05/04/06

Há dias, de regresso a casa, sentia-me naqueles dias em que simplesmente ia! Nem importava para onde. Absorta a tudo - o carro levava-me - acho que nem sequer me dava conta da paisagem que ficava para trás, que indiferente atropelava o tempo.
A certa altura, dei comigo a não conseguir conter as lágrimas, e uma angústia sem tamanho. Tive mesmo que parar o carro e ali estive alguns minutos. Quando me senti capaz, peguei no telefone e enviei um sms com poucas palavras. Após isso, liguei o carro e segui o meu caminho.
Aquelas poucas e simples palavras levavam com elas tudo o que sufoco cá dentro, e que por vezes já não tenho como guardar. Quem as recebeu, não faz ideia de tudo o que continham.
Não falavam de amor. Falavam sim, em "gostar muito"! Porque a palavra «amor», por vezes, é proibida, está-nos vedada! Não se pode ou deve dizer.
Concentrei-me nesta verdade o resto do trajecto! Esta realidade colocou-me perante a decomposição da consciencia - da minha - e obrigou-me a rever o conceito de realidade, e uma vez mais chego à conclusão que devo aceitá-la, talvez até de uma forma paciente e reflectida.
Embora a palavra amor signifique o mais belo sentimento que podemos transmitir a alguém, eu sinto como se fosse algo proibido, feio, como se fosse um pecado, algo de que me devo envergonhar de ter por outra pessoa. Porque não o posso demonstrar! Porque o devo disfarçar! E uma vez por outra já não consigo retê-lo por mais tempo e então transformo-o em lágrimas! Afinal o amor não deveria ser em forma de lágrima. Deveria ter a forma de um sorriso, de um abraço apertado, de entrelaçar de mãos, de um beijo , de um afago! Mas não! No meu caso, não!
E espero, por vezes em desespero, respostas de mim. Não de ti, porque essas já me deste. Já as sei todas. As palavras que não digo, pesam-me. Prendem-se, atropeladas na angústia de as dizer, de as fazer ouvir. De tanto as guardar! Proibidas!
E tu não as ouves! Não as queres!
Conviver e aceitar esta forma de sentir, de gostar e calar, é um desafio ao amor!
E o sentimento deixa de ter dimensão...