16/02/07

Foto: Paulo Silva

Numa daquelas espreitadelas diárias pelos blogs, leio que alguns estudiosos chegaram à conclusão de que o tempo máximo de uma paixão é de um ano. Ao fim desse tempo começa a esmorecer, é matemático!
Fiquei a pensar no assunto. Mas que raio tem a matemática a ver com os sentimentos?
Claro que a paixão normalmente está ligada ao lado físico, e se não tiver algo mais profundo a sustentá-la, está realmente condenada. Dá forte mas passa depressa! Mas essa paixão associada ao amor verdadeiro pode durar uma vida, porque se a paixão física se esgota fica o amor pela pessoa e esse é que é realmente válido. Esse pode não passar, pode durar muito tempo!
Quando se ama de verdade, amamos a pessoa no seu todo. Amamos o corpo, amamos a sua voz, os seus gestos, o seu sorriso, até os seus defeitos, amamos aquele ser completo. Completamente!
Ao longo da vida vamos tendo mais a percepção do amor verdadeiro. Em determinadas idades amamos muito - pensamos nós - mas ao menor "contratempo", esse amor que pensávamos ser especial... acaba!! E logo sentimos e encontramos outro, e outro, e mais outro!
Mas a idade vai avançando, e um dia deparamos com um sentimento sem tamanho, consistente, verdadeiro, sereno, consciente, que nos faz bem, até quando não é correspondido. E sentimos que esse sentimento veio para ficar, aprendemos a viver com ele, a senti-lo tão grande e tão vivo cá dentro mesmo sabendo que não o poderemos dar. Só nos é permitido sentir!
O tempo avança, esse sentimento existe, está ali tranquilo, volta e meia agiganta-se cá dentro parece que nos sufoca, aprendemos a viver com algo que nos falta sempre, um vazio preenchido por ausência, por saudades, e que simplesmente não conseguimos substituir por outro. Nada o pode substituir, porque não depende da nossa vontade.
O verdadeiro amor, pode sim existir mesmo sem receber nada de volta. Mesmo que a pessoa por quem o temos, jamais tenha sentido paixão, ou amor, absolutamente nada por nós!
Esse sentimentos só não pode ser humilhante para nós, não pode ser um vicío, não pudemos viver dependentes dele, não nos pode limitar a vida, não nos pode tirar a capacidade de dizermos "não quero", não pode tirar-nos a vontade de sorrir, não nos pode «cegar» ao ponto de deixamos de ver quem nos rodeia, assim passa a ser algo doentio, que não nos faz bem. E nessa altura sim, tem que ser esquecido, destruido.
E acreditem que não há matemática que nos valha....!!
Só nós próprios e a capacidade de aceitarmos e sabermos viver com esse amor!
E também de desistir!!!