Já aqui disse que estou a ler um livro, que para além de ser muito interessante, e de estar muito bem escrito - considero um livro bem escrito quando o lemos com facilidade, sem cansar, sem nos apetecer deixar para amanhã, independentemente da história que nos conta. Verdadeira ou não!
Neste caso, não é romance, nem história imaginada, é mesmo realidade e o que se passou em Portugal. E que, infelizmente, se continua a passar!
O livro de que estou a falar, já foi editado nos finais do ano passado, mas só agora tive oportunidade de ler. "Barings - a História do Banco Britânico que Salvou Portugal" da autoria de Fernando Sobral e Paula Alexandra Cordeiro. Não sei se este momento em que o nosso País enfrenta uma grande crise económico-social, de dimensões mesmo muito preocupantes para todos, é o melhor para se ler este livro. Se calhar é. Ainda não o terminei, mas já deu para perceber que, se achamos que esta situação do nosso País é recente, estamos pois redondamente enganados. Já vem de há, pelo menos, dois séculos! Isso mesmo, dois séculos! É mesmo muito tempo! É um problema ancestral, digo eu. Enquanto foi possível contar com o ouro do Brasil e o nosso vinho do Porto, lá iamos resolvendo o problema. Aliás o famoso vinho do Porto nem sequer é uma invensão nossa, certo? Lá iam servindo - o ouro e o vinho -como garantias e moeda de troca, para a nossa - sempre - "mão estendida". Até a linda Ilha de Moçambique esteve em cima da mesa para ser negociada. Pois! E o Barings, que foi criado em 1762 por uma familia inglesa, lá nos ia salvando da bancarrota.
Mantivemos sempre a nossa posição do "orgolhosamente sós", de costas voltadas para a Europa que ia evoluindo e Portugal mantinha-se na cauda do velho continente, o que predura até hoje. Porque é mais fácil pedir do que aprender? Com as invasões napoleónicas e o Brasil ter "fechado a torneira" a coisa por cá complicou-se. E de que maneira.
O tempo «menos mau», quer se queira e goste ou não, foi nas décadas de Salazar!
É um tema do passado, muito actual e oportuno sem dúvida, porque continuamos a vivê-lo no presente e pelo que se adivinha, no futuro, que nos vai ajudar a ter plena consciência das nossas fragilidades estruturais, no que diz respeito a gestão financeira de um País.
Nada se aprendeu até agora, e continuamos a não ter a esperança de aparecer alguém capaz de «deitar a mão» e fazer algo de bom por este País.
Será uma questão de mentalidade, de formação, de incapacidade nossa?
Quero acreditar que não!
Deixem-me acabar o livro para ver se chego a alguma conclusão, ou se encontro uma resposta a estas perguntas todas.