27/04/06

Por volta das onze horas, depois de deitar as crianças e tomar o meu banho, sentei-me então no meu cadeirão favorito, e comecei a ler o livro "Diario da Tua Ausência". Já passava das duas da manhã quando acabei. Fechei-o, e fiquei ali com o livro encostado ao peito por algum tempo. A certa altura não contive as lágrimas e chorei. Afinal, como a personagem do livro. Aquela mulher que também viveu a ausência de um grande amor. E que tantas vezes chorou de saudades.
Não conheço a autora do livro. Mas ela escreveu a minha história. Não sei se será também a dela. Mas é a minha sem dúvida!
A única diferença entre mim e a personagem do livro, é que ela foi correspondida no seu amor. Mas mesmo assim, nunca deixei de amar cada vez mais.
Não me atrevo a fazer qualquer comparação entre o que escrevo e as palavras do livro de Margarida Rebelo Pinto, mas houve alturas em que li frases, ideias e exposição de sentimentos, as saudades, a falta daquela pessoa, as horas vazias, as esperanças nascidas em cada amanhecer e que morrem ao final de cada dia, e de novo nascem, que estão aqui retratadas nos meus posts.
Destaquei alguns parágrafos do livro, e passo a citar:

"Há dias em que me sinto cansada, vazia, esgotada, sem nada para dar."
"Quando estou aqui sentada, a escrever por ti e para ti, porque é para ti que escrevo este diário, sinto-me feliz e não me sinto só. Sei que a minha crença inabalável, a minha energia amorosa e o meu desejo eterno por ti irão alcançar-te e tocar-te de alguma forma."
" Sei que há uma força estranha que me faz correr para ti, embora nunca, em nenhuma cricunstância, corra atrás de ti, porque não posso, não me é permitido interferir no teu destino e mudar o curso da tua vida."
"O amor é isto, dar espaço e tempo a quem se ama, saber esperar, saber estar quieto, saber abrir os braços sem pedir nada em troca..."
"Nada guarda memória mais certa e fiel do que a minha da tua pele, por isso vais ficando, no cheiro, no eco da voz, no sabor da boca, no toque dos dedos, no olhar calado e fixo, atento e preso, muito mais eloquente que mil poemas de amor."
"Tu sabes o efeito que a tua voz provoca em mim..."
"Cometi um erro fatal, o de não exigir nada. O amor também se mede pela quantidade de acontecimentos que desejamos partilhar com aqueles que amamos e eu deixei-te entrar na minha vida sem moeda de troca. Nunca me deixaste entrar na tua, nunca dormi na tua cama..."
"A imaginação é o mais forte dos sentidos. Quando me deito, é nela que encontro toda a paz que me embala e me faz dormir com a tua imagem, o teu cheiro e a tua pele sobre a minha durante toda a noite."

Poderia transcrever aqui o livro inteiro, porque em cada página, há algo que me lembra e que já vivi.
Também aquela mulher por vezes deixava o olhar perdido no Tejo, passava pelo Sado e caminhava para terras de África.
Também para ela, o homem da sua vida, construiu «muros» intransponíveis.
Também ela, nos poucos momentos em que lhe era possível disfrutar da sua companhia, o abraçava quando ele estava de costas e se escostava a ele para sentir o seu calor.
Também ela, lhe mandava sms e e-mails e ansiava pela sua resposta que por vezes nunca chegavam.
Também ela, chorou de saudades que por vezes eram insurportáveis e sufocavam.
Também para ela o amor não conhece limites, e se dá todo, ou não existe na verdade.
Também ela não sabia desistir daquele amor, nem queria aprender.
Achava que ainda era cedo para desistir!
Para mim... já é tarde demais para desistir!