07/04/06

Há espaços que deixam de ter espaço. É como se chegassem ao fim. E não nos apercebemos de imediato que esse fim chegou, porque não foi desenhado. Nem desejado! Não se colocam pontos, como que a dizer que vai terminar "aqui".
E, num impulso, vamos desenhando histórias, nesse espaço, que achamos inesgotável. Nascem memórias, desenham-se sentires únicos e absolutos. As memórias e o sentir vão ficando ali e ocupando o espaço.
O que em tempos era apenas olhar, foi-se transformando em sentir, é já presença. Vamo-nos perdendo no passar do tempo, naquele sentir gostoso, na paixão rubra - como se fosse cor já esquecida - em intermináveis esperas presas no tempo. E inventam-se histórias.
Há palavras que conhecemos, mas que mudaram de sentido. Que têm mais sentido! Que nunca se escreveram como agora, com ilusão, com paixão, e sensibilidade. Passamos a sentir essas palavras, a dar-lhe cor, e ficamos cegos com o colorido da «tela» que vamos desenhando ao longo do tempo com toda a emoção.
E o espaço vai ficando sem espaço!
E vou vivendo, e vou olhando para ti com olhares multicolores. As cores da tela onde nos desenhei.
Eu, sou sempre a mesma. Sou palavra sem sentido, cor que não é, palavra perdida em tela sem cores, esquecida e sem sentir. É o que tenho. É o que sou. Não posso inventar-me, refazer-me, nascer de novo, para ti.
As memórias ficaram...
Preencheram o espaço, onde já não há espaço!

Onde já não cabe, nem um ponto final!!!