04/04/07

Já passava das oito da noite quando ontem saí daqui. E sentia-me "arrasada". Não fisicamente! A pontos de alguém comentar comigo, aqui no serviço, que eu estava com um olhar triste.
Disse que era apenas cansaço! Mas não era verdade!
Meti-me no carro e fui ao supermercado no Corte Inglés. Precisava de fazer umas compras e optei por dar uma volta por lá.
Cheguei a casa tarde e não me lembro de fazer uma boa parte do caminho! De repente apercebi-me que estava quase a chegar, só isso!
Arrumei as compras, entrei na sala, acendi umas velas - gosto do ambiente que dão - um cigarro, e atirei-me para o meu cadeirão. Nem televisão, nem música! Absolutamente nada.
Apetecia-me o silêncio. Só isso! Silêncio!
Perdi a noção do tempo, do espaço, da existência, do meu "eu"!
Por vezes, tenho necessidade de silêncio, de solidão, o que é difícil de se conseguir. E quando penso em silêncio, de imediato a imagem que me chega é de uma igreja, um museu, e também se encontra algum na Serra da Arrábida, para além da sua beleza natural.
Mas ontem, consegui ter silêncio. E encontrei o silêncio da saudade, o silêncio da ausência, o silêncio de memórias, o silêncio de sonhos, o silêncio de emoções, o silêncio do desejo, dos sentimentos, o silêncio dos meus medos, o silêncio da falta, o silêncio da eternidade, o silêncio das minhas dúvidas e das minhas certezas, silêncio das minhas lágrimas que não fui capaz de conter.
Ontem, tive um encontro com o silêncio. E contigo. Com a tua imagem. Comigo. Afinal, connosco!
Lembrei-me de uma frase que ouvi por aí - não sei onde - que diz:
"Quando uma mulher tem algo para dizer e não fala... o seu silêncio pode tornar-se ensurdecedor"!
Ontem, também o meu silêncio foi ensurdecedor, por tudo o que encontrei, lembrei, senti e nele vivi! Não sei se durou um segundo, um minuto apenas, ou uma hora, uma eternidade!
Sei apenas que quando o meu silêncio terminou senti, mais que nunca que fazes-me falta!
O que restou de nós foi um imenso e ensurdecedor silêncio....