12/04/07

Os meus recortes....

DEFEITO E FEITIO
O ministro britânico, Jack Straw, afirmou que pede às eleitoras muçulmanas do seu círculo eleitoral para, nas reuniões que com elas mantém, retirarem o véu que algumas usam, visto sentir-se "desconfortável" ao falar com alguém cuja cara não consegue ver. Compreendo Straw. Também eu tenho uma grande dificuldade em falar com o sexo oposto, estejam elas cobertas por um véu, ou tragam consigo pouco mais do que aquilo com que vieram ao mundo. Enquanto os meus contemporâneos sabem sempre o que dizer nas alturas certas, eu até a um "bom dia" vindo de uma jovem esbelta tenho dificuldade em saber o que devo responder.
Também isto não me tem ajudado no meu relacionamento com essa parte da sociedade que se distingue pelas sua apelativas curvas. Claro que poderia compensar esta minha incapacidade, caso estivesse disponível para as "ouvir" e "compreender". Segundo relatos (a minha única fonte de informação nestas matérias), é apenas isso que elas, hoje em dia, "procuram". Alguém que faça delas o centro do seu universo. Alguém que lhes dê "atenção". Talvez seja defeito, mas por feitio, a única atenção que estou disposto a dar é a que dou à televisão (tal como em relação às raparigas, prefiro as estrangeiras). Vivo, por isso, num mundo hostil para uma pessoa como eu. Toda a humanidade valoriza a generosidade. As relações pessoais baseiam-se na generosidade partilhada. Os pais dão brinquedos aos filhos, os maridos dão jóias às mulheres, as mulheres dão problemas aos maridos, e os líderes do G8 dão, a ditadores africanos, o dinheiro dos contribuintes (o Dr. Prado Coelho acabou de puxar da pistola). Eu limito-me a dar a mim próprio horas e horas de Sopranos e bom cinema. Afinal, de que outra forma poderia passar umas boas horas com esse raiozinho de sol que é Kirsten Dunst?
O leitor dirá que é um erro da minha parte. Que estou a desperdiçar a minha juventude (que, diga-se de passagem, merece ser desperdiçada. Se estes são os melhores anos da nossa vida, nem quero imaginar como serão os restantes). Dirá que a televisão não é capaz de fazer um homem verdadeiramente feliz. Talvez não seja, mas por outro lado, nunca gozou com a minha aparência. Só por isso, já me fez mais feliz que muita rapariguinha que por aí anda.

- Bruno Alves / Revista Atlântico -