14/02/07

Tenho óptima memória para fixar números. Associar um nome a um rosto, nomes de ruas, e coisas do género.... é complicado!!! No entanto fixo facilmente datas, números de telefone, matriculas e tudo o que tenha números.
Dou muita importância a datas que são para recordar.
Durante os anos em que fui casada fiz sempre questão de lembrar e festejar determinadas datas e naturalmente aquele dia. Nos seis primeiros anos, preparava um jantar especial e comprava sempre um presente. Ano após ano, quando nos sentávamos à mesa eu ouvia a mesma conversa: "desculpa, esqueci-me que dia era hoje"! No sexto ano consecutivo, quando uma vez mais me iam pedir desculpa pelo esquecimento, tranquilamente respondi: "não vai haver mais desculpas, porque nunca mais festejamos ou sequer falamos neste dia". Assim foi, aquele passou a ser um dia igual a tantos outros. Nada havia para lembrar ou festejar. Até o dia do meu aniversário chegou a ser esquecido!
Não me recordo de alguma vez receber um presente no dia dos namorados! Nunca!
Inconscientemente ou não, vamos ficando indiferentes ao que era tão importante para nós. Para mim! Aquelas datas que os outros não lembram e que nós não esquecemos! Sentia-me magoada, não porque não recebia um presente, mas sim porque aquele dia tão importante para mim nunca era lembrado. E com o passar dos anos, aprendi talvez para "defesa própria" a ser indiferente!
Mas há um dia em que nos "agarrarmos" a qualquer coisa para salvar o que sabemos não tem salvação possível, e assim, no décimo quinto aniversário do meu casamento recebi um anel, lindíssimo e demasiado caro! Olhei para aquela jóia e nada senti! Nem um sorriso esbocei. O único valor que tinha para mim, era porque tinha sido escolhido pela minha filha. Levantei os olhos e disse:
- Obrigada é lindo, mas já vem demasiado tarde...
Daqui por alguns anos aquele anel será da minha filha, o anel que ela escolheu para o pai oferecer à "Bi", e que afinal foi um presente que chegou fora de tempo!