma conversa com muita sinceridade, com muita verdade da parte de quem me falava e me pediu uma oportunidade, respondi também com toda a sinceridade, falei de sentimentos que ainda existem. Expus um dos vários defeitos que tenho, que é ser fiel e leal a mim mesma e a estes sentimentos. Sou assim!
Mas, por vezes, somos obrigados a mudar, a fazer uma paragem e rever a vida, a fazer perguntas - que nunca têm resposta porque não sou eu que as tenho - a pensar e repensar. Não é fácil, desfazermo-nos de algo que foi tão importante, que sentimos ainda tão vivo e grande cá dentro, que me deu os mais bonitos momentos ao lado de um homem. Um homem que nunca me viu para além de um aliciante sexual! E que nunca me escondeu essa verdade!
Na tela da minha vida, já não encontro nenhum traço que me fale de ti. É como se, antes de partires, tivesses passado uma borracha nos nossos momentos. Nos meus momentos contigo. Nas palavras que aqui deixo, já não sinto na ponta dos dedos as letras que te formavam e desenhavam até um simples sorriso teu. E a tua voz? O que eu sentia quando a ouvia? Nunca consegui aqui desenhar essa tua voz. Foi uma missão impossível, como tudo o que me propus transmitir-te e fazer-te sentir.
Sete meses se passaram depois de ti, e a chama que alimentei - nem sei bem de quê, nem porquê - está a extinguir-se, e vou abandonando as forças entre os nadas que me rodeiam. Não te encontro em lado algum. Separo as dimensões da ausência que deixaste e volto para a minha realidade. Esta realidade que me absorve os sonhos, amordaça os sentimentos, e dissolve as palavras em imagens feitas de quase nada. Sinto-me só neste emaranhado de palavras que já não fazem sentido. Estás eternizado na memória e quando me refugio nela, absorvo cada momento de ti. Foste mais - muito mais - que um breve momento, que um breve segundo, que uma simples história para mais tarde recordar. Foste tudo, simplesmente!Houve momentos em que fomos nós! Breves, mas existiram! E um dia serás o momento em que o silêncio deixará de derramar pedaços de ti...
No tempo que passei contigo, deixei sempre a porta aberta, o caminho livre para te deixar partir, sempre com a liberdade de ficares se fosse essa a tua vontade. A opção foi tua!
E cá estou eu, numa pausa do meu tempo, numa paragem feita nesta noite morna, a deixar que as palavras fiquem no silêncio que sinto nos meus dedos enquanto escrevo para ti, de novo!
A ti, que decidiste partir e te dispersaste nesse teu mundo vazio de mim.
A ti, que partiste, afinal, sem nunca te ter tido....